Quem ganha com as novas normas

Edição 78

As novas normas que passam a regular os investimentos do sistema de fundos de pensão representam uma grande mudança, a qual está aos poucos sendo digerida pelos profissionais das áreas afetadas. Com certeza, ela reduz a liberdade de movimento das fundações mas também aumenta o grau de segurança dos seus investimentos, ao estabelecer parâmetros de risco mais estreitos para as ações dos gestores, tanto internos quanto externos. É sobre isso que falamos em nossa reportagem de capa, escrita por Alexandre Sammogini, que enfatiza o fato de que os grandes ganhadores dessa mudança parecem ser mesmo os fundos indiciais, que seguem um benchmark. Além da reportagem de capa, o consultor da Barra, Marco Antônio de Oliveira, também escreve um artigo sobre o tema, na página 25.
As novas regras de investimento ainda vão dar muitas análises, interpretações e debates. Um dos aspectos sobre o qual pouco se está falando é que a diferença de idade das fundações, umas jovens e em idade de formar patrimônio e outras já mais maduras e desembolsando em aposentadorias mais do que arrecadam em contribuições, não foi levada em conta na nova norma. À todas foi imposto o mesmo padrão de risco. Há alguma possibilidade de que isso venha a ser relativizado? Outro aspecto que pode tornar-se delicado no futuro é com relação aos planos de contribuição definida das fundações, no qual o patrimônio é individualizado e pertence ao participante. Ele, que vai ter que viver com o saldo daquela poupança na hora em que se aposentar, deveria ter o direito de escolher o tipo de risco que mais lhe apetece. Está também sujeito às restrições?
As discussões sobre esses e outros aspectos devem clarificar alguns entendimentos (ou desentendimentos). Prometemos voltar a eles nas nossas próximas edições. Também nessa edição falamos sobre a inusitada decisão do grupo Accor, com 21 mil funcionários, que na hora de criar um plano de previdência optou por um PGBL ao invés de um fundo de pensão fechado. É uma novidade, pois tradicionalmente os planos abertos eram adotados pelas empresas menores (a exceção era o Bradesco), enquanto as grandes adotavam os planos fechados.