Reinaldo Le Grazie | Melhor estrategista de renda fixa

Reinaldo Le Grazie, da BramEdição 255

Em 2014 certamente teremos o início da retirada dos estímulos por parte do Federal Reserve, em um ano que promete ser de fortes emoções aos investidores, não pelo movimento do banco central dos Estados Unidos em si, que já é amplamente aguardado, mas pelo ritmo em que se dará esse enxugamento de liquidez nos mercados. Justamente por conta dessa indefinição quanto à velocidade da atuação do Fed que Reinaldo Le Grazie, estrategista de renda fixa da Bradesco Asset Management, entende que será importante trabalhar com um mandato mais flexível, para ter a capacidade de fazer as alocações de investimento conforme a configuração dos cenários. “Esse é o segredo para conseguir navegar nesse mar turbulento”, pondera o especialista.
A flexibilidade a que se refere o gestor depende de uma agilidade para que seja possível, diante de mudanças repentinas, fazer um rápido reposicionamento em ativos estratégicos. “Os fundos de pensão têm que fazer seus investimentos olhando para o cenário, não só para o ALM. As alocações partem do ALM, mas é preciso olhar para o cenário para se posicionar de uma maneira mais defensiva, ou até aproveitando as oportunidades”. O estrategista da Bram tem solicitado a seus clientes mandatos com maior grau de abertura para o ano que vem, para ter melhores condições de elaborar uma gestão ativa.
Os institucionais, afirma o especialista, têm de olhar para possíveis investimentos além fronteiras, dada as limitações do ambiente doméstico, mas aplicar nos juros de economias desenvolvidas ainda não deve ter em 2014 seu melhor momento. “Enquanto as taxas estiverem subindo nem é hora de comprar renda fixa, o investimento no exterior vale como diversificação da carteira, não como um investimento olhado individualmente. Investimentos descorrelacionados trazem uma melhora da fronteira de eficiência dos investimentos”.
Aplicar no mercado de moedas, mais especificamente à favor do dólar contra praticamente todas as demais divisas globais, é uma opção no leque internacional de investimentos do próximo ano. “Em 2014 esperamos uma normalização da política monetária mundial, e quando isso acontecer vamos ver o dólar mais forte frente todas as moedas do mundo”, prevê.
Quando os Estados Unidos começarem, lentamente, a subir sua taxa de juros, é natural, diz Le Grazie, que as demais economias sigam o mesmo movimento, até para não sofrerem uma brusca perda de capital. “As economias mais ajustadas devem subir menos [os juros], e as economias que sofrem pela variação das commodities podem subir um pouco mais”.
Todo o desenrolar do cenário econômico-financeiro de 2014, nota o estrategista, tem como cerne a sensibilidade do Fed em como se dará o inicio do fim dos estímulos, e voltamos então à questão da flexibilidade dos mandatos. Em maio passado, recorda Le Grazie, quando a autoridade monetária americana sinalizou que poderia começar a retirar os estímulos ainda em 2013, um forte nervosismo tomou conta dos investidores, e a renda fixa global foi acometida pela forte volatilidade. “Se os estímulos forem retirados com parcimônia, tudo se equilibra com mais facilidade. Se errarem na mão, pode ter uma balançada maior. A flexibilidade vai no sentido de ver como as coisas estão indo, e se posicionar de determinada maneira”.
Le Grazie foi o vencedor do Trófeu Benchmark na categoria de renda fixa, e tem extensa experiência que contribui para uma gestão equilibrada e de confiança. O executivo foi por 20 anos tesoureiro do Lloyds Bank, depois trabalhou sete anos em duas assets independentes, Proventus Invest e Banif Nitor Asset Management, com o enfoque em renda fixa e multimercados, e há três anos é o responsável por esses dois mercados na Bram. Entre 2006 e 2007, o gestor, que é formado em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas, foi consultor de assuntos de dívida pública do BID.