Edição 274
Com 27 fundos excelentes, asset do Itaú lidera no ranking seguido pelas assets do Santander e do Bradesco com 14 e 13 fundos respectivamente
Com uma posição bastante destacada, com 27 fundos com classificação verde (excelente), a Itaú Asset alcançou a liderança do ranking de melhores fundos de investimentos para institucionais. Do total de fundos com nota máxima, onze foram de renda variável, nove de renda fixa e sete multimercados. Na segunda posição, aparece a Santander Asset Management, com 14 fundos excelentes, seguida pela Bram (Bradesco Asset Management), com 13 fundos. Também se destacaram na classificação geral, a BB DTVM e o BNP Paribas, com onze fundos verdes cada. O ranking é realizado em parceria entre a Revista Investidor Institucional e a consultoria Luz Soluções Financeiras.
No total, o ranking analisou 747 fundos de investimentos da indústria, dos quais 180 alcançaram classificação excelente (verde) e 185 ficaram com a nota amarela (adequada). O restante, ou seja, 382 fundos ficaram com a classificação insuficiente.
Além da liderança geral, a asset do Itaú despontou na dianteira nas modalidades de renda variável e multimercados. “Estamos bastante felizes com a primeira posição. Já vínhamos tentando há alguns semestres e finalmente alcançamos esse posicionamento”, diz Marcelo Siniscalchi, diretor de investimentos (CIO) da Itaú Asset. Responsável pela equipe de gestão da asset, formada por cerca de 100 profissionais, o executivo ressalta a distribuição das notas verdes (excelentes) em fundos de todas as modalidades do mercado, não apenas em renda variável, mas também em renda fixa, multimercados e crédito privado.
O gestor ressalta a diversidade da grade de fundos para institucionais, que são clientes que apresentam demanda diversificada. O resultado é atribuído pelo gestor à filosofia que privilegia o foco concentrado dos diversos times de gestão e análise de fundos da gestora do Itaú. “A indústria global de fundos está passando por uma forte mudança. Entendemos hoje que a asset precisa ter uma filosofia de gestão muito clara, que privilegie o foco, com altos investimentos em pesquisa e gestão”, explica Siniscalchi.
O gestor dá um exemplo da alta especialização da asset, com a equipe de crédito privado, que tem onze analistas que atuam com exclusividade. “Nosso analista de crédito não faz renda fixa ou vice-versa; buscamos foco, porque são assuntos diferentes”, exemplifica. Na área macro, a asset do Itaú mantém uma equipe com oito economistas.
O mesmo acontece na renda variável, em que há um time de seis analistas exclusivo para fundos Ibovespa Ativo e assim por diante, com as equipes unconstrained (valor), long and short e outros. Nos fundos long and short, por exemplo, o Itaú ficou com três produtos com a classificação máxima, todos eles na modalidade de multimercado. Na renda variável, o Itaú teve destaque com vários fundos setoriais, como de infraestrutura e commodities, além de fundos de fundos – RPI Ações Ibovespa Ativo.
Em relação aos fundos de fundos, o Itaú mantém uma área separada da asset. A área responsável pelos Fofs (fund of funds) do Itaú selecionam fundos de outras assets, ficando separada da área de gestão proprietária, que é feita pela asset.
Quando a análise exige uma expertise maior, a asset do Itaú contrata os serviços de consultoras e especialistas globais. “Temos professores de Harvard para nos fornecer consultoria de análise da economia americana, temos também especialistas em América Latina e Ásia”, comenta Siniscalchi.
Volatilidade – Com o aumento da volatilidade dos mercados doméstico e internacional, a estrutura e a filosofia da asset do Itaú, segundo o gestor, tiveram condições de buscar um melhor desempenho nas distintas classes de ativos. “Os investimentos na equipe fazem parte de um projeto de longo prazo, mas é nos períodos de maior volatilidade que podemos perceber melhor as diferenças. Claro que em momento mais tranquilos, a equipe também tem que fazer a diferença”, wdiz Siniscalchi. Ele explica que a asset tem discutido exaustivamente os fatores externos e internos que afetam o dia a dia da gestão dos fundos, tais como a previsão para a elevação dos juros americanos ou a desaceleração da economia chinesa. “Os cenários estão muito voláteis, por isso, não estamos com posicionamento de longo prazo. Neste momento, preferimos manter operações mais táticas” diz o diretor da Itaú Asset.
A forte volatilidade tem afetado todos os mercados, inclusive na renda fixa. “Temos enfrentado um cenário bastante desafiador desde o segundo semestre do ano passado nos mercados de juros e moeda”, diz Siniscalchi. A volatilidade tem exigido uma gestão mais ativa no mercado de juros para aproveitar os movimentos de abertura ou de fechamento das taxas. Um fundo que ganhou a nota verde foi o Itaú Institucional Active Fix. “É um dos carros-chefe na renda fixa, que aproveitou momentos mais fortes de fechamento das taxas, mas também conseguiu se defender bem nos meses em que tivemos maior abertura dos juros”, conta o diretor.
Convicção – Outro ponto importante na asset do Itaú é o processo de estruturação de novos produtos. A ideia é que as equipes que mantêm contato com os clientes, comercial ou especialistas de portfólio, possam levar as necessidades dos investidores para a equipe de gestão. Depois disso, a área de gestão estuda a possibilidade de estruturação de um novo fundo, caso apresente viabilidade. Em todo caso, um dos requisitos é que se alcance a convicção de que o produto possa alcançar bom desempenho ao longo do tempo. Um exemplo é o fundo Itaú FTSE Rafi BR 50, que segue um índice smart beta, desenhado em conjunto entre a asset e a Rafi. ‘Tivemos que estudar o benchmark, gastamos bastante tempo com pesquisa junto com a Rafi. Não lançamos o produto apenas por lançar, tem que ser um produto que acreditamos, que tem apelo para o cliente e que vai performar”, explica Siniscalchi.
Diretoria de Atacado – A nova estrutura organizacional do Itaú, que levou o negócio de asset para a nova diretoria geral de atacado (DGA), não afetou o funcionamento da área. “Não mudou quase nada com a vinda da Itaú Asset para a diretoria geral de atacado”, comenta o diretor da asset. Comandada por Cândido Bracher, a nova diretoria comanda a chamada WMS (Wealth Management Services) que engloba além da asset, também o private, o varejo e os serviços financeiros (administração e custódia). A WMS é uma área paritária ao Itaú BBA, assim como as áreas de América Latina e Middle Market, ficando todas debaixo do guarda-chuva da diretoria geral de atacado (DGA).
Flávio Souza é quem ficou na coordenação do WMS. Gustavo Murgel é o CEO da asset. Ainda na asset, o chefe comercial é Marcelo Fatio, que tem em sua equipe, Wagner Guida como responsável pelo relacionamento com os clientes de atacado, incluindo os fundos de pensão.
Vice-liderança – Na segunda posição geral, aparece a Santander Asset Management, a mesma colocação do ranking anterior. Novamente, a asset do Santander se destacou na modalidade de renda fixa, modalidade em que ficou na liderança, com nove fundos verdes e três amarelos (ver matéria pág. 23). A asset teve ainda outros cinco fundos de renda variável com classificação excelente. “Em virtude do aumento da volatilidade dos mercados interno e externo, procuramos reforçar a ênfase na redução do risco dos ativos”, explica Eduardo Castro, diretor de investimentos (CIO). A orientação foi bastante acentuada para os fundos de renda fixa, nos quais a asset do Santander procurou reduzir a exposição ao crédito privado. Ao mesmo tempo em que reduziu posições, procurou melhorar o rating dos papeis.
A mesma estratégia também valeu para a renda variável, mas com aspectos distintos. Na modalidade de fundos de ações, a gestora do Santander privilegiou as posições mais defensivas, com aumento do caixa dos fundos. Ao mesmo tempo, colocou ênfase na seleção de ações de empresas pagadoras de dividendos. Neste sentido, conseguiu a nota máxima (verde) em três fundos desta categoria, o Dividendos Top Ações, FIC FI Dividendos ações e o Dividendos VIP Ações. “A tônica da renda variável também foi a administração do risco em relação aos benchmarks, com uma carteira mais conservadora”, diz Castro. A estratégia foi adotada devido à projeção de fraco crescimento da economia doméstica, que se projeta também para 2016. “Buscamos posições e empresas que se beneficiassem com o câmbio ao mesmo tempo que aumentamos a posição de caixa dos fundos”, diz o diretor da Santander Asset.
Uma das apostas da gestora para crescer tanto no mercado global quanto local, é a fusão com a asset Pioneer. Controlada pela italiana Unicredit, a Pioneer fechou um negócio de fusão com a asset do Santander em abril de 2015. “Apesar da Pioneer não ter presença no Brasil, o negócio vai alavancar nosso crescimento em todos os mercado, inclusive aqui. Para os investidores brasileiros, por exemplo, vamos oferecer maior diversidade de fundos no exterior”, prevê Castro. O negócio deve provocar a duplicação do volume de ativos sob gestão da nova asset surgida pela união do Santander com a Pioneer.
Cinco primeiros – Na lista dos cinco primeiros colocados, na terceira posição aparece a Bradesco Asset Management (Bram). A asset emplacou cinco fundos excelentes de renda fixa, cinco de renda variável e três multimercados. Nesta categoria, a Bram teve destaque com três fundos com estratégias no exterior.
A quarta posição no ranking geral ficou com a BB DTVM, que tinha ficado no topo do ranking anterior. O destaque desta vez foram os fundos de renda variável, com oito produtos com nota verde (excelente). Com isso, a asset do BB ficou na segunda colocação na renda variável (ver matéria pág. 30), atrás apenas da asset do Itaú. Fechando a quinta posição, aparece a asset do BNP Paribas, também se destacando com os fundos de ações, dos quais sete ficaram com a classificação máxima. Cinco deles são fundos no exterior. O BNP Paribas foi a primeira asset a lançar uma família de fundos internacionais voltada para institucionais domésticos. O fato de ter lançado o produto antes que a concorrência, ressalta Luiz Sorge, presidente da asset, gerou uma vantagem operacional para testar o veículo, acumulando maior track record. Os fundos no exterior da asset seguem estratégias de renda variável em diversos mercados. “Evidentemente escolhemos fundos de ações, dado os altos juros locais, naquele momento não faria sentido buscar a renda fixa global”, completa Sorge.
Fundos DI e ações crescimento são destaques
Em um período de crescimento da volatilidade dos mercados, foram poucas as classes de fundos que tiveram maior quantidade de veículos com classificação excelente. As exceções ficaram com os fundos pós-fixados, na renda fixa, e os fundos de crescimento (growth) na renda variável. “Entre os fundos de ações, a maior quantidade de fundos verdes se concentrou na estratégia de crescimento, que aposta em empresas mais sólidas, com perspectivas de continuidade ao longo do tempo”, diz Mária Paula Cicogna, consultora da Luz Soluções e uma das responsáveis junto com Cecília Harumi, pela elaboração do ranking de melhores fundos.
Os fundos de estatégia growth, que privilegia as ações de empresas com maior potencial de desenvolvimento, tiveram desempenho superior aos de valor e outras categorias em renda variável. “Os fundos de valor, que tiveram bom desempenho em rankings anteriores, nesta edição ficaram como destaque negativo”, diz a consultora.
Escassos também foram os fundos multimercados com classificação excelente. O que salvou a modalidade de multimercado, na verdade, foram os fundos com estratégias no exterior, que estão dentro desta categoria mais ampla (ver matéria pág. 26). Porém, os multimercados mais clássicos, como os da classe macro, tiveram poucos fundos com nota máxima. Outros multimercados que com bom desempenho foram os da classe alfa indexados, que seguem o benchmark de IPCA mais 6% ao ano.
Mas a salvação mesmo nesta edição do ranking ficou com a modalidade de renda fixa, mais especificamente nos fundos pós-fixados. “O maior destaque ficou com os fundos beta de renda fixa, pós-fixados, que se beneficiaram basicamente da abertura das taxas de juros ao mesmo tempo que apresentam baixa volatilidade”, diz Maria Paula. Grande parte dos fundos tem benchmark DI e foram beneficiados pelos sucessivos aumentos da taxa Selic. Porém, nem todas as classes de renda fixa foram bem. Estes são os casos dos fundos pré-fixados e compostos, que ficaram em sua maioria, com classificação amarela ou vermelha.