Edição 235
A presença da BB DTVM no topo da lista das maiores gestoras do País é tão esperada que ninguém por lá solta fogos por causa disso. Poucas vezes essa liderança foi ameaçada – uma delas aconteceu em 2009, quando a união entre Itaú e Unibanco fez a segunda colocada do Top Asset ficar a menos de uma dezena de bilhões de reais de distância da asset ligada ao Banco do Brasil. Em um mercado que movimenta trilhões, aquela foi realmente uma diferença pequena, principalmente porque se tratava de grandes instituições.
De lá para cá, a BB DTVM foi recuperando a folga na colocação. Na mais recente edição do Top Asset, referente às posições de 31 de dezembro de 2011, a gestora aparece no primeiro lugar, com R$ 513,6 bilhões sob gestão, enquanto o Itaú Unibanco mantém-se na segunda posição, com R$ 392,14 bilhões. Carlos Massaru Takahashi, diretor-presidente da BB DTVM, conta que também em número de cotistas a asset é líder, tendo registrado o ingresso de 288 mil cotistas no ano passado. Atualmente, a gestora tem mais de 2,1 milhões de cotistas.
A BB DTVM cresceu 15% no acumulado de 12 meses do ano passado e 2,59% levando-se em conta apenas o segundo semestre. “O crescimento no primeiro semestre foi bastante expressivo, superior ao que vínhamos obtendo em anos anteriores. Na segunda metade do ano houve uma desaceleração do crescimento, obviamente por conta de uma maior aversão a risco”, afirma o executivo.
Para Takahashi, a revisão e criação de produtos para alguns segmentos de clientes, de um lado, e um esforço forte de distribuição do Banco do Brasil, de outro, explicam o crescimento de 15% no acumulado do ano. “Com a redução de taxa de juros e do spread nos empréstimos bancários, a rentabilidade do banco passa a depender mais de áreas que geram tarifas de serviços, como a gestão de fundos”, explica o executivo. Por isso, o Banco do Brasil adotou uma postura mais agressiva de distribuição dos fundos da BB DTVM em sua rede, o que levou ao crescimento do volume de recursos sob gestão e ao aumento da base de cotistas.
Clientes – Um dos segmentos que estiveram no foco da BB DTVM no ano passado é o dos regimes próprios de previdência social (RPPS). A gestora tem uma competição histórica com a Caixa Econômica Federal neste nicho, tendo inclusive perdido a primeira posição do ranking de gestoras de RPPS para a concorrente em algumas edições do Top Asset. No levantamento mais recente, a BB DTVM mantém o primeiro lugar, mas com uma distância mínima da segunda colocada.
Entre os fundos da gestora destinados aos institutos de estados e municípios, Takahashi destaca o produto atrelado ao IDkA – Índice de Duração Constante Anbima, um conjunto de índices que medem o comportamento de carteiras sintéticas de títulos públicos federais com prazo constante. O fundo faz parte de um pacote de produtos de renda fixa que a BB DTVM lançou ou adaptou a partir da mudança nas regras dos investimentos dos RPPS, que determinou que a maior parte das alocações dos institutos em renda fixa não fosse mais atrelada ao CDI. Pela Resolução número 3.922 do Conselho Monetário Nacional (CMN), até 80% da carteira de renda fixa dos RPPS pode ser aplicada em cotas de fundos “cuja política de investimento assuma o compromisso de buscar o retorno de um dos subíndices do Índice de Mercado Anbima (IMA) ou do Índice de Duração Constante Anbima (IDkA), com exceção de qualquer subíndice atrelado à taxa de juros de um dia”. Segundo Takahashi, só em novos fundos para RPPS a BB DTVM captou R$ 1,3 bilhão no ano passado.
Já no middle market, a principal estratégia da BB DTVM foi fazer alterações em produtos com apelo de gestão de caixa das empresas, que tinham tickets muito altos. “Os tickets para esse segmento eram de R$ 200 mil. Reduzimos o ticket de entrada para R$ 90 mil em dois fundos [renda fixa e DI]. E as movimentações subsequentes ficaram com mínimos de R$ 100 para aplicação e R$ 50 para resgate. Os fundos ficaram mais dinâmicos, o que é um bom facilitador para esse segmento”, considera.
No varejo, o foco foi o cliente de alta renda. “Abrimos dois multimercados – um multiestratégia e um dinâmico –, e já perto do final do ano lançamos um fundo de ações dividendos middle caps e um multimercado balanceado jovem”, afirma Takahashi. Segundo ele, “o varejo mais sofisticado” é um segmento novo para a BB DTVM. “O banco fez uma ação muito grande na rede com esse foco. Associado à maior agressividade do Banco do Brasil na distribuição de fundos, nós demos uma revisada em alguns portfólios para deixá-los mais adequados às demandas dos clientes”, resume.
Em relação aos fundos de pensão, o executivo destaca a abertura de fundos exclusivos. Segundo ele, foram criados sete deles só para fundos de pensão em 2011, o que acarretou no ingresso de algo em torno de R$ 1 bilhão em novos recursos de fundações na BB DTVM. “Obviamente, tivemos uma quantidade razoável de novos fundos de renda fixa, mas já com um mandato que inclui os títulos privados, aproveitando até um pouco a maré positiva do ano passado para DPGEs e Letras Financeiras, assim como de algumas boas emissões de debêntures. Vimos uma incidência menor de fundos de renda variável, mas foi importante a presença de fundos de renda fixa não só atrelados a títulos públicos”, reforça o executivo.
Estrangeiros – Apesar de liderar o ranking de investidores estrangeiros (com R$ 18,18 bilhões sob gestão no segmento no fim do ano passado), a BB DTVM ainda não deu o grande salto que planeja para o mercado internacional. Takahashi explica que, atualmente, o portfólio de investidores estrangeiros da gestora está vinculado a empresas com forte atuação em comércio exterior e que estão estabelecidas em outros países. “São fundos bastante específicos, predominantemente exclusivos, para essas empresas. Tivemos um fluxo importante na medida em que companhias fortemente exportadoras intensificaram suas estratégias no exterior. Isso favoreceu os nossos fundos”, esclarece Takahashi.
O executivo revela que a BB DTVM tem feito, por meio da base de Miami (EUA), um trabalho junto aos investidores estrangeiros do private banking, o que vem rendendo bons frutos de captação de recursos de pessoas físicas. Além disso, a asset segue com a estratégia de estabelecer parcerias de distribuição nos quatro cantos do mundo. Na América Latina, as iniciativas mais adiantadas estão relacionadas aos mercados chileno e colombiano. “A Principal, nossa sócia na previdência aberta [na Brasilprev], tem asset no Chile. Nós já estamos com algumas estratégias em andamento com ela”, afirma Takahashi. Ele diz que em 2010 foi lançado um fundo de renda variável da BB DTVM no Chile que chegou a ter perto de US$ 50 milhões de patrimônio. “No ano passado não fomos tão agressivos na venda por conta da queda da Bolsa. Mas a ideia é retomar os esforços e não ficar só na alta renda, mas também acessar o investidor institucional, como as AFPs”, indica ele, referindo-se aos fundos de pensão chilenos. Na Colômbia, a parceria com a InterBolsa deve ter como meta a distribuição de fundos de renda variável para pessoas físicas. “A estratégia que temos usado em algumas regiões é de primeiro abrir fundos para pessoas físicas. Depois que o produto adquire histórico de performance, um certo volume de captação e uma base mais consolidada, nós partimos para os institucionais”, diz.
E enquanto está à procura de um parceiro no Peru, a gestora busca uma forma de aproveitar a aquisição do Banco Patagônia pelo Banco do Brasil para angariar recursos de investidores argentinos.
Na Ásia, os focos são Japão e Coreia do Sul. No mercado japonês, a BB DTVM já tem uma parceria com a Ace Securities, por meio da qual captou cerca de US$ 100 milhões para um fundo de renda variável voltado ao investidor de varejo. “Estamos selando mais duas parcerias, provavelmente com a Nikko e a Mizuho, e avaliando que tipo de fundos vamos oferecer naquele mercado”, adianta Takahashi. Na Coreia do Sul, a parceira deve ser com a Kimwoo. “Também estamos na fase de maturação do processo de escolha de fundos. Em algum momento, houve mais apetite por renda fixa, que depois migrou para renda variável. Mas agora, pelo nível muito baixo de taxa de juros lá fora, ainda que a nossa esteja diminuindo de forma acelerada, no fim das contas a renda fixa ainda tem um apelo bom”, sinaliza o executivo.
Posições da BB DTVM no Top Asset
1ª no Ranking Geral, com R$ 513.596,90 milhões sob gestão
1ª na gestão de recursos de Fundos de Pensão, com R$ 91.214,81 milhões
1ª na gestão de recursos de RPPS, com R$ 17.513,65 milhões
1ª na gestão de recursos de Investidores Externos, com R$ 18.181,33 milhões
1ª na gestão de recursos de Capitalização, com R$ 5.135,97 milhões
1ª na gestão de recursos de Fdos Públicos/Gov., com R$ 166.251,32 milhões
1ª na gestão de recursos de Middle Market, com R$ 13.713,04 milhões
1ª na gestão de Fundos exclusivos, com R$ 315.297,14 milhões
3ª na gestão de recursos de Previdência Aberta, com R$ 48.740,35 milhões
3ª na gestão de recursos de Corporate, com R$ 36.157,22 milhões
3ª na gestão de recursos de Private, com R$ 27.015,20 milhões
3ª na gestão de recursos de Seguradoras, com R$ 10.682,82 milhões