Facepi devolve pessoal cedido à patrocinadora

Edição 41

A Facepi, fundação da Companhia Energética do Piauí (Cepisa), devolveu
10 funcionários à sua patrocinadora, que estavam cedidos para trabalho
na entidade

A Facepi, fundação da Companhia Energética do Piauí (Cepisa), devolveu
10 funcionários à sua patrocinadora, que estavam cedidos para trabalho
na entidade. Embora fossem funcionários da Cepisa, eles eram pagos
pela fundação desde que a patrocinadora teve o seu controle assumido
pela Eletrobrás, no final do ano passado. Os dez funcionários estavam
custando à fundação mais de R$ 20 mil por mês, e estão sendo
substituídos por profissionais do mercado e estagiários, de salários
menores.
As dez vagas foram reduzidas para oito, das quais quatro já foram
preenchidas por profissionais mais baratos e as outras quatro serão
ocupadas por estagiários. Dos R$ 20 mil que a fundação gastava com os
10, a despesa vai cair para R$ 8 mil, representando uma economia de R$
12 mil ao mês.
Dos quatro novos contratados, um já está cuidando da área de
seguridade, outro da tesouraria, outro do apoio logístico (legislação, etc) e
o quarto da contabilidade e da área de investimentos. Os estagiários
devem entrar como apoio a essas áreas.
“A fundação não tinha como manter os níveis salariais daqueles dez
empregados”, conta o presidente da entidade, Eduardo Correa. Segundo
ele, os 10 representavam mais da metade do valor das despesas
administrativas da Facepi, de R$ 37,5 mil por mês. Atualmente, as
despesas administrativas consomem integralmente os 15% da receita
previdenciária da fundação, que é de R$ 250 mensais.
A compra do controle das estaduais de eletricidade pela Eletrobrás faz
parte de uma política de governo, que visa facilitar o processo de
privatização. Mas ela traz mudanças significativas à vida das fundações,
que passam a ter que custear suas despesas administrativas
exclusivamente com as receitas previdenciárias, quando anteriormente
podiam receber aportes exclusivos das patrocinadoras públicas estaduais.
“A Cepisa, quando era estadual, nos repassava uma verba equivalente
aos 15% da receita previdenciária”, conta Correa. “Mas, com o controle da
Eletrobrás, a situação mudou e as despesas administrativas começaram a
ser um peso para a Facepi, que de repente passou a bancá-las sozinha”.
A troca dos funcionários enquadra-se dentro de um programa de redução
de despesas da Facepi, que visa preparar a entidade para o momento da
privatização da patrocinadora, no segundo semestre de 99. Além da troca
de funcionários, a fundação também está reestruturando sua estratégia
de investimentos, para gastar menos com administradores.
Ela chegou à conclusão, por exemplo, que as taxas de performance
cobradas pelos administradores das carteiras sobrecarregavam suas
despesas, e decidiu transformá-las em FACs, de administração mais
barata. Os FACs, que são fundos exclusivos que aplicam em cotas de
outros fundos, tanto de renda fixa como variável, já descontam as taxas
de administração da rentabilidade das cotas. São, por isso mesmo, mais
baratos que os outros fundos exclusivos.

Performance – “Só para um dos nossos administradores, por exemplo,
pagamos uma taxa de performance de R$ 30 mil por um período de seis
meses, o que daria 5 mil reais por mês. Para nós, que temos uma receita
pequena, essa despesa é alta.”
“Além disso, o controle operacional ficou mais fácil. Agora precisaremos de
apenas uma pessoa para controlar a variação das cotas”, explica Correa.
Também foram transformados em cotas de fundos os recursos que a
Facepi investia diretamente em CDBs e FIFs de 30 e 60 dias.
A mudança também levou à troca de administradores, processo concluído
em junho. A fundação tinha carteiras com o Real, Icatu e Itaú. O Itaú foi
mantido, mas os outros dois foram substituídos pelo Bozano, Unibanco e
Bandeirantes. “Não tivemos problemas com os antigos administradores.
Apenas decidimos fazer uma concorrência de preços, já que estávamos
mudando a estratégia. E ficamos com os que nos ofereceram melhores
condições”, complementa. Segundo o presidente da entidade, 8 gestores
participaram do processo, incluindo os três administradores antigos.
A reestruturação na Facepi inclui, ainda, um acordo de dívida da
patrocinadora com a entidade, fechado em outubro do ano passado. Na
época, a Cepisa devia R$ 29 milhões à fundação, basicamente devido às
retenções de contribuição feitas pela empresa ao longo de quatro anos.
Isso representava mais de 60% do patrimônio da fundação, acima dos
limites permitidos pela legislação.
Com essa reestruturação, a fundação espera caminhar para uma solução
do déficit atuarial de seu plano de benefício definido, que em dezembro
passado chegava a R$ 6 milhões, valor considerado alto para uma
fundação de patrimônio de R$ 48 milhões. Além disso, espera também
reduzir seus custos administrativos para 10% a 12% da receita
previdenciária até o final do ano. Também já está sendo estudado um
plano de contribuição definida, para evitar desequilíbrios no futuro. A
Facepi tem cerca de 1,3 mil participantes ativos e 380 inativos e
pensionistas.