Modelo do investimento estatal está esgotado

Edição 140

O debate sobre a necessidade de investimentos em projetos de infra-estrutura, que incluem obras nas áreas de energia, saneamento e estradas, entre outras, começa a ganhar um novo rumo com a introdução, pelo governo, da idéia dos PPPs. Através dessas denominadas Parcerias Público-Privadas, o governo pretende atrair para esse tipo de empreendimento recursos de longo prazo pertencentes a investidores privados, como é o caso dos fundos de pensão. Até o passado recente, investimentos nessas áreas eram feitos com recursos públicos, através de estatais.
Esse foi o modelo brasileiro de desenvolvimento, que ao longo de décadas permitiu ao País desenvolver sua infra-estrutura nos segmentos de energia elétrica, petróleo, saneamento e telecomunicações. Também permitiu incursões em segmentos como siderurgia, bancário, aviação, computação e até turismo, alguns bem sucedidos, outros nem tanto e vários outros ainda que foram um verdadeiro fiasco. Bem, mas era a época de recursos fartos, provenientes tanto de empréstimos externos baratos quanto de emissão farta de papel moeda, que sustentaram nossas taxas de investimento acima de 20% do PIB ao ano por muito tempo.
O preço, como se sabe, foram inflação galopante, dívida externa sufocante e a criação de muitas estatais ineficientes, muitas das quais acabaram entrando no programa de privatização do governo passado. Esse modelo está esgotado, e o governo Lula sabe disso. Ao propor desenvolver o País a partir das PPPs, o governo está apontando para um rumo novo, mostrando que os investimentos em infra-estrutura necessários para que o crescimento econômico do País seja sustentável não se farão às custas de emissão de moeda ou de endividamento. Até porque essa possibilidade praticamente não existe hoje!
Para vender esse novo modelo de desenvolvimento ao mercado foi escalado o ministro do planejamento, Guido Mantega, que tem ido a inúmeros fóruns e discursado para várias platéias explicando como funcionará o novo modelo e garantindo que o governo respeitará regras e contratos, mesmo na ausência dos marcos regulatórios que ainda não foram claramente definidos. O ministro, como embaixador desse novo modelo, compareceu aos debates do 24º Congresso da Abrapp e assegurou que os investimentos feitos no setor produtivo passarão, num prazo de 1 ano, a serem mais rentáveis que aqueles direcionados ao setor financeiro. Os fundos de pensão gostaram do discurso, alguns até já falam em colocar dinheiro nas PPPs.