Edição 234
Luiz Felipe Andrade não é mais o diretor responsável pela unidade brasileira da BlackRock. A companhia não se pronuncia a respeito da saída do executivo, mas sua função já está sendo exercida por um trio composto por Bruno Stein, que lidera a área de distribuição e desenvolvimento de negócios da empresa no Brasil desde 2010; Karina Saade, que comanda a equipe de crédito Brasil na área de renda fixa fundamentalista e está na companhia desde 2007; e Ricardo Cavalheiro, que chefia a área de mercado de capitais no Brasil desde 2011. Os três diretores responderão a Armando Senra, managing director e chefe para a América Latina e Ibéria da BlackRock.
Egresso do Itaú Unibanco, onde trabalhou por mais de 13 anos, Luiz Felipe Andrade chegou ao escritório local da gestora em setembro de 2010 para ocupar justamente o posto de diretor responsável pela divisão da BlackRock no País. Segundo fontes próximas à companhia, ele teria deixado o cargo por conta da demora da matriz em dar sinal verde para o início da estruturação de fundos ativos no Brasil.
Em dezembro de 2010, Investidor Institucional publicou uma reportagem em que o executivo recém-chegado à BlackRock contava qual era a estratégia da gestora para o futuro próximo. Sua missão, segundo a matéria, era elaborar um plano de negócios para que a BlackRock expandisse sua atuação local – e a expectativa de Andrade era “encerrar 2011 com uma família de fundos rodando no mercado brasileiro”. “Nas conversas sobre a minha vinda para cá foi citado que eu teria o desafio operacional de implementar a gestão ativa local”, afirmou ele na época.
O fato é que a companhia com sede nos Estados Unidos entrou no mercado brasileiro pela porta dos ETFs (Exchange Traded Funds, ou fundos de índices) após a compra do Barclays Global Investors (BGI), o então gestor da família de ETFs iShares. A aquisição foi concluída em dezembro de 2009, quando a BlackRock anunciou que manteria a marca iShares para os fundos de índices que passariam a ficar sob os seus cuidados.
Nesses dois anos, a unidade local da gestora se empenhou em ocupar um espaço relevante no mercado brasileiro de fundos de índices, um segmento até então muito pouco explorado por aqui. Tanto é que, hoje, a família iShares conta com seis ETFs negociados na BM&FBovespa – Bova11, que replica o Ibovespa e tem PL da ordem de R$ 960 milhões; Brax11, atrelado ao IBrX-100 e com R$ 8,6 milhões; Mila11, que acompanha o Índice MidLarge Cap e tem PL de R$ 4,7 milhões; Smal11, ligado ao Índice Small Cap e com R$ 74,9 milhões de PL; Csmo11, relacionado ao Índice de Consumo e que tem R$ 7,3 milhões de PL; e Mobi11, que segue o Índice Imobiliário e cujo PL é próximo de R$ 9,2 milhões.
Em setembro do ano passado, a gestora lançou dois fundos de ações no mercado brasileiro. Mas, ao contrário do que se previa um ano antes, não se tratava de produtos com gestão ativa. Os fundos colocados à disposição dos institucionais no segundo semestre de 2011 foram o BlackRock Institucional Ibovespa FIA, que compra cotas do Bova11, e o BlackRock Institucional Small Caps FIA, que investe em cotas do Smal11. A diferença é que o mandato dos produtos inclui o aluguel das cotas para “gerar uma receita” aos fundos. Vale lembrar que, em outubro de 2010, a gestora lançou em parceria com o Citi um fundo que investe em cotas do Smal11. Chamado BlackRock Small Cap Fia, o fundo tem administração e distribuição do Citi.
Primeira fase – Segundo fontes ouvidas por Investidor Institucional, a BlackRock não desistiu de nenhuma linha de atuação no País, apesar de não ter previsão de quando passará a ter fundos ativos no mercado nacional. O trabalho da gestora no Brasil tem três fases: a primeira foi montar a área de fundos passivos; a segunda é trazer a plataforma global da BlackRock para o País; e a terceira é de fato oferecer fundos de gestão ativa.
Segundo uma fonte próxima à gestora, nada muda em relação à estratégia de negócios para o Brasil, “inclusive no mapeamento e investimento para busca de novas oportunidades”. Os três diretores que agora comandam a operação no País terão como tarefas continuar a expandir rapidamente as atividades locais da empresa – particularmente, mas não exclusivamente, o negócio de ETFs; aumentar a integração global; e ampliar o foco de atuação no Brasil, uma vez que para ser bem-sucedida por aqui a gestora precisa “entregar de forma local sua plataforma de negócios mundial, com ETFs, fundos mútuos e investimentos alternativos”.
Procurado, Luiz Felipe Andrade preferiu não comentar sua saída da companhia, pelo menos por enquanto.