Claritas abre o leque | Especialistas em multimercados, a gestora...

Especializada em multimercados macros e livres, a Claritas vem adotando novos formatos e estratégias dentro do segmento. Controlada há oito anos pela americana Principal Financial Group, a gestora está começando a adotar as tecnologias quantitativas em fundos. Pilotado pelo economista e matemático Gustavo Linari Rodrigues, trazido da Rio Bravo Investimentos, o Claritas Quant FIC FIM, criado em dezembro de 2018, contabiliza um patrimônio líquido de R$ 80,5 milhões e retorno acumulado de 12,77% em 2019. “O produto, que vem apresentando desempenho muito consistente desde o lançamento, segue o padrão long & short e também participa de outras de nossas estratégias”, comenta o diretor comercial da aset, Ernesto Leme.
Segundo ele, a principal aposta da asset para multiplicar, a curto e médio prazo, os R$ 8,3 bilhões sob seus cuidados são os multimercados com viés previdenciário. Acalentado há tempos, desde a criação, no início da década, o projeto de um fundo previdenciário exclusivo começou a sair do papel em abril de 2018, com a decolagem do Claritas Advisory Icatu Previdência FIM (gestão da Claritas e distribuição da XP). A boa performance exibida pelo veículo, que terminou aquele ano com rentabilidade acumulada equivalente a 140% da variação do CDI, estimulou a gestora a dar prosseguimento nas negociações com outras casas. Surgiram assim, em junho e setembro de 2019, o Claritas BTG Previdência FIM e o Claritas Advisory XP Seguros Prev FIE FIC FIM. 

O trio, hoje com um volume de recursos ao redor de R$ 725 milhões (cerca de 90% do bolo vem do Advisory Icatu), tem apresentado indicadores bem robustos. O Claritas Advisory Icatu rendeu 7,58% em 2019, enquanto o Claritas BTG e o Claritas Advisory XP renderam 4,78% e 2,09%, respectivamente, no mesmo período. “Acertamos na mosca, pois foram justamente os fundos previdenciários que nos proporcionaram o maior volume de captação em 2019”, observa Leme. “Há menos de dois anos em operação, eles já respondem por quase 10% do patrimônio líquido e a expectativa é de que elevem a sua participação para algo entre 12% e 15% até o fim de dezembro.”

O aquecimento da demanda por produtos do gênero, na esteira da recente aprovação da reforma da previdência, serviu de estímulo para o planejamento de novas investidas no segmento. A primeira, prestes a ser anunciada, é um fundo com gestão da Claritas e que será oferecido ao mercado pela Porto Seguro. “Além deste, estão em gestação outros dois produtos previdenciários com ênfase no mercado de ações”, diz Leme.
A captação tende, ainda, a ganhar consideráveis reforços a partir de várias iniciativas planejadas para os próximos meses. A primeira, e talvez mais promissora, será a reabertura pontual para aplicações do Long Short FIC FIM, que, em operação desde 2002, é um dos produtos mais demandados da casa. Com suas portas fechadas desde meados de 2019, o fundo vem apresentando retornos na casa de dois dígitos, na faixa de 11,08% a 18,86%, nos cinco últimos anos. “A ideia é reabri-lo neste mês de fevereiro, captar de R$ 300 a R$ 350 milhões e fechá-lo novamente”, diz Leme.
Presente nas plataformas de investimento há cerca de dez anos, a Claritas faz novos planos a respeito. A intenção é colocar nessas vitrines, em pouco tempo, dois fundos. O primeiro é o Claritas Alocação FIM, lançado no segundo semestre de 2010. “Estamos providenciando alguns ajustes no alocação, além de reduzir a taxa de administração de 1,12% para 0,5% ao ano e ampliar o prazo de resgate de D1 para D15”, informa Leme. O segundo é o Claritas Long Bias FIM, em funcionamento desde agosto último. “Estamos otimistas, pois o patrimônio líquido do produto cresceu 21% em seis meses para algo em torno de R$ 40 milhões.”

Com exposição crescente no varejo eletrônico, a gestora, que completou duas décadas de trajetória em fevereiro do último ano, vive também o pico de seu relacionamento com investidores institucionais. Essa clientela responde hoje por 43% dos negócios da casa, o triplo do volume registrado há cinco anos. A perspectiva nessa faixa, avalia Leme, é de contínua evolução, já que as entidades fechadas de previdência complementar (EFPCs), para fazer frente ao seu passivo atuarial, terão de aumentar o grau de exposição ao risco. Nessa seara, que inclui fundos multimercados, de ações e de investimentos no exterior – a Claritas, que conta com a estrutura e o know how de seu controlador global, pretende nadar de braçada.
“O potencial de crescimento é enorme, já que apenas 0,5% do patrimônio líquido dos fundos de pensão está aplicado no exterior, o que representa 9,5 pontos percentuais abaixo do limite”, assinala o diretor comercial. “Já notamos, inclusive, um maior interesse dos institucionais por mercados externos, mas em uma escala muito menor do que deveria ser.”
Os fundos da asset para garantir acesso das EFPCs às praças internacionais seriam três, dos quais só um aberto, conectados a um veículo da Principal. “É um fundo high yeld com cerca de 400 ativos”, diz Leme. “Hoje, contudo, as EFPCs que demandam aplicações no exterior demonstram maior interesse no estabelecimento de mandatos do que na aquisição de cotas de produtos.”

A prioridade da asset no segmento institucional são as 50 maiores EFPC. Para atendê-las, conta com uma equipe exclusiva capitaneada pelo diretor de distribuição internacional e projetos especiais Flávio Castanheira, oriundo da Principal.
Com US$ 703,4 bilhões sob gestão no mundo, a Principal adquiriu 60% da Claritas há oito anos e arrematou o restante em 2016. “Eles costumam atuar em grandes mercados, com forte potencial demográfico, casos de China e Brasil, geralmente em parceria com instituições dotadas de grandes redes, casos do China Construction Bank e da BrasilPrev, da qual são sócios desde os anos 1990”, diz o executivo.
A valorização da marca da sua controladora, por sinal, é outro projeto da Claritas, embora ainda não tenham sido definidas ações de maior impacto. Em junho último, a asset promoveu uma mudança cosmética em seu logotipo, substituindo o subtítulo “A member of Principal Financial Group” por “A Principal Company”. O ajuste foi interpretado pela concorrência – com certo alívio, diga-se – com uma simples troca de seis por meia dúzia. “É fato, precisamos explorar melhor a grife Principal no Brasil. Estamos trabalhando a respeito”, diz Leme.