Edição 43
Em carta enviada ao presidente da Abrapp, Nélson Rogieri, o vice-
presidente da entidade, Francisco Parra, comunica sua decisão de
concorrer à presidência da associação
Em carta enviada ao presidente da Abrapp, Nélson Rogieri, o vice-
presidente da entidade, Francisco Parra, comunica sua decisão de
concorrer à presidência da associação, cuja eleição está marcada para o
mês de dezembro próximo. “Resolvi depositar minha candidatura a
Presidente da ABRAPP. Estou atento à conveniência de preservarmos a
unidade do nosso movimento. Mas compreenderei a licença democrática
para a divergência”, afirma Parra na carta à Rogieri, datada de 18 de
setembro.
Prosseguindo, a carta pede o apoio ou, pelo menos, a neutralidade de
Rogieri na disputa: “espero ter a honra de receber o seu apoio,
considerando a sua manifestação de que não se candidatará à reeleição.
Sei que, por questões de foro íntimo, poderá permanecer neutro no
processo de sua sucessão, como um magistrado; sem envolver a ABRAPP,
nem sua autoridade de Presidente, no processo eleitoral. Neste caso, terá
minha compreensão e meu respeito”, afirma Parra.
Por fim, ele encerra a carta à Rogieri dizendo que
assume “conscientemente a responsabilidade de candidato a Presidente
da ABRAPP, na certeza de que esta minha candidatura tem origem
democrática e aceitação entre meus pares”.
Parra enviou cópia dessa carta a todos os dirigentes de fundações,
acompanhada de uma segunda carta na qual pede apoio à sua
candidatura (ver entrevista na próxima página). Na carta aos dirigentes,
Parra fala que empunha a bandeira de uma “Nova Abrapp”. A seguir, a
íntegra das duas cartas:
Carta a Rogieri
Senhor Presidente,
1-Tenho a satisfação de me reportar ao encontro que mantivemos na
noite do dia 8 passado, em São Paulo, para enfatizar:
– meus agradecimentos a você pela gentileza em me receber, atendendo
à sugestão de amigo comum, para tratarmos sobre alternativas para a
sucessão da atual Diretoria da ABRAPP;
– minha convicção de que a próxima Diretoria da ABRAPP, a ser eleita em
dezembro vindouro, deverá caracterizar-se por lealdade aos legítimos
interesses comuns das entidades fechadas de previdência privada, sem
distinção de qualquer natureza, inclusive de sua origem institucional,
localização geográfica e porte. E, igualmente, caracterizar-se pela defesa
das instituições representadas, de forma atenta, destemida, competente e
eficaz junto à sociedade, em geral, e, em especial, junto aos diversos
setores de governo, inclusive àqueles responsáveis por nossa fiscalização
e controle;
– minha determinação em continuar contribuindo para o aperfeiçoamento
do sistema brasileiro de previdência privada, que ainda padece de
inadequada compreensão de seu verdadeiro papel. Daí porque sofre
perseguições, aqui; indiferenças, ali; conceituações equivocadas, quase
sempre; carecendo de vozes autônomas, vocacionadas para a liberdade
de expressão e, verdadeiramente, compromissadas com o interesse
coletivo das EFPP’s. Eis, como exemplo, a dubiedade sobre a questão
tributária; o controle asfixiante que se perde no seu próprio enredo
burocrático; a reforma constitucional da previdência, carente de
objetividade; a exposição contínua das entidades e de seus dirigentes à
crítica infundada, muitas vezes mal-intencionadas, e sempre entregues,
tão somente, a seus próprios meios de defesa;
– que muito me tem sensibilizado a insistência com que companheiros
dirigentes de Entidades de diversas regiões do País instam-me a objetivar
meus propósitos, sob a forma de candidatura a Presidente da ABRAPP,
nas eleições de dezembro próximo. Confesso, não alimento interesses
pessoais, por mais nobre que seja a missão. Mas confesso, também, ser
honrosa a clareza das demonstrações de apoio recebidas, bem como
mostras de confiança e solidariedade na luta pelo aprimoramento da
ABRAPP, como entidade de representação de suas afiliadas, e do sistema
como um todo, por sua importância social e econômica.
2 – Por fim, confirmo que pelas razões acima expostas, conforme já
anunciado no encontro pessoal referido anteriormente, aceitei depositar
minha candidatura a Presidente da ABRAPP junto a todos os companheiros
dirigentes de Entidade, para que a considerem e julguem se meu nome
merece acolhida como a melhor alternativa, respeitado o direito e
reconhecidas as qualidades de outros concorrentes. Estou atento à
conveniência de preservarmos a unidade do nosso movimento. Mas
compreenderei a licença democrática para a divergência. Minha
experiência profissional e como dirigente de Entidade, aliada ao que
aprendi na convivência com outros dirigentes, fez de mim uma pessoa
serena para discernir, firme nas decisões, voluntarioso para não desistir,
racional e equilibrado na discórdia, solidário aos companheiros. Mas,
também, intransigente na defesa da autonomia das Entidades, nos limites
da lei; dos seus direitos e do respeito de que são merecedoras.
3 – Assim, caro Presidente Rogieri, espero ter a honra de receber o seu
apoio, considerando a sua manifestação de que não se candidatará à
reeleição. Sei que, por questões de foro íntimo, poderá permanecer neutro
no processo de sua sucessão, como um magistrado; sem envolver a
ABRAPP, nem sua autoridade de Presidente, no processo eleitoral. Neste
caso, terá minha compreensão e meu respeito.
4 – Na convicção de que estou postado ao lado das Entidades,
comungando das mesmas preocupações que tanto as afligem, assumo
conscientemente a responsabilidade de candidato a Presidente da
ABRAPP, na certeza de que esta minha candidatura tem origem
democrática, aceitação entre meus pares, fruto que é da vontade de
colaborar, decisivamente, para o processo do nosso aprimoramento com
independência, e responsabilidade histórica.
Receba, caro Presidente, as expressões da minha estima e consideração.
Francisco Parra Valderrama Junior – Diretor Superintendente da BB
Previdência
Carta aos dirigentes
Brasília (DF), 18 de setembro de 1998.
As entidades fechadas de previdência privada, em dezembro próximo,
elegerão novos dirigentes para a ABRAPP, em cumprimento a dispositivo
estatutário.
A propósito, dirigi carta ao Presidente Nelson Rogieri cuja cópia ofereço-lhe
para leitura e reflexão.
Minha experiência de ex-dirigente da PREVI (1988/1996) e de atual
dirigente da BB-PREVIDÊNCIA – Fundo de Pensão Multipatrocinado do
Banco do Brasil, mas sobretudo as idéias que tenho defendido sobre a
atualidade e o futuro das entidades de previdência privada, permitem-me
submeter meu nome à sua apreciação, pedindo-lhe que me conceda seu
apoio e se integre à luta pelo aprimoramento do nosso sistema.
As ações da nova ABRAPP, entretanto, não podem ser fruto de idéias
pessoais, por mais bem inspiradas que possam ser. Porque cada um de
nós tem responsabilidades específicas para com o sistema, e em
contrapartida, o direito de ser ouvido, contribuindo para a formação do
corpo de idéias que deverão gerir nossa associação nacional. Somente
assim haverá legitimidade de representação das nossas entidades.
Seu apoio e seu voto são importantíssimos para mim. Mas eu quero mais;
quero suas idéias para a condução da ABRAPP. Quero ser um Presidente
compromissado com o interesse coletivo e, por esta razão, atento e
aberto à contribuição permanente de todos e de cada uma das
associadas, desejoso que sou de fazer uma administração participativa.
Espero poder vê-lo em breve. Mas, desde já, entrego-lhe a bandeira da
Nova ABRAPP, convicto de que ela corresponde a seus anseios e certo de
que você me ajudará a desfraldá-la, porque este é o interesse maior das
nossas entidades.
Receba meu abraço fraterno, Francisco Parra Valderrama Junior – Diretor
Superintendente da BB-Previdência.