Participantes escolhem o risco das carteiras

Edição 40

Os novos planos de contribuição definida estão transferindo os riscos dos
investimentos das mãos da patrocinadora para os participantes

Os novos planos de contribuição definida estão transferindo os riscos dos
investimentos das mãos da patrocinadora para os participantes. Com isso,
se a rentabilidade for satisfatória e a reserva previdenciária crescer, todos
ficam satisfeitos; se for ruim, prejuízo para o participante. Mas, se é o
participante o maior interessado no sucesso dos seus investimentos,
porque não colocar nas suas mãos a responsabilidade pela escolha do
perfil de risco das aplicações?
Várias fundações já estão fazendo isso. Elas estão repassando ao
participante a responsabilidade de escolher o risco da carteira. “Um
número crescente de fundações está adotando esse novo mecanismo, o
participante monta sua carteira de investimentos a partir de alguns perfis
de risco”, revela Felinto Sernache, diretor da Towers Perrin, consultoria que
tem projetado nos últimos meses vários planos dessa espécie.
A tendência segue o exemplo norte-americano, que tem desenvolvido
uma cultura previdenciária muito associada à disposição do participante de
assumir mais ou menos risco, de acordo com os níveis de rentabilidade
que espera. O primeiro fundo brasileiro a incorporar a novidade foi a PSS,
no início do ano passado, mas de lá para cá, quase uma dezena de
outras fundações fizeram o mesmo, cada uma com suas peculiaridades.
Entre elas estão a Zenprev – da empresa Zeneca, a Previcat – patrocinada
pela Caterpillar, e a Prevmon – da Monsanto.
Em outubro próximo, a Fundação IBM também se prepara para lançar um
novo plano CD que abre a opção para o participante escolher entre quatro
perfis de risco. Os fundos multipatrocinados CCF e Múltipla – do
Credibanco, já estão permitindo que as patrocinadoras criem planos com
esse instrumento (ver matéria, com quadro, na página ao lado).
A Zenprev colocou seu novo plano de contribuição definida em
funcionamento no início de julho último. Houve a migração de quase
100% dos participantes que, a partir da mudança, passaram a escolher os
perfis de seus investimentos entre as seguintes opções: conservador (até
15% de renda variável), moderado (até 25%) e agressivo (até 35%). Com
isso, cada participante terá uma carteira individualizada de investimentos,
que será administrada por dois gestores diferentes, o Citibank e o
Unibanco.
O perfil moderado foi o preferido por cerca de 50% dos participantes,
seguido pelo agressivo, que contou com a opção de 30%. O conservador
foi o menos cotado, contando com a adesão de apenas 20% dos
participantes. “As possibilidades oferecidas não possuem grande
concentração em renda variável e, por isso, as pessoas preferiram as
opções moderada e agressiva”, analisa Yuji Hamada, diretor financeiro da
Zenprev.

Plano de reforço – Não é apenas para os novos planos de contribuição
definida que as fundações estão permitindo a escolha da composição das
aplicações pelo participante. Em alguns casos, o fundo cria um plano de
reforço acoplado a outro já existente de benefício definido. A Previcat, por
exemplo, lançou um plano suplementar em abril deste ano, no qual o
participante poderia aderir voluntariamente com o objetivo de aumentar o
benefício futuro. As alternativas de investimento variam entre o agressivo,
moderado e conservador e o participante pode dividir os recursos em mais
de uma opção.
O plano da Prevmon, lançado no ano passado, enquadra-se no mesmo
modelo da Previcat. Cerca de 60% dos funcionários da Monsanto que
participam do fundo de pensão (aproximadamente 300 pessoas) aderiram
ao plano suplementar, apesar deste não contar com a contribuição da
patrocinadora. “A maior vantagem do plano de reforço é a total isenção
dos custos de administração dos investimentos”, afirma Rosângela
Santiago Gouvêa, analista de recursos humanos da Monsanto.
A Prevmon arca com a taxa do administrador externo e, por isso, a
rentabilidade das aplicações acaba sendo mais vantajosa se comparada a
outras opções de mercado como os fundos de investimento de varejo para
pessoa física. A fundação prepara o lançamento de um novo plano de
contribuição definida ainda para este ano.

IBM – Outro fundo que está prestes a lançar o novo plano CD é a IBM (ver
página anterior). Com a mudança, os participantes terão direito a
direcionar seus recursos da poupança previdenciária para quatro tipos de
carteiras. As opções “super conservador”, com 100% de renda fixa,
e “conservador”, com 20% de renda variável, serão administradas pelo
Unibanco. O perfil moderado, composto por 65% de renda fixa e 35% de
ações, terá o Itaú Bankers Trust (IBT) como gestor. E a quarta carteira, a
agressiva, que terá metade dos ativos em renda fixa e a outra metade
em renda variável ficará a cargo do Chase.