Edição 26
A crise da Ásia tem afetado o planeta todo em uma escala inusitada, mostrando que hoje os problemas financeiros e fiscais de um país já não se restringem a ele. Os reflexos da crise, para o Brasil, foram bastante perversos, carregando divisas do país e desvalorizando ativos de muitos investidores, entre os quais os fundos de pensão, que em dois meses perderam R$ 6,6 bilhões (ver página 8).
Mas, apesar desse efeito perverso, a crise asiática acabou dando uma ajudazinha ao governo no que diz respeito ao encaminhamento das reformas. Vendo o diabo de perto, os políticos entenderam que era função deles encaminhar as reformas estruturais que o Brasil precisa, sem as quais fica cada vez mais exposto aos acontecimentos como o da Ásia.
Não foram poucos os especuladores internacionais que apontaram o Brasil como “a bola da vêz”, apostando contra o Real e contra a capacidade do governo de resolver seus problemas estruturais. O pacote de medidas do governo, que significaram um ajuste de cerca de R$ 20 bilhões, foram uma resposta a eles e fizeram alguns pagar caro pela aposta.
As reformas passaram a andar a um novo ritmo após a crise: a administrativa passou na Câmara, seguindo agora para o Senado, e a previdenciária, após ter sido restaurada no Senado, volta à Câmara para ser votada. Ambas podem ser aprovada no início de 98. Pensando bem, obrigado Ásia.