Edição 222
Dois institutos de previdência do Espírito Santo têm se destacado na gestão de investimentos ao adotar inovações pouco comuns aos regimes próprios. O Instituto de Guarapari (IPG) realizou aplicações em dois fundos imobiliários e, a partir do próximo ano, pretende estrear na renda variável.
Já o instituto da capital do estado, Vitória, vem utilizando um sistema de avaliação de gestores que premia os melhores desempenhos com a transferência de maior volume de recursos. Ambos os RPPS se sobressaíram na avaliação do prêmio de Boas Práticas de Governança Corporativa, concedido pela Associação Nacional das Entidades de Previdência Estadual e Municipal (Aneprem) em novembro último.
O Instituto de Guarapari ficou em primeiro lugar no prêmio da Aneprem entre os regimes próprios de pequeno porte. O RPPS conta com um patrimônio de aproximadamente R$ 29 milhões, dos quais R$ 7 milhões correspondem a um fundo capitalizado criado junto com a segregação de massas realizada a partir de 2006. O restante, R$ 22 milhões, pertence a um fundo previdenciário, que é responsável pelo pagamento dos benefícios dos servidores e pensionistas referentes ao período anterior a 2006. “Em geral adotamos uma gestão conservadora dos investimentos, pois a maior parte de nosso patrimônio está destinada a pagar compromissos de até cinco anos”, explica José Augusto de Carvalho, diretor presidente do IPG.
Apesar do perfil conservador, o regime próprio de Guarapari tem estudado novas modalidades de aplicações com o objetivo de diversificar a carteira e obter rendimentos adicionais. Neste sentido, o instituto já realizou as primeiras aplicações em dois fundos imobiliários. Um deles é o FII Cedae da Caixa Econômica Federal, que recebeu os aportes em dezembro de 2009. O mais recente é o FII RB Capital Renda II do Banco do Brasil, que recebeu as aplicações do instituto em outubro passado. As duas aplicações totalizam cerca de R$ 1,2 milhão, o que representa cerca de 4% do patrimônio do instituto. “A ideia é aproveitar a valorização do setor imobiliário para conseguir um ganho adicional para nossa carteira”, aponta o presidente do regime próprio de Guarapari.
O dirigente explica ainda que acredita que as cotas dos fundos imobiliários, além de oferecer boas perspectivas de retorno, não devem apresentar problemas de liquidez. “O ágio sobre as cotas no mercado secundário é bastante atrativo. A liquidez dos fundos imobiliários está cada vez melhor”, observa Carvalho. Quanto ao FII do Banco do Brasil, ele explica também que os empreendimentos que receberam recursos do fundo possuem baixo risco, pois estão atrelados a imóveis de empresas bem cotadas no mercado, tais como Líder Magazine e AmBev.
O restante dos recursos do RPPS de Guarapari está aplicado em fundos de renda fixa também da Caixa e do Banco do Brasil. Devido a uma restrição do Tribunal de Contas do Espírito Santo, o regime próprio pode aplicar recursos somente em bancos estatais. Para o próximo ano, a direção do instituto, que conta com consultoria de investimentos da Risk Office, tem e intenção de aumentar a diversificação das aplicações.
“Pretendemos entrar na renda variável a partir de 2011, mas será um aporte pequeno, pois não temos uma margem muito grande para aplicar em fundos de perfil mais arriscado”, ressalva o presidente do IPG.
Vitória – O Instituto de Vitória (IPAMV) é outro regime próprio do Espírito Santo que se destacou no prêmio da Aneprem, ao conseguir a segunda colocação entre as entidades de grande porte, atrás apenas de Pernambuco. Um dos pontos de destaque do RPPS da capital capixaba na gestão dos investimentos é o sistema de avaliação de gestores que acaba punindo aquele com pior desempenho. A cada seis meses, a performance dos gestores é avaliada, e o que apresenta o menor retorno perde 25% dos recursos do instituto sob os seus cuidados. Esses recursos são transferidos automaticamente para o gestor com melhor desempenho.
“O sistema acaba gerando maior competitividade entre os gestores, que procuram sempre melhorar o resultado de seus fundos”, explica Herickson Rubim Rangel, diretor administrativo e financeiro do IPAMV. O instituto possui um patrimônio de R$ 176 milhões, dos quais 96% estão aplicados em fundos de renda fixa e 4%, em multimercados. No momento, o comitê de investimentos do regime próprio está estudando a aplicação de recursos em fundos imobiliários, seguindo a mesma linha de seu vizinho, o RPPS de Guarapari.