Edição 218
Novidades que têm ocupado as prateleiras do mercado geram pontos de interrogação a partir de análises mais detalhadas
Um novo produto tem enchido as prateleiras do mercado de fundos de investimentos, os popularmente denominados fundos IMA – fundos de investimentos que buscam superar os indicadores IMA e IRF-M da Anbima. Esses produtos são vendidos como sendo a revolução do mercado de fundos de investimentos, trazendo ao investidor uma segurança quanto aos ativos que compõem o fundo e quanto à rentabilidade que o fundo poderá gerar.
Entretanto, alguns pontos de interrogação pairam nas análises mais detalhadas. Afinal, trata-se de fundos compostos apenas por títulos públicos e, em alguns casos, títulos em “extinção” como as NTN-C (títulos indexados ao IGP-M que compõe o IMA-C) e com volatilidade acima do CDI. Esses fundos, em sua maioria, são o espelho dos índices IMA, ou seja, contém os mesmo títulos que estão no índice impossibilitando que o investidor encontre e pague pela expertise do gestor.
No caso de um investidor que possua plano de beneficio definido e que tenha feito o ALM (Asset Liability Management), o fundo IMA poderá entrar na estrutura de macro-alocações para cumprir o compromisso de pagamentos com os participantes, mesmo assim, pela particularidade dos títulos marcados a mercado, isso levará a uma volatilidade similar a uma carteira própria composta por títulos públicos indexados a inflação e acima do CDI. O questionamento é que, nesse caso, um fundo IMA-B não será diferente dos fundos de ALM também ofertado no mercado de fundos de investimentos?
O estudo de ALM procura encontrar as melhores macro-alocações para o patrimônio dos investidores, e pela correlação entre o passivo e o ativo é de pressupor que ocorram alocações em papéis que tenham a mesma correção da meta atuarial, ou seja, as NTN-B e NTN-C. Neste ponto há um espaço para os fundos IMA, pois eles corresponderam a parcela de alocação em ativos com o mesmo índice da meta-atuarial.
Uma questão que deve ser levantada nesse momento é, se os fundos IMA são basicamente a replicação da composição dos próprios índices, em que está a expertise do gestor em encontrar as melhores oportunidades de investimentos e nesse caso ser bem pago por isso. Os investidores estão pagando caro por uma gestão totalmente passiva.
Um risco inerente a estes fundos é o apetite do governo por emissão de dívidas atrelada aos índices de preço IPCA e IGP-M. Algumas Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) estão alterando os índices de preço das metas atuariais de IGP-M para IPCA/INPC pela ausência de títulos públicos indexados ao IGP. Neste sentido há um risco de ausência de títulos para diversificação das carteiras IMA e uma provável ausência de títulos atrelados a esses índices.
Outro risco escondido nesses fundos são as divergências técnicas quanto à composição dos índices. Há uma discussão entre os gestores sobre o modelo utilizado hoje pela Anbima na composição desses índices e a suas falhas técnicas, podendo impactar no histórico tanto do índice quanto dos fundos.
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) reflete o custo de oportunidade, através das negociações diárias das taxas, sendo assim, uma referência direta do mercado e do cenário macroeconômico, podendo receber um alfa, mantendo a baixa volatilidade, permitindo mensurar a eficiência absoluta do retorno.
Nesse ambiente de mudanças de patamar da taxa de juros, é necessário encontrar as melhores ferramentas de alocação do patrimônio das EFPC’s, neste caso vale realizar um estudo de risco VS retorno como proposto pela fronteira eficiente de Markovitz, no qual haverá uma proposição de risco suficiente para o retorno desejado.
Assim, poderemos utilizar as oportunidades de investimentos oferecidas pelo mercado, diversificando as carteiras de investimentos com produtos pouco correlacionados entre si, haja vista a redução dos prêmios dos títulos públicos frente aos produtos estruturados como o fundo imobiliário.
Viviane Werneck é Gerente de Clientes Institucionais da LUZ Engenharia Financdeira