20-04-2015 – 17:08:42
Embora a desvalorização recente do real tenha tornado os preços dos ativos brasileiros mais atraentes do ponto de vista do estrangeiro, a volatilidade do mercado cambial faz com que esse investidor siga cauteloso em relação à região, diz Rajat Ahuja, estrategista de renda fixa especializado em mercados emergentes da Aberdeen Asset Management. “Mesmo que o mercado brasileiro esteja barato, se o câmbio seguir se desvalorizando, então o nível dos preços não significa nada”, pontua o especialista, que fica baseado em Nova York, nos Estados Unidos. “Se o país não consegue ter uma moeda estável, não vai atrair o investidor estrangeiro”.
Apesar disso, com a nova equipe econômica no governo, Ahuja ressalta que tem visto nos últimos meses alguns clientes da gestora, mais dispostos ao risco, monitorando o mercado brasileiro em busca de uma possível janela de entrada para aproveitar os preços deprimidos dos ativos na região. “Não importa o quão ruim a situação esteja, o Brasil ainda é um dos países com taxas mais altas, de inflação mais 6%. Pode ter mais queda do mercado brasileiro, mas com o novo ministro os investidores estão olhando o país mais de perto”, diz o estrategista da Aberdeen, asset de origem escocesa com quase US$ 500 bilhões em ativos sob gestão.
Mesmo sem o Fed ter iniciado a elevação dos juros, pontua Ahuja, o mercado brasileiro, entre os emergentes, já foi o que mais sentiu os reflexos negativos oriundos da perspectiva de normalização nas condições monetárias nos Estados Unidos. Quando a autoridade americana iniciar de fato o aperto, o Brasil poderá ser novamente um dos mais afetados, fala o executivo, caso não promova as mudanças econômicas/políticas necessárias. “O mercado está esperando, provavelmente até o fim do ano, para ver se os objetivos do novo ministro serão alcançados”, afirma o especialista. “Se isso não for feito, o Brasil vai sofrer, com ou sem a alta dos juros pelo Fed. O impacto maior será por conta das próprias políticas que serão adotadas no país”.
Segundo Ahuja, são poucos os investidores que acreditam que o superávit de 1,2% do PIB em 2015 será obtido. No entanto, mesmo que o ministro consiga entregar algo em torno dos 0,8%, já será visto com bons olhos pelo mercado, prevê o estrategista, por reforçar a indicação inicial de que uma mudança de rumo está realmente ocorrendo no país.