
Edição 238
A simples queda acentuada da Bolsa como a que temos presenciado ultimamente não é, por si só, garantia de que há boas oportunidades de compra no mercado. A tese defendida pela M Square, gestora de recursos independente que conta hoje uma base de ativos de R$ 1,9 bilhão na estratégia de ações, reflete a decisão da asset de manter 30% de seu fundo aberto de ações em caixa e não fazer, por enquanto, novas chamadas de capital para o Pipe, fundo fechado que segue um funcionamento semelhante ao de um private equity, mas investe em ações de companhias listadas.
“Olhando para o mercado, pode dar a impressão de que está tudo muito barato. Mas nossa equipe de análise acha que muitas das ações que caíram mereciam cair. Alguns preços estavam muito esticados. Por isso, a queda da Bolsa não se traduz necessariamente em boas oportunidades de compra. Nós somos muito exigentes”, afirma Arthur Mizne, CEO da M Square. Ele comenta que o M Square Ações FIC Fia está próximo do teto permitido para manutenção do patrimônio em caixa porque, entre as empresas das quais a equipe de gestão gosta mais, poucas estão negociando a preços atraentes. “Isso pode mudar se o crescimento das companhias nos próximos trimestres não for acompanhado por um aumento no preço do papel”, estima.
O M Square Pipe, por sua vez, é um fundo fechado totalmente voltado a investidores institucionais. Com capital comprometido de R$ 100 milhões captado junto entidades fechadas de previdência complementar, o fundo tem período de investimento de dois anos – e mais dois de desinvestimento. Mais de um ano se passou desde o inicio das operações do fundo em abril do ano passado, e 50% do capital comprometido já foi chamado. Uma integralização aconteceu ainda em abril e outras duas em agosto de 2011. “Aproveitamos o período de grande queda da Bolsa em agosto no ano passado porque as empresas das quais gostamos estavam sendo negociadas a um valuation atraente. Até agora, soubemos fazer compras em bons momentos”, considera.
Como segue análise fundamentalista, a M Square conta com dez analistas dedicados a estudar minuciosamente as companhias que fazem parte de seu universo possível de investimento. Mizne cita que a asset gosta de empresas que apresentam margens de lucro estáveis, crescimento pautado mais por fatores micro do que macroeconômicos, oportunidades de consolidação no mercado e um bom grau de previsibilidade do crescimento.
No caso do Pipe, há ainda outros filtros: para entrar na carteira do fundo, a empresa tem de ter feito IPO a partir de 2004 ou migrado para o Novo Mercado. Isso porque a gestora dá grande importância a empresas que apresentem um bom nível de governança corporativa.
Captação fechada – A M Square está fechada para captações em ações no momento. Mizne explica que há duas razões principais para isso. Uma delas é o próprio fato de o nível do patrimônio em caixa estar alto por conta de não haver tantas oportunidades de compra de empresas de alta qualidade por valores atrativos. A segunda razão é que o CEO considera que a asset está com um número bastante bom de investidores, sendo que nenhum deles conta com mais de 7% ou 8% dos ativos geridos pela asset na estratégia de ações. Por outro lado, a grande maioria dos ativos no segmento vem de cerca de 30 clientes. “Por mais que a base seja pulverizada, gostamos de ter tempo para nos dedicar aos clientes. É importante fazer esse trabalho de comunicação, explicar porque tomamos certas decisões e tirar dúvidas. Por isso, decidimos interromper o processo de captação temporariamente”, esclarece Mizne.
O executivo avisa que no médio prazo a captação deve ser reaberta. “Estamos atentos às oportunidades de compra e nos preparando para expandir a base de clientes”, aponta Mizne.
Do total da base de ativos de ações da M Square,os investidores institucionais respondem por 34% – 21% de endowments de universidades e fundações estrangeiras; 4% de fundos de pensão estrangeiros; e 9% de entidades fechadas de previdência complementar nacionais.