Edição 236
A XP Gestão passou no segundo semestre do ano passado por um processo de aumento de equipe. Além de reforçar o time de risco operacional, a asset trouxe novos gestores e analistas para os seus quadros. O motivo dessa movimentação é a entrada da XP Gestão em um novo segmento de atuação. “Já tínhamos fundos multimercado, mas agora estamos ingressando no nicho de fundos direcionais que operam moedas, juros, bolsa e outros ativos, como são os chamados hedge funds”, afirma André Vainer, gestor da XP Gestão.
Apesar de as contratações terem sido motivadas principalmente pela nova atuação, Vainer diz que o aumento da equipe foi bom para a asset como um todo, uma vez que foi possível “trazer uma visão mais macroeconômica” para a casa. “Começamos a trabalhar como uma gestora totalmente voltada para equity. Há pouco mais de dois anos abrimos um fundo de crédito, mas ainda assim continuamos com um foco bastante micro. Agora, fizemos esse movimento de criar uma área mais macro. Isso é importante porque, além de novos produtos, nós agregamos uma visão macroeconômica com a qual não contávamos”, reforça o gestor.
E até por conta da estrutura e da visão que a XP já apresentava antes da chegada da nova equipe e do lançamento de novos produtos, os fundos que receberam o selo verde nesta edição do ranking sofrem muito pouca interferência do comportamento do mercado. A XP Gestão teve seis fundos classificados como excelentes – um de renda fixa, um de renda variável e quatro multimercados.
Vainer cita que o XP Long Short Multimercado, por exemplo, é um fundo neutro, sem esforço direcional. “Fazemos operações casadas. Tudo em que ele está comprado ele também está vendido, sendo que as apostas são microeconômicas e em assuntos correlatos, para que nós possamos isolar riscos como os de bolsa, câmbio e macro, entre outros. No fim das contas, o panorama do mercado em si afeta muito pouco a gestão de um produto como esse”, explica o gestor.
Bolsa – Vainer completa que nos produtos de equity a XP é totalmente voltada para stock picking. “Procuramos nos diferenciar olhando o lado microeconômico das empresas. Não que o macro não importe, mas não é nele que nós baseamos as nossas alocações. É claro que nós avaliamos como as variáveis macro podem afetar ou não as empresas que temos em carteira, mas nunca definimos o setor em que vamos investir a partir de uma mudança sob o ponto de vista da macro”, aponta.
Vainer comenta, no entanto, que a baixa acentuada da Bolsa no ano passado acabou trazendo oportunidades que a XP aproveitou. “Quando a Bolsa teve uma queda bastante representativa no segundo semestre do ano passado, foi gerada uma série de distorções. Como em toda queda generalizada, nem todas as pessoas saem das posições porque a empresa vai mal ou a ação está cara, mas sim porque bate o desespero. Isso sempre traz uma gama de oportunidades muito grande. No segundo semestre de 2011, havia empresas boas que estavam sofrendo muito. Para quem consegue ter um passivo melhor ou uma visão mais de longo prazo, gerou-se oportunidades boas de compra. Foi o que nós procuramos fazer”, recorda.
A escolha de bons papéis foi um dos trunfos do fundo de renda variável da XP Gestão que recebeu o selo verde nesta edição do ranking. Vainer conta que o XP Absoluto Consumo é um long only que tem basicamente 95% de seu patrimônio comprado e é voltado para empresas cuja atividade é focada no mercado interno. O gestor considera que a boa performance do produto se deveu ao fato de a XP ter conseguido alocar o capital em empresas do setor de consumo e varejo que foram muito bem. “Vale citar como principal exemplo a Alpargatas, que sem dúvida foi o destaque positivo do fundo, além de outras como a Sonae Sierra, do segmento de shoppings. Algumas alocações específicas deste fundo geraram bastante retorno, mas a grande maioria dos papéis teve resultado positivo. Fomos felizes na alocação dos ativos e o setor de consumo no Brasil performou muito bem”, resume o gestor.