Indústria de assets em alta | Com recuperação dos mercados, ativo...

Luiz Mário de Farias, da Towers WatsonLuiz Sorge, do BNP Paribas Asset Management BrasilAs maiores gestoras de recursosEdição 255

Os ativos das 500 maiores gestoras de fundos de investimento do globo cresceram 8% em 2012, alcançando a cifra de US$ 68 trilhões, movimento que mais que compensou a queda de 3% verificada em 2011. A pesquisa foi divulgada em novembro passado, e é realizada pela Towers Watson em parceria com a publicação Pensions & Investments. Com o resultado do ano passado, os ativos sob a gestão das assets retomaram os níveis recordes pré-crise de 2007, ao redor dos US$ 69 trilhões, e representam quase o dobro do registrado em 2002.
“A alta de 2012 está relacionada com o forte desempenho dos mercados acionários globais. Olhando para 2013, nós devemos ter uma continuidade desse movimento, porque os mercados globais, principalmente os Estados Unidos, vêm apresentando uma performance muito boa”, pontua Luiz Mário de Farias, chefe da área de investimentos da Towers Watson no Brasil. Após acumular uma alta de 13,3% ao longo de 2012, o S&P 500 apresenta valorização que ultrapassa os 25% em 2013.
Outro dado da pesquisa mostra que as gestoras que têm por trás grandes instituições financeiras permaneceram predominantes no Top 20 do ranking das 500 maiores. Luiz Sorge, CEO do BNP Paribas Asset Management Brasil, aponta duas razões que ajudam a entender a importância de ter por trás da gestora uma instituição financeira tradicional.
“Seguimos os padrões globais de controle do grupo, de processo de investimento e de gestão de risco. Além disso, conseguimos ter uma visão do Brasil de fora para dentro. Quem está aqui acaba tendo um viés mais interno, uma visão de Brasil dentro do Brasil. Nós temos a visão de dentro, mas também com a dos gestores globais”, pondera Sorge. O BNP conta com centros de gestão em aproximadamente 30 países. “Entender o fluxo de capitais ajuda muito na leitura do mercado”.
O grupo BNP Paribas aparece na nona posição do ranking, com US$ 1,303 trilhão sob gestão. A asset do Brasil tem sob sua gestão cerca de R$ 30 bilhões, montante que ficou praticamente estável na comparação com o ano anterior, principalmente por causa das quedas ocorridas tanto nos mercados de renda variável como também nos de renda fixa.
“Com certeza 2014 pode oferecer melhores oportunidades para os investidores. Não posso afirmar que o Ibovespa vai ser melhor que esse ano, mas terão alternativas na renda variável que poderão remunerar bem o capital dos investidores”, prevê Sorge. “Depois de um ano como esse, a chance de ter outro igual é muito difícil. Pode ser que seja um ano pior, ou igual, mas a chance de ser um ano melhor é maior”.
Além dos pontos acima, Farias, da Towers Watson, entende que a própria marca, a imagem de instituições algumas vezes centenárias, mais familiar aos investidores, também contribui na hora da escolha. “Trabalhar com gestores independentes em algumas situações pode ser mais complicado de ser justificado”.

Fundos passivos – Desde 2002, ativos de fundos passivos apresentaram avanço de 13% ao ano, enquanto as 500 maiores gestoras reportaram incremento de 6% em igual base de comparação. Em 2012 o aumento de fundos passivos foi de 12%, revertendo a pequena queda do ano anterior. “Esse resultado mostra a busca dos investidores por produtos que sejam eficientes na questão do custo da gestão. Não faz sentido pagar uma taxa de administração alta para ter um resultado pouco diferenciado quando comparado com a gestão ativa”, pondera o chefe da área de investimentos da Towers Watson no Brasil. “Temos observado que os institucionais têm se tornado muito mais seletivos para definir em quais estratégias vão buscar gestores ativos, para pagar uma taxa de administração mais alta, e quais serão de gestão passiva, para ter eficiência no custo”, acrescenta Farias.
Apesar disso, Sorge, do BNP Paribas, não acredita que os investidores locais devam adentrar com força em fundos passivos no curto prazo, até mesmo por conta do recente histórico complicado vivido pelo principal índice do mercado brasileiro, o Ibovespa. “No mercado global, com a aversão ao risco, talvez tenha acontecido [maior busca por mandatos passivos], mas no mercado local, acho que a procura é muito maior por produtos que gerem alfa sobre os benchmarks do que por produtos indexados”.

Assets brasileiras – A liderança do ranking permaneceu com a BlackRock, que viu seus ativos sob gestão avançarem 7,9% em 2012, para US$ 3,791 trilhões. De acordo com o levantamento, na última década, as gestoras dos Estados Unidos aumentaram sua participação de 42% para 50% entre as 500 maiores, em detrimento principalmente dos japoneses e suíços, que perderam 5% e 4% de suas fatias, respectivamente. Nesse período, gestoras do Canadá e da França tiveram avanço de 2% cada.
A primeira brasileira no ranking é o Banco do Brasil, na 73° colocação, com US$ 216,7 bilhões, seguido pelo Bradesco, na 74°, com US$ 211,9 bilhões. O Itaú aparece na 91°, com US$ 164,7 bilhões, a Caixa Econômica Federal na 127°, com US$ 100,2 bilhões, e a Votorantim na 307°, com US$ 20,4 bilhões.
A Votorantim Asset está fechando uma parceria com a segunda maior gestora global (ver matéria nesta edição), segundo os dados do levantamento da P&I/Towers Watson. O grupo Allianz ficou na segunda posição atrás da BlackRock e acima da Vanguard. O conglomerado alemão, na verdade, detém o controle de duas assets, a Pimco e a Allianz Global Investors, cujos recursos sob gestão somados garantem a segunda posição no ranking geral.
Com a forte apreciação do dólar frente ao real verificada ao longo dos últimos meses, a tendência para a pesquisa referente a 2013, pondera Farias, da Towers Watson, é que as instituições brasileiras acabem perdendo algumas posições.
O que ainda falta para a indústria brasileira de assets ter maior representatividade em escala global, na avaliação de Sorge, é uma exposição maior a ativos internacionais. As assets brasileiras tem aproximadamente R$ 2,4 trilhões em ativos sob gestão, sendo 95% de investidores domésticos que compram ativos locais, e uma parcela já significativa de investidores globais que aplicam em ativos no mercado brasileiro. “O que falta é o investidor local atingir os ativos globais, talvez seja a última fronteira para nossa indústria se tornar totalmente madura”. A exigência da composição de um mesmo bloco com quatro fundações para o investimento no exterior é um ponto, diz o diretor-presidente da asset do BNP Paribas no Brasil, que deveria ser revisto para facilitar essa busca por novas alternativas de investimento.