Edição 55
Modelo dinâmico de solvência
A técnica do Modelo Dinâmico de Solvência evoluiu a partir dos trabalhos apresentados por Markowitz H.M., Sharpe W.F., Wilkie A.D. e Daykin C.D..
Passou a ser adotada, em caráter obrigatório, a partir de 1973 no Reino Unido e de 1992 no Canadá.
Nos Estados Unidos da América é opcional, como em diversos países europeus. No Brasil a Eletros – Fundação Eletrobrás de Seguridade Social, implantou com sucesso essa metodologia para avaliar os seus investimentos e compatibilizá-los com o passivo atuarial, em fins de 1996, na forma apresentada pelo Dr. Cristopher D. Daykin, chefe do Departamento de Atuária do Reino Unido, e adaptado às nossas condições por Luiz Guilherme Nobre Pinto e Sergio Mendes de Azevedo Tinoco.
Em oposição à avaliação estática, os modelos dinâmicos de avaliação atuarial da solvência se baseiam em projeção de fluxo de caixa futuro, e não só proporcionam maior realismo das hipóteses atuariais envolvidas como consideram de forma explícita os riscos financeiros associados aos investimentos dos ativos da entidade. Seu objetivo é possibilitar o estabelecimento de políticas de longo prazo.
O controle da solvência, permite previsões prudentes, avaliação dos riscos do ativo, otimiza a relação risco/retorno e indica pontos de intervenção. Propicia melhor sintonia entre ativos e passivos, aumentando a duration do segmento de renda fixa do portfólio (prazo de pagamento do principal do investimento) e, consequentemente, reduzindo o risco do déficit técnico, favorecendo a um maior retorno esperado.
Das simulações estocásticas destinadas a modelar a infinidade de possíveis resultados às alocações de ativos, traçamos a fronteira eficiente que definirá composições otimizadas. O cálculo da fronteira eficiente inicia-se definindo a proporção de cada ativo; da expectativa de retorno desses ativos e da covariância de retornos entre eles. Para cada portfólio, mensuramos a expectativa de retorno e a variância desse valor, minimizando-a.
A imunização da composição é obtida pela simulação dos fluxos de receitas e despesas projetados para um horizonte de longo prazo.
No caso específico da Eletros, essas simulações consideraram a projeção do passivo atuarial do fluxo futuro de contribuições e de pagamentos de benefícios em um horizonte em que haverá responsabilidades com pagamentos para geração atual, ou seja, abrangendo o período 1998/2049. A projeção dos ativos teve como ponto de partida a composição inicial dos investimentos e a rentabilidade e risco associados aos diversos tipos de aplicação bem como sua correlação.
Através da técnica de simulação de Monte Carlo, foram gerados 400 casos para cada um dos 3 cenários de política econômica considerados. Os testes de solvência, que comparam ano a ano, os compromissos da fundação com os ativos disponíveis, demonstraram a segurança de cobertura do plano de benefícios vigente.
A estratégia traçada para 1998, foi a de redução de riscos, com a transferência de uma parcela dos recursos alocados no mercado acionário para a renda fixa. Esta estratégia estava fundamentada na avaliação integrada do retorno de risco dos ativos e passivos da Fundação.
Objetivando chegar ao fim de 1998 com equilíbrio atuarial, adotando uma postura de cautela para enfrentar as incertezas conjunturais.
Tal movimento, de redirecionamento para a renda fixa se mostrou acertado frente à dinâmica da conjuntura econômica, que originou significativa desvalorização nas cotações das ações.
Sergio Mendes de Azevedo Tinoco Assessor Atuarial da Eletros – Fundação Eletrobrás de Seguridade Social