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Luiz Sorge, do BNP ParibasRecursos sob gestão no Brasil - 30/06/2013Edição 252

Uma das gestoras com maior atuação junto aos investidores institucionais, a BNP Paribas Asset Management, está promovendo uma série de mudanças para se adaptar à saída de Marcelo Giufrida, o executivo que comandou a casa até o final de julho e saiu para montar sua própria empresa de gestão. O comando passou para Luiz Carlos Sorge, que era o diretor responsável pela área comercial e já vinha, na prática, participando há mais de um ano da tomada das principais decisões. Além da promoção de Sorge, a asset trouxe de volta dois profissionais que haviam saído recentemente, Eduardo Yuki e Gilberto Kfouri Jr., e contratou outros cinco novos profissionais para as áreas de análise e gestão.
“Estamos realizando ajustes importantes na equipe, refletindo as mudanças que vive a indústria de fundos e a maior demanda por produtos mais sofisticados”, diz Sorge. A opção encontrada pela asset foi o aumento do tamanho da equipe de analistas e gestores, que passam a ser divididos em três áreas, cada uma delas coordenada por profissionais com larga experiência de mercado e de casa. Além de Yuki e Kfouri, que vão coordenar respectivamente as áreas de análise econômica/engenharia financeira e renda fixa/multimercados, Frederico Tralli passa a ser o coordenador da área de equity (Long and Short e Long Only).
Eduardo Yuki tinha deixado o BNP em abril passado, após 7 anos de casa, para assumir uma posição na Advis Investimentos, retornando agora dentro de uma nova estrutura onde assume a área que abastecerá com análises e informações de cenários todas as outras áreas da casa, independente de suas próprias análises setoriais. Kfouri tinha deixado o BNP Paribas em 2011, após quase 10 anos de casa, e ido para a Schroders cuidar dos fundos multimercados da gestora inglesa. Antes disso, tinha atuado por quase dez anos no antigo CCF, de onde veio a maioria dos membros da equipe da asset do BNP, inclusive o próprio Giufrida e Sorge. Já Frederico Tralli, que está há 7 anos na asset, assume a área de equity.
Além deles, o BNP contratou cinco novos profissionais para atuar nas seguintes áreas: renda fixa, moedas, Long and Short, Long Only e crédito privado. Segundo Sorge, ainda há duas vagas em aberto para analistas de ações, que deverão ser preenchidas nas próximas semanas. “Com as novas aquisições, a equipe ficou mais completa e também mais qualificada”, diz Sorge. Ele explica que o reforço da equipe visa principalmente adequar a gestora à estruturação de novos produtos, mais sofisticados, capazes de atender às novas demandas dos investidores.

Ano dífícil – O novo presidente do BNP Paribas reconhece que o ano de 2013 tem sido muito difícil para o mercado de assets. Com R$ 30,50 bilhões de recursos sob gestão em junho deste ano, segundo dados do ranking Top Asset, a BNP Paribas, registrou redução no volume de recursos de 9,37% no primeiro semestre do ano. Em 12 meses, a asset registra saldo positivo, com aumento de 7,87%. “A redução é explicada por dois motivos, parte pela desvalorização dos ativos, e parte pela migração de opções de maior para menor risco”, explica Sorge.

O executivo acredita que é um movimento verificado por toda a indústria de assets, que sofreu com a forte volatilidade da renda fixa e o fraco desempenho da bolsa brasileira. “Foram raros os índices que conseguiram bater as metas atuariais dos institucionais. Tirando alguns índices do exterior, todos os demais ficaram abaixo”, diz. A asset tem atualmente cerca de R$ 13 bilhões de recursos de institucionais. São aproximadamente 100 clientes de fundações e regimes próprios de previdência, além de algumas seguradoras.
As dificuldades de mercado enfrentadas no período, porém, não explicam as mudanças na estrutura da asset. Sorge explica que a saída de Giufrida foi tranquila e definida por motivações pessoais. Ele e Carlos Calabresi, que também veio do antigo CCF e saiu com ele, estão em fase de montagem de uma nova empresa de gestão. Os dois são figuras bastante conhecidas do mercado financeiro. Além de principal executivo do BNP Paribas, Giufrida foi presidente da Anbima entre 2008 e 2012.

Aquisições – Segundo Sorge, a área de gestão de recursos continua a ser uma das prioridades do BNP Paribas no Brasil. Prova disso, é que além de rearmar a equipe, seu novo presidente diz que tem carta branca para buscar novos negócios e parcerias. “Conversei com os executivos aos quais me reporto e definimos que podemos buscar novas aquisições, joint ventures ou parcerias”, revela Sorge. O executivo não sabe ainda em quais áreas poderiam ocorrer tais negócios, mas não descarta segmentos em que a asset ainda não possui atuação, tais como de fundos estruturados. “Ainda não definimos nada, mas estamos observando as oportunidades, que podem ampliar o leque de produto e opções”, diz o executivo.

Sorge continua se reportando a Louis Bazire, presidente do BNP Paribas no Brasil e responsável global pela América Latina e também para a mexicana Lígia Torres. Ela é a chefe global da área de assets do BNP Paribas para a Ásia-Pacífico e mercados emergentes.
A área de wealth management do BNP Paribas continua sem mudanças em seu comando. O executivo Mauro Rached, que assumiu a direção da área no ano passado, continua no cargo. Segundo especulações do mercado, o grupo estaria tentando vender o negócio de wealth management para outra instituição, mas acabou desistindo. A área é responsável pela gestão de cerca de R$ 8 bilhões em ativos, dos quais aproximadamente a metade são realizados pela própria asset do BNP Paribas.