Brasileiro, mas com o pé lá fora

Edição 159

Para Fritsch, mercado estranharia associação dos grandes bancos nacionais com os estrangeiros

Ter pleno acesso ao mercado internacional ou desenvolver uma base de relacionamento local? Diante das opções, a Rio Bravo Investimentos resolveu ficar com as duas. “Como a economia brasileira é aberta e muito penetrada pelo capital estrangeiro, as operações transnacionais são extremamente importantes. Por outro lado, a ação de compra, venda ou associação acontece aqui, então a presença local é igualmente decisiva”, diz Winston Fritsch, sócio-sênior da instituição. Ex-secretário de Política Econômica no governo Fernando Henrique, Fritsch é o responsável pela área de investment banking na Rio Bravo, que engloba fusões, aquisições e reestruturação de empresas.
Foi com o objetivo de atender simultaneamente as praças local e internacional que a Rio Bravo firmou parceria com o banco de investimento Dresdner Kleiwort Wassert. Segundo o ranking da Anbid de 2004, a instituição ficou em décimo lugar em número de operações e em 14º em volume. No ranking da Thomson Financial, que usa outra metodologia, aparece em 16º em volume, e em terceiro lugar entre os bancos brasileiros, somente atrás do Unibanco e do Itaú.
Questionado se esses bancos brasileiros não poderiam usar a mesma estratégia e se associar a uma instituição estrangeira, Fritsch responde que não. “O mercado leria esse tipo de associação de maneira complicada. Surgiriam perguntas do tipo ‘Será que vão vender?’ ‘Estão mexendo no foco de atuação?’ ‘Estão tentando mudar a imagem?’ Não soaria bem”, argumenta.
O executivo explica que montou toda sua estratégia de atuação em cima da premissa de que a economia brasileira irá funcionar dentro um cenário de estabilidade, cada vez mais imune aos eventuais solavancos externos. “Por isso estamos focando tanto em operações de longo prazo, de crédito privado e de mercado de capitais”, diz.
Até pouco tempo atrás, recorda-se Fritsch, os bancos de investimentos no Brasil, como o Garantia, diante do cenário de instabilidade econômica, ganhavam apenas em cima da volatilidade e resumiam suas atividades em operações de compra e venda de ativos de curto prazo. “O Pactual é o último representante dessa raça em extinção no Brasil”, diz.
Com isso, não foi desenvolvido até então material humano experiente em estruturar operações de longo prazo. “Somente agora os bancos de investimento estão podendo contar com recursos humanos para trabalhar em operações mais complexas”. Segundo o executivo, pode ser qualificada como sênior cerca de metade dos 15 profissionais da Rio Bravo atuantes em fusões e aquisições no Brasil e na Argentina.