Edição 112
A concentração do mercado de gestão de recursos, que muitos executivos já anunciavam há alguns anos, está finalmente tomando corpo no Brasil. Investidor Institucional, que orgulha-se de ser uma das primeiras publicações a tocar no tema, desde anos atrás, tem acompanhado com interesse esse assunto, cobrindo os negócios do setor. Parece que, realmente, a escala tornou-se o elemento-chave dessa indústria.
Aliada a essa questão estão outras duas, de igual importância para o setor, porque são causa e conseqüência da primeira. A causa pode ser encontrada nas taxas de remuneração dos serviços, que tem caído de forma seguida e linear ao longo dos anos. Há poucos anos, quem sugerisse que uma fundação poderia chamar conceituados gestores de recursos para anunciar, solenemente, que iria licitar a gestão de uma carteira mas com limites de taxas abaixo do 0,1% ao ano seria chamado de louco. Hoje, essa é a regra.
Pouca gente tem conseguido taxas maiores do que esses 0,1%, principalmente quando se trata de fundos de renda fixa DI. A tal ponto despencaram as taxas que os bônus dos executivos das assets, sempre um componente fundamental da sua remuneração, tem caído à metade do que atingiam há dois anos. Outras áreas financeiras, sabendo disso, estão começando a recrutar esses executivos para seus serviços (ver reportagem à página 24).
A consequência dessa concentração, e esse é nosso segundo ponto, é que ela pode estar abrindo espaço para pequenas assets especializadas em produtos de nicho, entre esses derivativos, ações de segunda linha, empresas de tecnologia etc. se instalarem. Isso não acontece no Brasil? Engano, o Brasil segue todas as trilhas dos mercados mais desenvolvidos, e seguirá também essa. Prometemos tratar desse tema nas nossas próximas edições.
Finalmente, gostaria de dizer algumas palavras a respeito da mesa-redonda que realizamos com lideranças da área de gestão de recursos e cujo resultado apresentamos em seis páginas nesta edição. Foi um debate riquíssimo, colocando pontos de vista diferentes, nem sempre coincidentes, mas sempre profundos e fundamentados, o que demonstra o grau de conhecimento que essas lideranças têm do sistema. De tal forma consideramos rico o debate que pretendemos, no futuro, continuar realizando esse tipo de evento, sempre que algum tema relevante apareça. E, pelo dinamismo do setor, parece que oportunidades não faltarão.