Edição 246
Utilizados como saídas estratégicas para garantir uma divisão equilibrada dos portfólios, os fundos de investimentos e suas opções de produtos estruturados, também chamadas de alternativos, apresentaram forte crescimento em 2012. O destaque ficou com os fundos imobiliários que cresceram 118,35% em patrimônio em 12 meses, enquanto os fundos de private equity aumentaram 42,63% no mesmo período. Em 2013, os gestores esperam que os produtos estruturados continuem crescendo com maior participação dos investidores institucionais que estão ampliando suas estratégias de investimento mais sofisticadas.
O BTG Pactual foi o gestor que mais cresceu no último ano na categoria de fundos imobiliários. Em 12 meses, o crescimento foi de 844,57%, o que fez com que a asset saísse do 5º lugar no ranking do ano passado para o primeiro no final de 2012, deixando para trás nomes como Caixa Econômica Federal e Rio Bravo Investimentos. Segundo o responsável pela área de real estate do banco, Marcelo Fedak, a nova posição foi alcançada graças a consolidação de um esforço que já estava em andamento na casa. “Sempre acreditamos no segmento imobiliário, seja por razões tributárias, no caso da pessoa física que é isenta de impostos, seja pela facilidade de negociação em bolsa que ela apresenta, o que leva mais segurança ao investidor”, diz.
Fedak detalha ainda que neste ambiente de juros baixos, em que a procura por boa rentabilidade se faz mais intensa, houve um forte aumento da demanda pela opção, o que permitiu a captação de cerca de R$ 3 bilhões aos fundos imobiliários da asset.
Do ponto de vista dos institucionais, o chefe da distribuição local de ativos de renda fixa e fundos de investimento do BTG Pactual, Marcelo Flora, afirma que este tipo de fundo se encaixa com a política de investimentos das entidades fechadas e que 2013 será um ano de maior participação deste tipo de investidor. Os principais pontos que garantiram ganhos à instituição foram a incorporação da Brazilian Capital em conjunto com o PanAmericano feita em 2012, que levou fundos que somavam R$ 9 bilhões. A coordenação das ofertas para um fundo lançado pela Votorantim também ajudou na colocação do banco.
Além do segmento imobiliário, as categorias de offshore e carteiras administradas renderam destaque ao BTG Pactual. No primeiro caso, a asset ficou na segunda posição no geral e a justificativa foi o crescimento do interesse estrangeiro em investir no Brasil, pois mesmo com juros menores, eles continuam atrativos. O grupo vem aproveitando a demanda para oferecer produtos que tenham relação com ativos da América Latina, de países como Chile e Colômbia. Com as carteiras administradas, por sua vez, o BTG Pacual registrou o maior crescimento em 12 meses, devido aos contratos de gestão fechados com fundos soberanos estrangeiros com volumes de até US$ 1 bilhão.
Agora no 3º lugar em fundos imobiliários, a líder do ranking anterior, Rio Bravo Investimentos, cresceu 10,87% em 12 meses. O diretor de investimentos imobiliários, José Diniz, credita o desempenho da asset ao trabalho de sua equipe interna, que segundo ele, é dedicada e especializada no mercado imobiliário, com passagens por projetos de incorporação e corretagem.
De um total de 90 pessoas, 15 prestam atendimento ao segmento. Diniz sinaliza que desde o início do ano passado os fundos de pensão têm apresentado mais interesse em aplicar ativos na área e que os RPPS demoraram um pouco mais para “entrar no jogo”, afirma. Atualmente, a gestora atua com fundos de lajes corporativas, imóveis comerciais, varejo e bancos.
Private equity – Apesar de ficar com a 2ª posição em fundos de participações, perdendo apenas para a Caixa Econômica Federal que administra os recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o Pátria fez de 2012 um ano de aproximação com institucionais locais, diz o sócio responsável pela área de relações com investidores, Nemer Rahal. Com posição de destaque, a gestora investiu em um intenso trabalho de divulgação dos produtos e aumentou sua influência com instituições que já conheciam seus serviços.
Se tratando dos desempenhos dos clientes e da companhia, a preocupação com aderência dos mandatos foi prioridade junto ao nível de confiança que cresceu entre a empresa e algumas fundações e regimes próprios, além deste aspecto, a disciplina e a experiência dos analistas envolvidos em cada estratégia fez a diferença no planejamento de cada portfólio, defende Rahal.
“O relacionamento no ante e pós-venda é preocupação constante da equipe. Queremos que o cliente compreenda nossos passos e se sinta confortável em trabalhar com a gente, isso é um fator determinante na nossa gestão”, finaliza.
Na liderança dos fundos offshore, aparece a BB DTVM com crescimento de 12,22% em 12 meses. O presidente da asset, Carlos Takahashi, explica que a gestora trabalha com duas estratégias. A principal delas ocorre junto às grandes corporações que mantém negócios globais, que são companhias que necessitam de soluções locais nos mais diversos países do mundo para fazer a gestão de seus caixas. A intenção delas é mantê-los atrelados ao risco Brasil, mas alocados no exterior. Nossa família de fundos permite essa manobra, o que explica nossos ganhos. E a segunda é feita pelo setor de private banking que tem procurado desenvolver esta área atuando em Miami e Paris. Na Claritas, o posicionamento de oferecer os mesmos produtos dentro e fora do país rendeu o 4° lugar do ranking na categoria Offshore e o 2° maior crescimento no segmento em 12 meses. “Mesmo depois de 2008, quando os focos foram o mercado interno, já que o internacional sofreu com os impactos da crise, persistimos com esta estratégia”, conta o sócio responsável pelo relacionamento com investidores, Marcelo Karvelis. Desde então, a casa ampliou a prateleira e isso tende a continuar. De acordo com ele, a ideia é utilizar a tecnologia e acessar o mercado externo por meio da fusão com a Principal, que comprou 60% da asset em 2012.
O diretor de clientes institucionais e produtos da Itaú Asset Management, Roberto Nishikawa, relacionou o forte crescimento dos fundos offshore (164,18% em 12 meses) ao aumento do interesse dos estrangeiros em investir na América Latina e no Brasil.
Em fundos abertos, Nishikawa conta que também cresceu ao apostar em produtos mais diferenciados voltados aos clientes private e institucionais. A busca por fundos diferenciados foi impulsionada pelo fechamento das taxas na renda fixa.