Edição 159
Prática virou sinônimo de sobrevivência no mercado; conhecimento não constitui mais um diferencial e sim algo que, hoje, é cobrado e testado
Ocontrole de processos e riscos está cada vez mais na moda, ou melhor, na legislação e no dia-a-dia de todos os participantes do mercado brasileiro. Uma moda que já virou sinônimo de sobrevivência tanto de produtos como das próprias instituições. Temos visto uma crescente preocupação dos órgãos reguladores e dos vários participantes do mercado em analisar, identificar e revisar controles internos e riscos, bem como em comprovar aos seus participantes, acionistas ou cotistas que tudo está sob controle.
Hoje, é impossível não se pensar em governança corporativa, em Sarbanes-Oxley e em toda evolução legal que vem ocorrendo nos segmentos controlados pela Previc, Susep, CVM e Bacen com o objetivo de se trazer uma maior segurança ao mercado brasileiro e colocá-lo em linha com as melhores práticas. Isto sem mencionar as iniciativas da Anbid e da Andima, que têm colaborado com os códigos de auto-regulação.
Vivemos em um ambiente normativo e estrutural totalmente diferente daquele que tínhamos há alguns anos, onde a prestação de serviços era mais voltada para as suas próprias necessidades, em um ambiente focado nas fronteiras de nosso País. Hoje o cenário é outro. Seja por questão de sobrevivência ou estratégia, existe uma forte cultura de terceirização de atividades e processos, gerada pela necessidade de se processar rapidamente informações.
Os conceitos de transparência, controle e delegação clara de responsabilidades com conseqüentes sanções, em caso do não cumprimento das normas, vêm transformando o mercado e trazendo muitos cabelos brancos a dirigentes, conselheiros, auditores e prestadores de serviços. Hoje é crescente o número de questionamentos e estudos antes de se assinar quaisquer documentos ou tomar decisões. Não dá mais para só fazer ou executar! Esta mudança de percepção tem levado o mercado a adotar outro tipo de análise e precificação quando o assunto é prestação de serviços.
A análise está cada vez mais voltada para os valores agregados, diferenciais, parcerias e na busca de implementação de processos que permitam uma rápida análise e identificação do que deve ser feito para corrigir ações ou tomar decisões que possam levar a prejuízos financeiros, de imagem ou quaisquer outros, que afetem ou acabem com o produto, ou com a poupança acumulada de uma vida – esteja esta poupança aplicada em ações, em fundos de investimento ou em fundos de pensão. Este cenário também faz com que o prestador de serviço para terceiros também tenha que mudar o seu lema. Não dá para somente prestar serviço, tem que agregar valor. Tem que se investir em sistemas.
Hoje o mundo inteiro gira em outra velocidade, a maioria das decisões e as correções devem ser tomadas e implementadas rapidamente. Não existe mais tempo de elaborar para depois analisar. Os dados, relatórios e informações devem chegar às mãos dos tomadores de decisão já prontos para serem analisados.
Outro ponto importante é a maturidade e o conhecimento profissional que vêm sendo exigidos de todos os participantes do mercado, inclusive dos prestadores de serviços. Conhecimento não constitui mais um diferencial, é algo que hoje é cobrado e testado. Conhecimento hoje, pela complexidade dos processos e evolução dos controles, é pré-requisito para se desempenhar quaisquer atividades com a segurança, e assegurar que estas estejam dentro dos padrões de qualidade desejados e com os seus riscos sob controle.
Vemos o mercado respirando essas necessidades, em função da Sarbanes-Oxley, as empresas e instituições estão cada vez mais identificando as atividades que, em sendo terceirizadas, podem agregar valor e reduzir focos específicos de risco. No que se refere aos fundos de pensão, a Resolução CGPC 13 é o mais recente exemplo. Sem dúvida alguma traz mais segurança, e é possível observar uma grande mobilização do setor, no âmbito de suas estruturas internas e dos seus prestadores de serviço, no sentido de se achar a melhor formatação para atendê-la.
É também uma segurança para empresas patrocinadoras de fundos de pensão, já que elas têm que considerar eventuais riscos em seus balanços. Em razão desses cenários, nota-se um aumento na procura pela contratação de atividades que agre-guem pontos de controle, como: enqua-dramentos legais e das políticas de inves-timento, centralização de critérios de precificação, controles de preços de negociação, ferramentas de controle de riscos, digitalização de documentos, moni-toramento de fatos relevantes e outros. Tudo para permitir maior agilidade na tomada de decisões e na fundamentação de respostas aos questionamentos.
Também tem sido mais valorizado a concentração dessas atividades em um só prestador de serviço, já que a padronização de informações e a velocidade na elaboração e análise são fundamentais nesse cenário complexo, mas sem dúvida alguma de maior controle e menos risco.
Luciano Magalhães é superintendente de serviços para empresas e fundações do banco Itaú