Edição 255
O ano de 2013 pode ser considerado completamente atípico e inóspito para os RPPS na visão de Antonio Corrêa, superintendente do Seprev (Instituto de Previdência de Indaiatuba). Em função da movimentação do mercado financeiro e dos cenários externos e internos, o comportamento de algumas carteiras, principalmente a de renda fixa, foi alterado bruscamente. O desempenho global do Seprev teve, em média, cinco meses de rendimento negativo, fato totalmente incomum segundo Corrêa, que ganhou o Troféu Benchmark na categoria de melhor profissional de controle de risco para RPPS. Nesta conjuntura, foi importante a comunicação com os conselhos deliberativo e fiscal para manter a tranquilidade dentro do instituto.
Diante das dificuldades enfrentadas em 2013, foi extremamente complicado lidar com as limitações impostas às possíveis alternativas do mercado. “A própria resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), a 3922, estabelece limites e regras, e nós não temos como fugir muito disso”, explica Corrêa. Há 20 anos no comando do Seprev, Corrêa não se lembra de outro momento tão volátil para as carteiras.
Apesar das restrições, o profissional acredita que a resolução do CMN é importante porque define parâmetros de segurança, tornando mais assertivo o controle do risco. Para 2014, a política de investimentos do Seprev não deve ter alterações bruscas. Hoje, 72% do patrimônio está aplicado em renda fixa, e a porcentagem não deve se afastar muito deste patamar. “A previsão é de que a Selic suba um pouco mais no ano que vem, e isso tende a nos beneficiar”, afirma. O superintendente acredita, ainda, que o ano de 2014 deve ser um pouco melhor do que 2013, mas ainda haverá fatores que podem gerar forte volatilidade no mercado.
“O PIB é um fator importante e que mexe na rentabilidade. O cenário internacional também pode causar algum reflexo para o mercado, e é ano de eleição, o que pode provocar oscilações”, completa Corrêa.
Antes do Seprev, Corrêa teve uma longa carreira no Banespa, passando os últimos 10 anos em que trabalhou no banco, pela área financeira de atendimento a pessoas jurídicas, onde se aposentou como gerente adjunto. No início, a lei que originou o Seprev determinou uma carência de 10 anos para o início do pagamento dos benefícios, o que, segundo Corrêa, contribuiu muito para a formação do patrimônio atual, que está em R$ 514 milhões. “O mercado também favorecia esse grande retorno. Tínhamos uma meta que cumpríamos com tranqüilidade, porque as aplicações em renda fixa ofereciam um rendimento bom”, completa.