Estudo da Real Grandeza avalia multimercados no longo prazo

Arthur Paolucci, analista sênior de investimentos da Fundação Real Grandeza

A visão de longo prazo na seleção e monitoramento dos fundos multimercados é essencial para terceirizar a gestão dessa classe pelos fundos de pensão, segundo estudo que acaba de ser feito pela equipe de Fundos de Fundos (FoFs) da Real Grandeza.

O trabalho avaliou a performance dos veículos e a consistência de seu desempenho, com o objetivo de medir a probabilidade de gestores superarem o CDI e o CDI+2% em diferentes horizontes de tempo, utilizando janelas móveis de três até 84 meses, explica Arthur Paolucci, coordenador do estudo, analista sênior de investimentos e gestor de FoFs.

“A análise incluiu tanto o universo da indústria, por meio do índice IHFA, quanto os fundos atualmente habilitados em nossa prateleira”, diz. Entre as conclusões, o trabalho enfatiza que o horizonte muito curto de tempo leva a decisões ruins e que dois anos ainda é prazo insuficiente porque o verdadeiro diferencial aparece a partir de 36 meses.

“Escolhemos os multimercados para fazer esse estudo porque foi com eles que demos início ao nosso projeto de diversificação de investimentos e de terceirização, em 2023”, diz. Além disso, a classe foi escolhida também como uma “provocação” para a indústria, que deveria olhar mais o horizonte de longo prazo para analisar o desempenho desses fundos.

“A classe sofreu muitos resgates nos últimos anos e diversas fundações zeraram suas posições, como se não acreditassem mais nesses fundos e em seus gestores, mas nós mostramos que há gestores que foram capazes, de fato, de gerar retornos acima do CDI em quatro ou cinco anos, com muita consistência”, afirma.

A fundação começou a diversificar e a terceirizar seus investimentos pela classe de multimercados, por meio de um primeiro FoF criado em março de 2023. Em seguida vieram os FoFs de renda variável, exterior, FII e crédito. Hoje há ao todo 20 gestores terceirizados e R$ 2,51 bilhões em FoFs, dos quais R$ 600 milhões estão em multimercados. A terceirização inclui ainda um mandato de IMA-B passivo com R$ 840 milhões.

Os fundos multimercados foram mantidos desde 2023, apenas com ajustes pontuais. Em outubro de 2024, uma revisão maior do portfólio ampliou de seis para nove o número de gestores de multimercados para desconcentrar a carteira, até então mais voltada a estratégias de baixa volatilidade