Convergência difícil

Edição 189

Embora tanto a situação quanto a oposição falem em busca de uma chapa única para a eleição da Abrapp, na prática há cada vez menos possibilidades de que isso venha a acontecer

Início de março e ninguém sabe quem será ou deixará de ser candidato às eleições da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), nem tampouco se haverá chapa única ou se duas chapas disputarão a entidade. “A verdade é que, por mais que todos falem em chapa única, na verdade não se está conseguindo avançar um centímetro nessa direção”, diz um dirigente que tem participado ativamente das negociações entre os dois blocos. “Não acredito mais em acordo, acho que vamos acabar formando duas chapas e cada uma terá de ir em busca dos seus apoios”.
A data final para apresentação de chapas, que inicialmente era 22 de fevereiro, foi adiada nessa data para 24 de março. Isso porque, em 22 de fevereiro, quando o bloco da situação iria registrar sua chapa a oposição também apresentou seus nomes, encabeçado pelo atual presidente do Sindapp, Jarbas de Biagi. Da chapa da situação, que não chegou a ser registrada, não ficou claro quem a encabeçaria, se o presidente da Valia e do Conselho Deliberativo da Abrapp, Eustáquio Lott, ou se o presidente da Fundação Itaú, Reginaldo Camilo. Ambos reivindicavam a posição.
Na eminência do registro de duas chapas, que levaria a uma disputa na entidade, ambos os blocos concordaram em não apresentar nenhum nome naquele momento, adiando automaticamente a data de inscrição em um mês. Foi o que fizeram, na esperança de que mais um mês de negociações pudessem construir o consenso que não tinham encontrado até então. Ao contrário, haviam dinamitado o início de um acordo uma semana antes.
Foi quando um encontro reuniu em São Paulo, na sede da Metrus, cerca de 15 dirigentes do sistema, que definiram os principais nomes de uma chapa de consenso. Esse desenho tinha Lott na presidência e o diretor da Funcef, Sérgio Francisco da Silva, na vice-presidência, e foi apresentado ao primeiro pelo presidente da Petros, Wagner Pinheiro. Lott vetou o nome de Silva, dizendo que só aceitaria concorrer se tivesse liberdade para escolher seu vice. Isso irritou profundamente os dirigentes que apadrinhavam o nome de Silva, principalmente aqueles que tinha tomado parte mais ativa no movimento contra a terceira candidatura de Pimentel.
Foi assim, irritados, que eles receberam no 22 de fevereiro a notícia de que a situação estava registrando sua chapa. Mais, começaram a circular boatos de que por trás da chapa da situação, estaria de novo o próprio Fernando Pimentel, que em caso de vitória dessa chapa assumiria uma vaga no Conselho Administrativo da entidade. Mandaram avisar que não aceitavam isso e que também iriam inscrever uma chapa, de oposição, para disputar a entidade. Não chegaram a fazer isso, assim como a situação também não o fez, o que acabou adiando a data de inscrição de chapas para 24 de março.
Durante esse mês, cada lado fez bem mais para ampliar seus apoios do que para buscar uma aproximação. No final de fevereiro, uma reunião de membros da oposição em São Paulo resolveu que só aceitariam uma composição de tivessem a cabeça de chapa (presidência). Uma semana depois, no dia 5 de março, um outro encontro juntou representantes da situação e da oposição numa reunião na sede da Previ, no Rio de janeiro.
Foi quando a decisão da reunião de São Paulo começou a ser desconstruída. “Sabe como é, não dá para partir para uma negociação com uma posição fechada”, disse um dos participantes da reunião. “Se vamos negociar, temos que saber que tudo está sobre a mesa”.
A deliberação da reunião no Rio foi estender por mais uma semana as conversas, na tentativa de formar uma chapa única, sem posições a priori.
A data final para o encerramento das negociações, com ou sem acordo, seria o dia 11 de março, uma terça feira. “Se for para montar uma chapa nossa, temos nomes para isso”, avaliou o diretor da Petros, Newton Carneiro. “E vamos sair com os nossos melhores nomes, vamos lançar uma chapa para ganhar”.
Lott, através de sua assessoria de comunicação, disse que não se manifestaria até que houvesse uma decisão sobre as candidaturas, se seriam duas ou apenas uma. E, sendo duas, se seria o nome dele que conduziria a situação para a disputa ou o nome de Camilo. “O Lott disse que, assim que a decisão for tomada, vai se manifestar sobre o assunto”, prometeu o assessor de imprensa.