Fundações aplicam em educação | Gestora IdealInvest estrutura fun...

Edição 230

A Ideal Invest, gestora especializada no setor de educação, quer dar um salto no saldo de seus Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fdics) nos próximos anos. Hoje, o patrimônio dos fundos chega a R$ 250 milhões, e a expectativa é de que chegue a R$ 2 bilhões daqui a cinco anos. 

Para tanto, a asset deu início a um projeto de colocação de ativos junto aos fundos de pensão.
A instituição concede financiamentos a estudantes universitários e estrutura Fidcs a partir dos recebíveis. O início da expansão entre fundos de pensão ocorreu em julho, na sexta emissão, em que os institucionais adquiriram mais da metade da oferta, que totalizou R$ 50 milhões. “Havia dois obstáculos para chegar às fundações. As estruturações tinham um valor relativamente baixo, e o rating, até então, era A+”, enumera o presidente da Ideal, Oliver Minze. Segundo ele, as emissões anteriores tinham volume na casa de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões, o que provocava desinteresse por parte das entidades fechadas de previdência complementar. O executivo lembra que, pela Resolução número 3.792 do Conselho Monetário Nacional (CMN), o investimento de uma fundação só pode corresponder no máximo a 25% das cotas de um Fidc. Além de somar R$ 50 milhões, a sexta rodada recebeu avaliação AA pela Standard & Poor’s. Antes disso, as cotas eram adquiridas apenas por family offices e private banks.
Com um valor mais alto e melhor classificação pela agência de risco, a expectativa é que os institucionais venham a representar metade da meta de colocação total de R$ 2 bilhões. Para conseguir maior receptividade entre as fundações, a gestora foi buscar uma parceria com a Itajubá Investimentos, especializada na distribuição de investimentos alternativos para investidores institucionais. “Também ouvimos muitas sugestões das entidades em relação ao regulamento, prazo e rentabilidade do fundo”, afirma Minze. Os pedidos eram no sentido de aprimorar a transparência e a governança, ampliar os prazos e abrir a possibilidade de a rentabilidade ser lastreada em índices de preços. Atualmente, o Fidc prevê retorno anual de CDI mais 2% ao ano e tem prazo de cinco anos, com carência de um ano e 48 amortizações. “Estamos estudando o que podemos incorporar na próxima emissão. As mensalidades das universidades, de certa forma, seguem o IPCA, então é uma possibilidade que a oferta seja ligada a índice de preços. Além disso, o fundo comporta captações mais longas”, adianta.
Carlos Garcia, diretor da Itajubá, diz que o contrato entre as instituições não tem um prazo de duração definido. “Enquanto ambas estiverem contentes, ele é válido”, resume. Ele acrescenta ainda que o índice de inadimplência da operação é inferior a 3% e que há uma subordinação de 20% das cotas.

Potencial – De acordo com Minze, existem cerca de seis milhões de alunos no ensino superior no País, o que corresponde a 20% da chamada população jovem, entre 18 e 24 anos. Atualmente, fazem parte da rede da credenciada da Ideal Invest 212 faculdades, que somam um milhão de alunos. “Hoje, temos em nosso site cerca de 600 mil alunos cadastrados, interessados no produto, e essa massa vem crescendo”, aponta o executivo. A instituição atingiu a marca de 20 mil alunos financiados e quer chegar a 100 mil nos próximos cinco anos.
O público-alvo da Ideal são as classes C e D. Segundo Mizne, os critérios de seleção de concessão do crédito levam em conta fatores como a qualidade do curso, a chance de determinado aluno ter sucesso na carreira e a faculdade. “Somos uma opção para aqueles que não se encaixam nos critérios de pobreza do governo mas também não podem pagar R$ 1 mil de mensalidade”, completa.
Minze iniciou sua carreira no Banco Garantia. Com a venda para o Credit Suisse, em 1998, montou sua própria gestora em 2001, já focada no setor educacional. “Inicialmente, os Fidcs eram destinados à construção de campus das universidades. Mas à medida que o setor se estruturou, a necessidade de funding foi diminuindo”, relembra.
Em 2004, a empresa recebeu uma injeção de capital de investidores pessoa física, em que entraram para o conselho pessoas como Cláudio Hadad, atualmente integrante do conselho da BM&FBovespa, Álvaro de Souza, atual presidente do conselho da Gol e Patrick Morin, ex-presidente do JP Morgan no Brasil.
Em setembro de 2006, a gestora lançou o crédito universitário Pravaler, linha de negócio que mantém até os dias de hoje. A empresa então considerou que necessitava de mais capital e pessoas com experiência e, no início de 2007, entraram como acionistas o fundo Pragma, dos fundadores da Natura, e a Gávea Investimentos. “Conseguimos atrair um grupo que realmente está comprometido com nosso plano de cinco anos”, comemora Minze.