Anbima mapeia inovações que vão impactar os mercados financeiros

A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) lançou o Radar de Futuros, ferramenta que mapeia as 50 principais inovações que devem impactar os mercados financeiro e de capitais no horizonte de cinco a 10 anos.

“O objetivo é ajudar as instituições a se planejarem para as grandes transformações, e não só reagirem quando elas já estiverem batendo à porta”, afirma Marcelo Billi, superintendente de Inovação, Sustentabilidade e Educação da Anbima. “A ferramenta atende empresas de todos os portes, mas tem um papel especialmente relevante para as pequenas e médias, já que elas enfrentam mais limitações de equipe e orçamento para acompanhar e antecipar as tendências.”

As inovações estão divididas em seis áreas-chave: transformação digital; eficiência operacional e processual; gestão de riscos e inteligência de dados; regulação, transparência e compliance; sustentabilidade e reputação; e acesso e engajamento. Foram avaliadas mais de 90 inovações, pelos critérios de maturidade e relevância, e 50 delas entraram no Radar de Futuros. 

Veja as inovações de destaque em cada área-chave do Radar de Futuros:

1. Blockchain Proof-of-Stake (PoS) – O PoS é um mecanismo de consenso usado em blockchains que dispensa mineração intensiva, reduzindo o impacto ambiental e os custos operacionais. Por isso, é preferido em blockchains de segunda geração. No Brasil, pode impulsionar a tokenização de ativos, tornando emissão, negociação e liquidação mais rápidas e baratas, além de reforçar a transparência em processos mediados por instituições financeiros.

2. Passaporte Financeiro Global – É uma solução de identidade digital descentralizada que reúne dados do investidor em um registro único e interoperável. Com validações criptográficas e padrões internacionais, permite o compartilhamento seguro e auditável entre instituições financeiras, reduzindo redundâncias e facilitando o compliance. Essa tecnologia pode transformar os processos de KYC (Know Your Client) e suitability, agilizando o acesso a produtos financeiros estrangeiros.

3. Tokenização de ativos – Representa direitos sobre bens (como imóveis, recebíveis, participações empresariais, cotas de fundos ou ações) por meio de tokens digitais em blockchain. Esses tokens podem ser fracionados, permitindo investimentos menores e maior pulverização entre investidores. A emissão pode ocorrer em blockchains públicas ou privadas, com smart contracts regulando regras de emissão, distribuição e transferência. O uso da blockchain garante imutabilidade, rastreabilidade e pode reduzir custos operacionais, especialmente em liquidação, auditoria e reconciliação.

4. Contratos inteligentes – São usados em blockchains para registrar e executar transações automaticamente, com base em regras predefinidas, de forma transparente e imutável, sem intermediários. No mercado de capitais, podem automatizar rotinas complexas de fundos de investimento, como liquidação de ativos, distribuição de proventos, monitoramento de compliance e execução de contratos em emissões tokenizadas. Também permitem integrações com auditoria automatizada e trilhas em tempo real.

5. Inteligência artificial explicável – A XAI aprimora modelos de machine learning ao tornar suas decisões transparentes e interpretáveis, substituindo a lógica de “caixa-preta”. Isso facilita a validação por equipes internas, auditores e reguladores, sendo essencial para instituições financeiras que desejam usar algoritmos em gestão de portfólios, previsão de ativos e detecção de fraudes, mas enfrentam barreiras regulatórias. Além disso, a XAI fortalece a confiança do cliente, permitindo explicar recomendações de investimento de forma clara.

6. Sistemas de detecção de fraudes em tempo real – Esses sistemas usam IA, machine learning e análise comportamental para identificar, classificar e reagir automaticamente a transações suspeitas em milissegundos. Detectam padrões dinâmicos e anomalias contextuais, como acesso não autorizado, movimentações suspeitas ou lavagem de dinheiro. No mercado de capitais brasileiro, já estão sendo adotados por corretoras, bancos digitais e gestoras como parte de estratégias de compliance e segurança cibernética.