As três fases que definiram o ano passado | Com sete fundos excel...

Edição 143

A segunda colocada no ranking da RiskOffice foi a ABN AMRO Asset Management, com 7 fundos institucionais marcados com a cor verde. Todas as aplicações selecionadas fazem parte do segmento de renda fixa e tiveram rendimento entre 102% e 105% do CDI, o que significa uma taxa de retorno entre 22% e 23%. Entre os fundos que mais se destacaram estão o Real FAQ Empresa I DI, o ABN Amro FAQ Profit Premium DI e o ABN Amro FAQ Manager Premium.
Segundo o superintendente de renda fixa da instituição, Eduardo Castro, o ano de 2003 foi dividido em três fases. No início do ano, durante o primeiro trimestre, o mercado manteve-se conservador, com muitas dúvidas sobre como o novo governo iria conduzir a política monetária e fiscal do país. O país acabara de passar por um processo eleitoral conturbado, marcado pela disparada da cotação da moeda americana, aumento dos índices de inflação, combinada com um cenário externo também desfavorável. “Nesse período, as carteiras dos fundos de renda fixa estavam compostas principalmente com títulos da dívida pública pós-fixada (LFTs) de curto prazo, com vencimento até 2005, e grandes posições em papéis indexados à índices de inflação como o IGP-M. Foi um período em que os investidores institucionais se mantiveram bastante na defensiva e evitaram assumir riscos”, comenta Castro.
Já a segunda fase do ano foi mais amena, na medida em que o governo demonstrou que seria bastante austero para enfrentar a ameaça da inflação e teria responsabilidade com os compromissos fiscais do país. “Com isso, as posições em IGP-M se reduziram significativamente. Em março, já haviam diminuído em cerca de 50%, ao mesmo tempo em que as carteiras dos fundos começaram a se preencher com títulos da dívida pública de prazo maior”, afirma o superintendente. A última fase do ano, segundo ele, foi de consolidação da confiança no cenário econômico e no novo governo. A partir de agosto, os investidores institucionais passaram a adotar um perfil mais agressivo e os fundos destinados a esses clientes aumentaram a parcela de títulos prefixados das aplicações e começaram a aceitar LFTs de prazo mais longo, com vencimento médio em 2008. “O ano passado foi bom para a renda variável também, com a virada do mercado de bolsa, que compensou as perdas registradas em 2002”, diz ele.
Nominalmente, os fundos institucionais não devem repetir em 2004 a mesma performance registrada no ano passado. Na renda fixa, de acordo com Castro, há perspectivas de queda de juros, mas sem grandes exageros. “Diferente de 2003, quando parecia consenso que as aplicações corretas eram os títulos prefixados, o mercado agora já mostra divergências sobre quais devem ser os melhores investimentos”, diz Castro. “Pelo andar da carruagem, não teremos nenhuma grande barganha este ano e estaremos mais sujeitos à volatilidade dos ativos”, avalia o superintendente. Na renda variável, as margens de ganho também ficarão mais apertadas, já que a bolsa alcançou um preço considerado justo pelo mercado. “Ainda assim, considero o cenário positivo para a bolsa, porque ela ainda é bastante atraente se comparada com outras bolsas da América Latina. Na nossa análise, o preço da bolsa brasileira ainda é mais barato do que o das concorrentes, embora não apresente a mesma gordura do ano passado e deva estar sujeita a maiores episódios de volatilidade no dia-a-dia”, explica ele.
Para este ano, Castro afirma que o perfil de risco de cada investidor institucional deverá ser analisado com mais atenção. Ele lembra que nos Estados Unidos, a maioria dos investidores costuma dividir seus recursos, alocando 50% em aplicações de renda fixa e os outros 50% em investimentos de renda variável. No Brasil, segundo ele, essa proporção atualmente é de 70% na renda fixa e 30% na renda variável. “Se o cenário se mantiver positivo em 2004, a tendência é que o Brasil se aproxime mais desse padrão americano. Os gestores vão ter que procurar conhecer melhor os objetivos de investimento de seus clientes institucionais”, afirma ele.