Em busca de alternativas | Mudanças no perfil da renda fixa, com ...

SCANDIUZZI: produtos vinculados ao IMA-BRanking TOP ASSETRanking TOP ASSETRanking TOP ASSETEdição 246

 

Mesmo com a queda brusca da Selic nos últimos meses, mais de 58% de todo o dinheiro administrado pelas 152 gestoras que participam deste Top Asset ainda está aplicado em títulos públicos. Segundo os próprios gestores, ao mesmo tempo que a diversificação é uma necessidade, ela é um desafio e uma oportunidade. E o ranking consegue medir também ativos que estão crescendo a taxas importantes, como Recibos de Ações, do Brasil e do Exterior, Empresas Fechadas e Fundos de Terceiros. Além de opções até então pouco utilizadas como Instrumentos Cambiais e Direitos Creditórios.

O crescimento do valor investido em títulos públicos desacelerou no segundo semestre do ano, o que, de alguma forma, mostra uma perda de fôlego à medida que a taxa básica de juros foi sendo reduzida.

O presidente da BB DTVM, Carlos Massaru Takahashi, avalia que o primeiro movimento neste novo cenário é, antes de sair dos papéis do tesouro, a desindexação e a opção por títulos pré-fixados. “O primeiro movimento não é reduzir exposição de títulos públicos, mas mudar esta exposição. Este movimento é de desindexação, migrando de DI para índice de preços e de títulos de pós para pré-fixados.”

Na opinião de Takahashi, o novo patamar de juros no país não decreta o fracasso do mercado de renda fixa. No último ano, a BB DTVM cresceu tanto nos títulos públicos quanto nos privados, o que, segundo seu presidente prova que o que vai mudar é o perfil da opção. “A renda fixa vai continuar sendo importante, mas vai mudar a distribuição. Vai crescer o crédito privado, tanto o corporativo quanto o financeiro. O primeiro movimento é sair do mundo dos juros e do DI, a desindexação”, diz. A BB DTVM é a asset com mais recursos em títulos públicos e cresceu 14,27% em 2012.

O diretor superintendente da Bram, Joaquim Levy, é um pouco mais cético quanto ao futuro dos títulos públicos. A asset viu seu patrimônio líquido em títulos do governo crescer 29% em 2012. Para Levy, os bons resultados vieram para quem investiu em um horizonte mais longo, mas 2013 deve ser um ano de mais mudanças. “Titulo público tem uma mudança importante. Ano passado foi o ano da queda de juros, quem tinha perspectiva mais longa teve um ano sorridente. Pra este ano vai ser diferente. O crédito vai continuar importante, mas multimercados vai ganhar espaço”, diz Levy.

Com o segundo maior crescimento entre os dez primeiros colocados em papéis do Tesouro, aparece o BTG Pactual. “Na carona do fechamento do juro real, vimos demanda dos institucionais, pessoa física e investimos em produtos vinculados ao IMA-B, o que apresentou bons resultados, com 35%”, conta o estrategista-chefe da área de asset management do BTG Pactual, João Scandiuzzi.

Crédito privado – Os títulos privados se apresentam como uma opção de diversificação dentro da renda fixa. Na Itaú Asset, percebeu-se uma demanda mais forte em 2012 que nos anos anteriores, principalmente por parte do investidor de atacado, incluindo os institucionais. Agora o objetivo é buscar estratégias com maior exposição ao crédito privado em função das taxas de juros reduzidas dos títulos públicos.

O BTG Pactual aumentou seu patrimônio líquido neste ativo em 49,6% e obteve o maior crescimento no ano. O responsável pela distribuição de ativos de renda fixa do BTG, Marcelo Flora, diz que a mudança de estratégia com a queda dos juros foi fundamental para o bom desempenho. “Em títulos privados sempre constituímos carteiras muito líquidas. E por causa dos juros baixos reduzimos bastante nossas posições em caixa, alocando estes recursos tanto em títulos públicos quanto em títulos privados. Alocamos em crédito privado, tivemos consolidação de um fundo de crédito corporativo que hoje soma R$ 1 bilhão, lançado no primeiro semestre do ano passado”, conta Marcelo Flora.

Um dos grandes problemas dos papéis de renda fixa privados, de acordo com gestores, é que ainda não há oferta suficiente no mercado. Segundo o presidente da BB DTVM, esta transição está em curso, acontecendo na velocidade adequada. Para ele, a mudança passa também pelo convencimento dos gestores. “É mais que uma mudança estrutural, é uma mudança cultural”, diz Takahashi.

Joaquim Levy admite que a Bram trabalha no mesmo sentido, conversando com os investidores e tentando encontrar o tempo certo de cada um. “A gente tem um diálogo com as fundações pra discutir capacidade de aceitação de risco. O problema é a falta de emissão. Nosso objetivo primeiro é fazer essa transição de maneira bastante cautelosa para que ninguém tenha experiências desanimadoras. Está bem claro que as fundações precisam estar preparadas para tomar risco, mas isso não quer dizer tomar risco desnecessário.”

Renda variável – A cautela adotada na transição para o crédito privado é a mesma quando se fala em ações. É consenso que a exposição em renda variável vai aumentar nos próximos anos, principalmente entre os institucionais às voltas com a necessidade de cumprir suas metas atuariais, mas não é possível prever a velocidade desta mudança, que já começou.

A BB DTVM perdeu recursos em Ações BR, mas se manteve na primeira colocação seguida por Itaú e Caixa. Segundo Carlos Takahashi, o desempenho ficou prejudicado pela exposição em alguns setores como de commodities e setor elétrico. “Não houve perda de captação, mas valor de patrimônio líquido devido à desvalorização”.

A BlackRock, com seus fundos de índices, os ETFs, apresentou crescimento significativo de 171% em ações Br em um ano classificado pela direção da asset como o de afirmação. O crescimento se deu, principalmente, entre os institucionais que aumentaram sua alocação nos fundos de índice da gestora.

O BTG também aumentou o patrimônio alocado em ações graças ao aumento da demanda pela gestão ativa, segundo o estrategista-chefe, João Scandiuzzi. “Somos especialistas, a maior parte dos nossos mandatos são em multimercados. Oferecemos retorno ao investidor baseado e contando principalmente com renda variável”, diz.

Mas o trabalho de diversificação não se dá apenas no Brasil. As assets têm feito um esforço para emplacar produtos de investimento no exterior. No Itaú, o trabalho mais intenso vem sendo feito na América Latina, principalmente no México, Chile, Colômbia e Peru. “O grosso das ações de empresas estrangeiras é da América Latina. O investidor estrangeiro se interessa primeiro por fundos regionais, depois por ações de cada país”, conta o diretor de clientes institucionais e produtos da Itaú, Roberto Nishikawa.