Edição 136
O lançamento dos três fundos de instituidores feito no início de julho pelos ministros da Previdência, Ricardo Berzoini, da Secretaria de Comunicação do Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, e pelo secretário da Previdência Complementar, Adacir Reis, foi um dos eventos mais comemorados do sistema. Afinal, a projeção feita por Berzoini de que a previdência complementar poderá triplicar de tamanho num prazo de 10 anos com o ingresso de participantes oriundos desses novos fundos animou a todos. Não sem razão. Há vários anos que as notícias não têm sido muito boas para quem faz parte desse sistema.
Apenas um dos três novos fundos, o dos engenheiros de São Paulo, espera chegar a 5 mil participantes num horizonte de dois meses. É um número expressivo, equivalente ao dos participantes de algumas grandes fundações. Com a possibilidade que se abriu na última reunião do Conselho de Gestão da Previdência, de que os empregadores também possam aportar recursos ao fundo em nome do empregado, poucos duvidam que ele irá crescer.
Informações da própria SPC dão conta de que existe um número expressivo de pedidos de registro para esse tipo de fundo. Na entrevista que dá à Investidor Institucional, nesta edição (pág. 12), o diretor de relações internacionais da CUT, João Vaccari Neto, conta que a central está definindo o desenho de um fundo, que poderá ter vários planos para abrigar diversas categorias profissionais. A Força Sindical está fazendo o mesmo.
Nessa mesma entrevista, Vacari aponta que a central tem divergências com o governo no caso da Reforma da Previdência, mas isso não significa que se alinhe com a oposição. “Significa, apenas, que queremos aperfeiçoar a proposta do governo e não sabotá-la”, diz ele.
Outra reportagem desta edição, assinada pelo jornalista Alexandre Sammogini, mostra que os fundos de pensão estão buscando trocar seus índices de correção de benefícios a aposentados e de meta atuarial. O que eles querem é substituir os índices formados a partir dos preços do atacado por índices que levem em conta os preços do varejo.
A Previ, o maior fundo de pensão do país, teve coragem de dizer aos seus aposentados que não poderia continuar pagando os reajustes com base no IGP, um índice de preços do atacado. Outras fundações já estão fazendo, ou pretendem fazer, exatamente o mesmo. Ou seja, pretendem reunir os participantes inativos para explicar-lhes que não poderá manter os reajustes com base na inflação do atacado e que será necessário mudar o índice para um que seja mais confortável à fundação. Felizmente, os participantes estão suficientemente maduros para entender que a solução é a melhor para todos.