Edição 186
Ações da patrocinadora já renderam mais de R$ 700 milhões para o fundo
de pensão da CSN, somente este ano
A CBS Previdência – Caixa Beneficente dos Empregados da Companhia
Siderúrgica Nacional está diante de um desafio e tanto, já que não poderá
ficar adiando por muito mais tempo a venda das ações da patrocinadora
que mantém em carteira. Em junho, venceu o prazo que a fundação tinha
para se enquadrar ao limite máximo de 10% permitido nesses casos. Mas
a entidade pediu mais prazo, até o final de 2008, e encaminhou um novo
plano de enquadramento à Secretaria de Previdência Complementar
(SPC). Segundo o secretário-adjunto da SPC, Ricardo Pena, o plano foi
enviado ao Conselho Monetário Nacional (CMN), que é quem autoriza ou
não esses planos e tem as duas últimas reuniões deste ano marcadas
para 29/11 e 20/12. A CBS Previdência detinha, em setembro, 4,35% do
total das ações da CSN, conforme o balanço da companhia. Esses papéis
somavam em outubro cerca de 55% de suas aplicações totais de R$ 2,8
bilhões.
Além de ter que se desfazer de ações que só nos dez primeiros meses do
ano renderam nada menos que 98,2% ( mais de R$ 700 milhões), há a
preocupação disso ser feito de forma a não afetar o valor dos papéis da
CSN no mercado, segundo uma fonte da fundação. A CBS Previdência
sabe, ainda, que é praticamente impossível manter os mesmos níveis de
rentabilidade de seus investimentos com as mudanças em sua carteira de
investimentos. De janeiro a outubro, os investimentos totais da fundação
renderam 50,11%, mais do que o dobro da estimativa da Abrapp para o
setor em 2007, que é 21,04%. Após vender as ações da patrocinadora, a
CBS também precisará reduzir a participação nos investimentos de sua
carteira de ações, que está cerca de 20 pontos acima dos 35% para o
enquadramento nos limites da Resolução 3.456/2007.
Para garantir um nível de rentabilidade compatível com a meta atuarial e
diminuir o impacto da realocação de seus investimentos, a fundação
contratou estudo de Asset Liability Management (ALM), informou o
presidente da CBS Previdência, Francisco Padilha. Segundo estudo
preliminar, a carteira de renda variável do plano de contribuição definida
deve ter 35% do total dos investimentos e a dos dois planos de benefício
definido, 15%. Na renda fixa, são 52% e 75% respectivamente. Além das
ações da CSN que serão mantidas (10% do total investido em ações), o
restante da renda variável terá como benchmark o Ibovespa. Já em renda
fixa, além dos títulos do governo também passará a investir uma parte
em risco privado, como FIDCs e CRIs.
Meta atuarial – Outras mudanças também estão a caminho. Para 2008, o
Conselho Administrativo já aprovou a alteração da meta atuarial de 6%
para 5% (mais INPC). A mudança visa adequar os cálculos atuariais à
nova realidade macroeconômica, destacou Padilha. E vai se refletir em um
aumento médio de 10% nas reservas matemáticas dos planos de
benefício definido. Esse aumento para compensar a mudança da meta vai
vir do superávit, que já soma R$ 786 milhões no total (R$ 100 milhões do
plano de contribuição definida). “A adequação da meta dá mais segurança
para o plano porque é provável que a rentabilidade real continue acima de
5%, pelo menos por mais dois anos. Com isso, será possível até
recompor o superávit”, explicou o atuário Richard Maia.
Taxa de administração – A partir de janeiro, a CBS Previdência promoverá
também uma nova redução na taxa de administração do seu plano de
contribuição definida, que cairá de 6% para 4% sobre a parcela de
contribuição da patrocinadora. Nos últimos anos, a fundação vem
diminuindo gradativamente essa taxa, que era de 12% em 2005.
Conforme Francisco Padilha, essa redução foi possível por causa da
estratégia de capitalização adotada para o fundo administrativo. Esse
fundo tem que ter recursos para as despesas de administração nos
próximos cinco anos e, mesmo com a redução da taxa, hoje está com
recursos equivalentes aos próximos 12 anos, acrescentou.
Além da taxa de administração, o fundo tem receitas provenientes de
operações com os bancos com os quais trabalha. Ao centralizar todos os
pagamentos de benefícios, que totalizam R$ 12 milhões mensais, em
duas instituições financeiras apenas, a CBS obtém como contrapartida
uma receita anual de quase R$ 1 milhão para o fundo de administração.
Além disso, segundo Padilha, o fundo também tem uma receita da co-
participação da fundação em seguros de vida e automóvel arrecadados
pelas instituições via folha de pagamentos, que este ano soma R$ 1,6
milhão.