Edição 114
O mercado de administração de recursos de terceiros cresceu pouco no último semestre do ano passado, passando de R$ 416,09 bilhões na posição de 30 de junho de 2001 (8º Top Asset) para R$ 430,84 bilhões em 31 de dezembro passado (9º Top Asset). Esse pequeno crescimento, de 3,54% em seis meses, reflete de forma bem clara a retração dos investidores no semestre. Com a retração da economia norte-americana, crise na Argentina e atentado terrorista ao World Trade Center de Nova York, muitos investidores, principalmente os estrangeiros, preferiram deixar o país em busca de refúgios mais seguros para o seu dinheiro. As aplicações de investidores externos caiu de R$ 16,06 bilhões no 8º Top para R$ 11,71 bilhões no 9º Top. Ou seja, os investidores externos, que eram 3,9% do total de recursos sob gestão na posição de meados do ano passado passaram a ser apenas 2,7% na posição do final do ano passado.
Diferentemente dos investidores estrangeiros que migraram seus recursos para locais mais seguros, provavelmente para títulos do governo norte-americano, os investidores brasileiros também migraram só que rumo aos títulos privados de empresas. Ao final do ano passado, nada menos de R$ 52,76 bilhões estavam alocados em títulos privados, ou 12,2% do volume total de recursos sob gestão. Em meados do ano, os títulos privados recebiam apenas R$ 28,20 bilhões, ou 6,8% do total.
“Ainda observamos uma concentração de ativos muito grande na renda fixa”, diz o diretor da Bradesco Asset management – BRAM, Robert van Dijk. “Eu diria que, em algum momento no futuro, a surpresa talvez venha quando tivermos uma participação relativa da renda fixa um pouco menor, dando espaço para o incremento de outras alternativas de investimentos”.
Entre outras coisas, essa concentração na renda fixa tem sacrificado as margens de rentabilidade das assets, porque torna-se difícil cobrar margens maiores para administrar fundos de renda fixa DI, cuja única especialização exigida do gestor é a de comprar títulos públicos. “Daqui para a frente, acreditamos que o mercado passará a abrir mais espaço para produtos diferenciados, com mais sofisticação”, afirma o diretor da área de institucionais do Itaú, Alexandre Zákia. “Nesses produtos, o que valerá não serão as taxas baixas mas a capacidade do gestor de agregar valor, de trazer rentabilidade. E ele ganhará performance sobre o que conseguir”.
Taxas – Um dos clientes que obteve as maiores reduções das taxas de administração foram os fundos de pensão, devido ao volume que controlam. No atual consolidado das assets, os fundos de pensão representam 21,6% do total, contra 21,1% do ranking anterior. Em valores, eles representam R$ 92,98 bilhões, contra R$ 87,69 bilhões no ranking passado. “Provavelmente os fundos de pensão não cresceram tanto quanto poderiam no segundo semestre do ano passado, devido à indefinição das regras tributárias, mas acho que a partir do acordo feito com a Receita Federal ficará mais fácil crescer”, avalia o diretor da BB Administração de Ativos, Nemésio Altoé.
O segmento private aumentou sua participação no total de recursos administrados de 8% para 8,8%, com os volumes saindo de R$ 33,29 bilhões para 37,70 bilhões. Já o segmento corporate desacelerou-se e passou longe dos desempenho verificado no 8º Top , quando registrara crescimento de 5,1% e atingira cifra de R$ 52,98 bilhões. Desta vez, contribuiu com R$ 51,23 bilhões ou 11,9% do total administrado.
A BB Administração de Ativos assumiu a liderança do segmento corporate, com R$ 7,24 bilhões sob gestão. Para chegar à essa posição a BB deu um salto, vinda da terceira posição no ranking anterior, com R$ 5,94 bilhões. A BRAM, que ocupava a liderança de corporate no ranking anterior desceu para o quarto lugar.
Apesar dessa queda, a Bram foi a que mais se destacou neste ranking, colocando-se como a maior gestora de recursos oriundos dos segmentos previdência aberta, seguradoras, capitalização e na gestão de recursos de outras assets.
O Itaú também consolidou sua liderança como o maior administrador privado de recursos de fundos de pensão e o maior administrador de recursos de clientes private, dobrando os volumes do segmento em sua carteira total de negócios, graças às captações de rotina e com o reforço da carteira da asset do LAM, incorporada ao seu portfólio no final do ano passado. Com R$ 7,65 bilhões de clientes private, o Itaú mantém uma boa distância do segundo lugar conquistado pela HSBC Brain, com R$ 3,55 bilhões.
Em varejo, de onde provém nada menos que 34,4% dos recursos administrados pelas assets – cerca de R$ 148,10 bilhões -, a BB Administração de Ativos mantém-se líder graças à extensa rede de captação, que neste ano deve passar dos 9 mil pontos de atendimento em todo o País. A empresa tem sob gestão R$ 28,17 bilhões provenientes do varejo.
Entre os mais focados neste TOP ASSET, surgem alguns nomes novos, como a Leme Investimentos, no segmento de previdência fechada, com R$ 40,4 milhões, ou a Tática DTVM, com R$ 70 milhões vindos do segmento private. Destaque ainda para a Claritas, que com três anos, surge como a mais focada, com quase 60% dos recursos originários do segmento de assets.
Nossos critérios
As informações apresentadas no 9º Ranking Top Asset representam a posição de cada administrador no dia 31 de dezembro de 2001, prestadas por cada um deles à área de pesquisa desta revista. O ranking engloba apenas e unicamente os recursos discricionários administrados pela empresa, ou seja, aqueles sobre os quais a empresa gestora possui mandato do cliente para movimentar.
A seguir, uma explicação sobre cada item do ranking:
Maiores e mais focados
Os maiores por segmento são aqueles que detêm o maior volume de recursos na área, enquanto os mais focados são os que se concentram em um determinado tipo de cliente ou mercado.
– Recursos Administrados
Total: Soma dos recursos discricionários administrados pela instituição, incluindo recursos do próprio grupo e recursos de terceiros.
– Por propriedade
Recursos do Grupo: pertencentes ao grupo ou sócios.
Recursos de Terceiros: recursos captados no mercadopela asset, seja diretamente ou através de outras empresas que podem ou não pertencer ao grupo.
– Por produtos
Fundos Abertos: abertos ao público em geral, sob a forma de condomínio aberto.
Fundos Exclusivos: voltados para investidores institucionais ou qualificados, quando eles são os únicos cotistas.
Carteiras Administradas: carteiras de investimentos de pessoas físicas, jurídicas ou instituição entregues à administração do gestor.
Fundos Imobiliários: que investem no setor imobiliário.
Fundos Off-Shore: com registro externo, que captam recursos de estrangeiros investidores no Brasil.
Fundos Private Equity: criados para investir em empresas, com prazo de carência para resgate das cotas.
Anexo IV: recursos vindos dos investidores externos diretamente para as bolsas, sem ser através de fundos.
Outros produtos: que não se enquadram em nenhum dos tipos de investimento acima.
– Por cliente
Previdência Fechada: instituições de previdência fechada, como fundos de pensão e institutos de previdência de estados e municípios.
Previdência Aberta: empresas ou áreas que comercializam planos de previdência abertos.
Seguradoras: empresas ou áreas que vendem apólices de seguros.
Capitalização: provenientes de empresas ou áreas de capitalização.
Assets: provenientes de outras assets, que investem em FIFs da instituição.
Corporate: provenientes de grandes empresas.
Private: provenientes de clientes da área private.
Varejo: provenientes da rede de varejo da instituição.
Investidores Externos: provenientes de investidores estrangeiros, na forma de fundos ou anexo IV.
Outros Clientes: que não se enquadram em nenhum dos tipos de clientes acima.
– Por alocação
Títulos Públicos: pertencentes a governos federal, estaduais e municipais.
Títulos Privados: pertencentes a empresas privadas.
Ações: ações negociadas em bolsas ou balcão.
Câmbio: moedas e títulos indexados a moedas estrangeiras.
Eurobonds e Bradies: títulos e papéis externos
Assets: recursos aplicados em FIFs de outras assets.
Outros: que não se enquadram em nenhum dos tipos de alocação acima.