Estrangeiros voltam ao mercado

Edição 159

Animados com os resultados de 2004, alguns bancos estrangeiros estão voltando a operar no Brasil

Enquanto os principais bancos de investimentos estrangeiros, após o longo e tenebroso inverno de 2001, 2002 e 2003, anunciam a volta ao Brasil movidos pelo senso de oportunidade, Flavio Valadão, superintendente executivo do ABN Amro Real afirma que uma das características do banco é evitar o chamado efeito sanfona. “Embora a atividade de fusões e aquisições seja cíclica e volátil, somos o que somos sempre. Evitamos tanto o ufanismo como o pessimismo”, diz.
Valadão explica que, de modo a assessorar a clientela do banco em fusões e aquisições, é preciso acompanhá-la em sua trajetória ao longo do tempo, não importando se o ciclo está em baixa ou em alta. Para isso, mantém uma equipe de 15 pessoas atuando de forma contínua nessa área.
Já o BNP Paribas pretende investir em recursos humanos, a partir da contratação de novos profissionais, com o objetivo de voltar a freqüentar os dez primeiros lugares entre os advisors mais atuantes em fusões e aquisições listados pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), como fez em 2003. No ano passado, o BNP esteve em 16º em número de operações e em 22º em volume transacionado, de acordo com este ranking.
“Vamos dimensionar, de acordo com o andar da carruagem, a necessidade de recrutamento de funcionários ao longo desse ano”, afirma François Legleye, diretor vice-presidente do banco.
Legleye espera alcançar a meta a que se propôs impulsionado por grandes operações que o banco “está cozinhando” no momento – algumas delas de companhias brasileiras adquirindo empresas no exterior. O executivo enxerga maiores oportunidades de negócios no setor de telecomunicações – no qual, segundo ele, o BNP mantém uma equipe muito ativa na Europa –, além de tecnologia da informação e mídia. Sem desprezar setores que tradicionalmente respondem por grandes números de fusões e aquisições no mundo, como o de alimentos e o de bens de consumo duráveis. O executivo também vê oportunidades no movimento de consolidação do setor petroquímico, de seguros e financeiro ligado ao crédito direto ao consumidor.
Valadão, do ABN, enxerga uma tendência mundial de consolidação de atividades na área de commodities. “Os players de petróleo e minério de ferro, por exemplo, sabem que quanto menos gente houver para travar os preços internacionais, melhor”.
Se as oportunidades de negócios não faltam, o que também sobram são os competidores. Conforme já ventilado, o Goldman Sachs irá associar-se ao Pactual e com isso reforçar ainda mais seu time composto por 20 pessoas dedicadas a fusões e aquisições. O banco trabalha com a estimativa de crescimento de até 25% no número de transações no mercado este ano.
Segundo Winston Fritsch, sócio-sênior da Rio Bravo Investimentos, o Goldman Sachs foi o banco de investimento estrangeiro que menos encolheu sua participação no Brasil durante os últimos anos de vacas magras, e por isso conseguiu ganhar terreno mais rapidamente que os concorrentes.