Edição 119
As medidas do Banco Central antecipando a data da marcação a mercado dos títulos públicos, que provocaram uma grande confusão e perdas elevadas para muitos investidores, é mais uma pedra no caminho dos fundos de pensão rumo à meta atuarial deste ano (ver reportagem à página 20). Antes dessas medidas os fundos já vinham enfrentando fortes oscilações nas bolsas, com perdas para muitos, além do aumento nos custos administrativos ditado pelas novas exigências de controle da SPC e pelo pagamento do Imposto de Renda sobre os resultados das aplicações. As novas perdas da marcação a mercado –em que pese que parte considerável dos recursos de fundações está em fundos exclusivos e, portanto, protegidos das fortes variações de cotas–, vem agravar as dificuldades para bater a meta atuarial deste ano.
No ano passado, a rentabilidade média das fundações ficou abaixo da taxa Selic, conforme mostra estudo do consultor Dionísio Jorge da Silva, publicado à página 14. Esse estudo, que consolida os números dos fundos de pensão em 2001, indica que nem pela rentabilidade do Ofício 01 (declarada pelos fundos à SPC) nem pela Contábil (apurada pela SPC com base nos demonstrativos contábeis mensais das fundações) os fundos conseguiram aproximar-se da Selic. Para Dionísio, isso indica que muitos podem ter tido problemas para cumprir a meta, geralmente de IGP-M+6% ao ano. Neste ano, a não ser que ocorra uma fenomenal recuperação das bolsas, o que parece improvável de acontecer nesse quadro de eleições presidenciais, a coisa deve ser pior!
De qualquer forma, a marcação a mercado é uma medida saudável que aumenta a transparência dos investimentos, e precisava ser efetivada em uma data ou outra. A discussão sobre a oportunidade do BC em fazer isso em maio, e não em setembro como estava previsto, é outra coisa. Mas, com as novas regras, a competição entre os fundos de investimento fica mais leal, porque todos terão que seguir o mesmo figurino e impor às suas cotas as mesmas oscilações.
Ainda nesta edição, estamos republicando o indicador que mede quanto os fundos de pensão gastam com a administração de sua carteira de investimentos, publicado errado na nossa edição anterior, do Top Atuarial (página 16). O novo indicador é o correto e deve substituir o anterior no ranking.