Edição 293
Um grupo de ex-sócios da XP montou um novo negócio de plataforma aberta para distribuição de produtos do mercado financeiro aos investidores do varejo. Diferentemente do modelo da XP, no entanto, a Warren, nome da plataforma lançada em fevereiro, não terá agentes autônomos para fazer o assessoramento junto aos clientes. A ideia, explica Eduardo Glitz, sócio da Warren e que foi um dos responsáveis pela construção da plataforma da XP, é que a Warren seja uma plataforma intuitiva, solicitando algumas informações do investidor, como idade e objetivos de renda nos próximos anos, como comprar uma casa ou atingir R$ 1 milhão de patrimônio, para que ela mesmo faça a indicação dos produtos mais adequados para o perfil traçado de maneira online. Além de Glitz, os outros sócios da Warren egressos da XP são Marcelo Maisonnave, Tito Gusmão e André Gusmão, Pedro Englert e Rodrigo Grundig.
“Pesquisas apontam que 80% dos investidores do varejo não estão dispostos a ficar procurando o melhor fundo em um universo com 100, 200 produtos. O objetivo do Warren é entender o perfil do cliente, e já alocar automaticamente os recursos sem que ele tenha de procurar por conta própria qual seria o melhor fundo”, explica Glitz. No momento a Warren ainda não trabalha com fundos de terceiros, mas está dentro dos planos incluir produtos de outras casas na plataforma até o final do ano. A XP, ressalta Glitz, foi montada com o foco nos investidores que gostam de buscar por conta os fundos dentro de uma infinidade de opções. “Construímos a XP com essa cabeça, e a Warren é bem diferente, voltada para outra parcela da população que investe no mercado”.
O baixo custo que o investidor tem para aplicar seus recursos por meio da plataforma, com uma taxa de administração de 0,8% para qualquer produto, é uma das estratégias adotadas pela Warren para crescer e ganhar espaço no mercado. Tendo em vista a proposta do modelo de negócio, automatizado e de baixo custo, o sócio da Warren descarta a adoção do modelo de agentes autônomos para a plataforma. “A Warren é uma empresa muito escalável, conseguimos com a mesma estrutura atender 50 mil ou 1 milhão de clientes”, diz Glitz. A intenção da Warren é chegar aos 50 mil clientes até o final do ano; hoje são aproximadamente sete mil. “Com os agentes autônomos o ritmo de crescimento é mais lento, geralmente os escritórios abrem 10 contas por mês, e nós queremos crescer mais rápido que isso”.
Após a saída da XP, entre 2014 e 2015, alguns sócios da Warren, como Maisonnave e Englert, foram morar no Vale do Silício, e o próprio Glitz foi dar uma volta ao mundo para conhecer as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas. Daí vem o foco da empresa em tecnologia como meio e fim para que os investidores possam ter uma experiência auto-suficiente. “Buscamos entender para onde vai a economia global, e com base nisso tentamos nos posicionar no mercado brasileiro”, afirma Glitz.
Holding – Além da Warren, os sócios montaram outros cinco negócios, todos eles incubados dentro de uma holding, voltados para o mercado de serviços financeiros com vistas para as tendências que devem ganhar força e se estabelecer como realidade nos próximos anos.
Compõem a holding uma plataforma de câmbio, que faz a negociação de moedas e remessas online; um sistema de gestão empresarial, conhecido no mercado pela sigla ERP (Enterprise Resource Planning , ou Planejamento dos Recursos da Empresa), pelo qual uma clínica médica, por exemplo, consegue emitir boletos e fazer pagamentos com cartão; e uma outra plataforma digital, de descontos de recebíveis, que busca juntar em um mesmo ambiente investidores e fornecedores de grandes empresas que têm pagamentos a receber das companhias – o fornecedor informa o recebível sob o qual tem direito de recebimento, o prazo do ativo, estabelece a taxa que deseja receber, e os investidores plugados na plataforma fazem as ofertas pelo papel. A holding conta ainda com uma plataforma nos mesmos moldes da anterior, mas que une investidores e startups que precisam de aportes para desenvolver suas operações; e uma seguradora, que ainda está em fase inicial de suas atividades.
Glitz ressalta que os sócios têm analisado a oportunidade de comprar um banco ou uma corretora no mercado, para colocar todos os negócios da holding sob uma única bandeira. “Já temos conversas bem avançadas com alguns bancos e corretoras, e devemos anunciar alguma aquisição nos próximos meses”.