Edição 209
O Conselho Deliberativo da Fundação Real Grandeza escolheu os novos nomes para sua diretoria. Depois de ser adiada, a reunião concedeu por unanimidade os cargos de diretor-presidente e diretor de investimentos a Aristides Leite França e Eduardo Henrique Garcia, respectivamente. A posse dos novos integrantes, em 16 de novembro, aparentemente poe um fim à atual crise entre os sindicatos e o comando da principal patrocinadora da fundação, Furnas. O embate que vem se desenrolando desde 2007, quando Luiz Paulo Conde ainda era presidente da companhia, envolve as supostas tentativas do PMDB, partido de Conde, de exercer maior influência nas decisões da FRG.
A polêmica surgiu quando o ex-prefeito do Rio de Janeiro tentou antecipar a saída dos dois atuais diretores Sérgio Wilson Fontes e Ricardo Carneiro Gurgel, exigindo seu retorno aos postos que ocupavam em Furnas.
Mudanças no estatuto da fundação, no entanto, estendiam o mandato de ambos até 2009, com chance de recondução. Mesmo depois da saída de Conde, com a chegada de Carlos Nadalutti Filho, a situação não melhorou.
Em carta aos funcionários no começo do ano, Nadalutti comunicou que a exoneração dos diretores seguia orientação do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), o que revoltou os sindicatos.
Eles refutaram a mudança e se organizaram no Fórum de Defesa da Real Grandeza, formado por 20 instituições para fazer oposição às trocas. Para os trabalhadores, Fontes e Gurgel são os responsáveis por ter tirado a fundação da crise causada pelas perda de R$153 milhões com a falência do Banco Santos e pelo envolvimento em CPIs – resultado comprovado pelo superávit que passou de R$ 2 milhões em 2005 para R$ 1,47 bilhão em junho de 2008. A expectativa era de que os dois diretores atuais fossem reconduzidos. Porém, segundo Geovah Machado, conselheiro que representa os trabalhadores. a recondução era inviável, pois eles “não conseguiam manter um diálogo com a patrocinadora”, o que dificultava a implementação de novas ações.
A escolha de Eduardo Henrique Garcia, filiado ao PMDB, para assumir os investimentos gerou comentários de que o partido teria conseguido o que queria. No entanto, Antoninho de Freitas Furtado, diretor financeiro do SINDEFURNAS afirmou que “a decisão foi feita através do consenso entre o Fórum e o Conselho” e que Garcia é “apartidário”. Com a decisão também foi aprovado um acordo de benefício aos trabalhadores que, entre outras coisas, reduz a contribuição de todos os participantes, por meio de um acordo de compensação de dívidas e patrocinadoras com a Real Grandeza.