Caixa Asset apostaem parcerias

Edição 380

Magalhaes,HumbertoJoseTeofilo(Caixa) 25mar
Foco em parcerias e diversificação, diz o presidente da Caixa Asset, Humberto José Teófilo Magalhães

Quatro anos depois de ser desmembrada da Caixa para ser o seu braço de gestão de fundos, a Caixa Asset busca parcerias com outras casas como forma de diversificar a sua prateleira de produtos, hoje ainda fortemente concentrada em renda fixa. “Pretendemos aumentar bastante as parcerias com casas que tenham expertises diferentes e não descartamos inclusive parcerias internacionais, até para atender a demanda dos institucionais, como fundos de pensão e RPPS, por investimentos no exterior”, diz o presidente da Caixa Asset, Humberto José Teófilo Magalhães. Ele adianta que a Caixa Asset tem o objetivo de lançar um fundo de investimento no exterior até o final de 2025, com foco na renda variável.

Outra frente visada pela gestora, para ampliar o portfólio, é a de fundos imobiliários. “Vamos retomar o lançamento de Fundos de Investimento Imobiliário (FII) porque a perspectiva de redução da taxa Selic abre espaço para isso”, diz Magalhães. Ele lembra que o investimento em fundos imobiliários está no DNA da Caixa e a asset precisa ter um papel mais preponderante nesse mercado.

No momento, a instituição avalia parcerias para a classe de FII, assim como o lançamento de fundos próprios. “O objetivo é oferecer boas opções para os clientes, sejam próprias ou de parceiros, e também queremos ser uma fonte de recursos para financiar a construção de imóveis, seja por exemplo por meio de retrofit para aluguel e imóveis comerciais”, diz.

Segundo ele, a ideia é garantir ao mercado recursos fora das linhas tradicionais de financiamento e ao mesmo tempo democratizar o acesso a esses investimentos via fundos. Para isso, os planos são de trabalhar em segmentos nos quais as linhas convencionais de financiamento não chegam ou em que há escassez de recursos. “Vemos gestoras pequenas buscando esses segmentos atualmente e a Caixa tem todas as condições para entrar nesse mercado”, observa.

Com as parcerias e a abertura de novos fundos em classes estratégicas ele espera mudar a atual situação de concentração em renda fixa. “Entre investimentos em títulos públicos e crédito privado, hoje temos perto de 90% dos nossos recursos sob gestão concentrados em renda fixa”, explica.

Impacto para institucionais – Entre as frentes de diversificação do portfólio que estão no radar da gestora ele cita ainda os “fundos de impacto” ambiental e social, que investem em ativos de empresas comprometidas com os critérios ESG (responsabilidade ambiental, social e de governança). O objetivo é tanto gerar oportunidades de investimento quanto fomentar esses princípios. São fundos que geram impacto socioambiental positivo mensurável, além do retorno financeiro.

“Atualmente temos investimentos com características ESG mas não temos ainda fundos de impacto e acreditamos que esses veículos devem ter um apelo forte junto aos investidores institucionais”, diz Magalhães. Além disso, a asset quer explorar o potencial de investidores estrangeiros que têm apresentado demanda por fundos ESG.

Pesa nessa decisão também o papel da Caixa, que participou do leilão de linha de crédito subsidiado do Eco Invest, programa de sustentabilidade do governo federal brasileiro que pretende atrair capital estrangeiro privado para a descarbonização da economia. Nesse segundo leilão do Eco Invest, realizado em setembro, o banco teve acesso a R$ 2 bilhões em recursos, uma parte dos quais terá que ser utilizada por meio de fundos de investimentos.

“Estamos preparados para isso. No EcoInvest, a cada real alocado pelo governo federal, será obrigatória uma contrapartida de R$ 0,75 feita pelo investidor privado, então considerando o total de recursos investido via fundos e o percentual de contrapartida, o fundo terá um tamanho aproximado de pelo menos R$ 1,2 bilhão”, avalia. Magalhães observa que a Caixa estará presente à COP 30, em Belém, e criou inclusive uma vice-presidência de sustentabilidade, reafirmando seu papel nesse mercado.

O Eco Invest é coordenado pelos ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e Mudança do Clima e conta com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Embaixada do Reino Unido no Brasil.

Ativos sob gestão – O total de ativos sob gestão (AuM ) da asset tem crescido de maneira recorrente ao longo dos seus quatro anos de vida, avalia Magalhães, fechando o primeiro semestre com R$ 557,26 bilhões. “Nesse período passamos por algumas variações no nosso market share, até porque não fazemos aquisições e o nosso crescimento é orgânico, mas conseguimos manter essa participação girando sempre em torno de 5% a 6% do mercado total”, afirma.