Edição 241
A previsão para o movimento dos juros no primeiro semestre de 2012 era de continuidade do ciclo do corte da taxa básica. A Bram acertou ao prever a aceleração da queda dos juros tanto reais quanto nominais, inclusive no longo prazo. Por isso, apostou em posições de papéis pré-fixados e dos títulos atrelados à família de índices IMA. “Estávamos prevendo a redução dos juros para os menores patamares históricos, o que foi se concretizando durante o semestre. Por outro lado, também prevíamos a redução da atividade da economia brasileira”, explica Reinaldo Le Grazie, diretor de renda fixa e multimercados da Bram.
No ranking atual, a Bram emplacou 15 fundos verdes, e ficou com a segunda posição no geral, atrás apenas do Itaú Asset Management. No ranking anterior, a Bram tinha ficado com a terceira colocação geral, com 12 fundos excelentes. O principal destaque do gestor ficou na categoria de renda fixa. De um total de 10 fundos na categoria, oito receberam a classicação verde, uma amarela e apenas um com a nota vermelha. Dos fundos excelentes, três possuem o índice IRFM e um utiliza o IMA-Geral. Esses índices pertencem à família IMA de indexadores e fazem referência a títulos públicos pré-fixados. São títulos indexados à inflação (IPCA) mais um prêmio. “Procuramos aproveitar ao máximo o grande movimento de queda nos juros que esperávamos para o período”, diz Le Grazie.
Outra estratégia, não tão importante quanto a dos títulos públicos pré-fixados, mas que também foi utilizada pela Bram, foi o aumento da exposição ao crédito privado. “O mercado de crédito corporativo vive um momento único no Brasil. É uma opção importante em um mercado em que a bolsa está parada há mais de dois anos e os juros dos títulos públicos estão em queda”, afirma o diretor da Bram.
No segmento de crédito privado, o executivo lembra o impacto da Instrução CVM 476, que facilitou a emissão de debêntures voltada para investidores qualificados. Ainda na classe de crédito privado, o diretor revela que alguns fundos da Bram também se beneficiaram com o movimento de alongamento das Letras Financeiras (LFs). “Aproveitamos o alongamento das LFs realizado pela maioria dos grandes bancos nos últimos meses”, diz Le Grazie.
Na categoria de multimercados, a Bram teve apenas um fundo, o MM Plus, com a classificação verde. É um fundo que utiliza todas as ferramentas de gestão, menos day trade e short, e que também se valeu de posições de juros pré-fixados (NTN-Bs), além de operações residuais de câmbio, que vinham do semestre anterior.
Renda variável – Além dos produtos de renda fixa, a Bram também conseguiu uma boa colocação no ranking dos melhores fundos de ações. Com seis fundos de renda variável com classificação verde, a asset do Bradesco ficou no topo do ranking junto com o Itaú e o Santander. Neste segmento, o gestor trabalhou com um cenário de agravamento da situação financeira mundial, além do pessimismo com o ciclo econômico nacional. “Começamos o ano com um cenário que apontava para o aumento da insegurança internacional. Por isso, buscamos uma posição mais conservadora em alocação de bolsa”, comenta Le Grazie.
Como o gestor não acreditava em retomada da bolsa, apostou em posições de papéis mais defensivos. Com isso, alcançou a nota máxima com seus fundos de dividendos, infraestrutura e consumo. Este último, foi uma aposta em ações de determinadas empresas de consumo, que apesar da queda da atividade econômica brasileira, deveriam manter o ritmo de crescimento e valorização, devido à manutenção do poder aquisitivo das famílias. Outro fundo com excelente desempenho, foi o de small caps, com empresas com alto valor agregado. Além disso, a Bram conseguiu também nota máxima com um fundo de IBrX ativo.
Para o segundo semestre, a Bram vem utilizando uma análise de cenários mais otimista, tanto para os mercados internacionais, quanto para a economia brasileira. Apesar de prever também a estabilização do patamar dos juros básicos, o gestor está esperando uma retomada do crescimento mais acentuado do PIB. Além disso, afastou o risco de ruptura da Zona do Euro e, por isso, as perspectivas para bolsa devem melhorar nos próximos meses.
Para os investidores institucionais, o diretor da Bram acredita que os fundos de pensão e regimes próprios estão aceitando assumir posições de maior risco com o objetivo de melhorar a rentabilidade de suas carteiras. Também estão aceitando posições em ativos de maior prazo, acima de 10 ou até 12 anos. Ele acredita que uma das opções que deve decolar em breve para o segmento de institucionais são as debêntures de infraestrutura, além da manutenção da tendência de aumento da exposição em crédito privado.