Crescimento pífio em 6 e 12 meses

Edição 279

Uma vez a cada semestre fazemos um levantamento minucioso junto às empresas de gestão de recursos para saber qual é e de onde provém os recursos sob sua gestão. Os valores consolidados à que chegamos para esta edição, com base na posição das assets em 31 de dezembro do ano passado, supera em apenas 1,22% o valor de seis meses antes e em 6,16% o de doze meses antes. Isso quer dizer que, em termos reais, o crescimento foi negativo em ambas as comparações. Uma parte se explica pela perda de valor das carteiras de investimento em ativos de maior risco, como ações e empresas de capital fechado, mas uma parte também foi consumida pelos resgates de fundos de investidores estrangeiros, como os fundos off-shore, que caíram 3,83% e 22,48% em seis e em doze meses, respectivamente. Os recursos alocados em fundos off-shore era de 93,74 bilhões ao final do ano passado, representando 3,04% do total sob gestão, que bateu em R$ 3,086 trilhões (ver Raio X do Mercado, à pág. 15).
Além da publicação do ranking, esta edição traz uma reportagem especial sobre a situação econômica do País, focando nas questões de produção, emprego e renda. Escrita pela jornalista Rejane Tamoto, a reportagem ouve vários economistas e analistas do mercado financeiro que se mostram bastante pessimistas em relação ao quadro econômico atual. Após uma queda de 3,8% do PIB em 2015 o produto interno ameaça fechar 2016 com queda ainda maior, por volta de 4%. E o pior, na opinião de vários deles, é que esse péssimo cenário econômico do bienio 2015 e 2016 pode, com a ajuda da crise política que paralisa o País, contaminar também 2017. Diferentemente da crise de 2008, da qual o Brasil saiu sem grandes arranhões graças à medidas anticíclicas tomadas então, respaldadas por preços de commodities em alta e a demanda da China ainda aquecida, dessa vez a coisa é bem diferente. Em 2008, foi “como se a economia brasileira tivesse mergulhado em uma piscina, logo retornando à superfície. Agora, não há as mesmas condições favoráveis do lado externo. O Brasil está mergulhado em areia movediça”, comparou Marcelo Carvalho, presidente do Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Anbima e economista-chefe para a América Latina do BNP Paribas.