Edição 258
O Banco Fator acaba de promover uma reestruturação nas áreas comercial e de distribuição de produtos e fundos de investimentos. Antes realizada de maneira segregada entre o banco, corretora e a asset (Fator Administração de Recursos – FAR), agora a distribuição conta com uma equipe única, comandada pelo diretor Paulo Fróes. O mesmo acontece com a área comercial, que fica sob o comando de Regina Gama. Os dois diretores respondem para a diretora Maria Francisca Sachs. “Estamos nos adaptando às condições atuais do mercado. A mudança visa a redução de custos, mas também tem o objetivo de aumentar a eficiência do atendimento aos clientes”, diz Fróes.
A principal mudança que afeta os clientes institucionais da asset é a saída de Fernando José, que comandava a área de produtos da FAR. Os três gerentes que atuavam com ele, Gélio Barbosa, Fábia Alves e Lara Zarpellao, continuam na empresa, mas passam a responder para Paulo Fróes. Outra mudança na asset é a saída de Patrícia Stierli, que antes atuava como gestora de renda variável. Agora, ela também vai para o banco na função de diretora de recursos de terceiros. Sua função passou a ser ocupada por Fábio Moser, que acumula também o cargo de diretor executivo da FAR. O responsável pela renda fixa e multimercados continua sendo Marcos Paolozzi.
Com as mudanças, o banco pretende reduzir entre 30% a 40% de seus custos. A redução é gerada não apenas pelo enxugamento de pessoal, mas também pelo corte de custos operacionais. Outra mudança recente foi a saída de Lika Takahashi, nome conhecido do mercado, que era a estrategista da corretora do Fator. “Estamos nos reposicionando no mercado, não somos um banco de crédito, não atuamos muito alavancados. Temos que cuidar para não desequilibrar nosso balanço”, explica Fróes.
Ele reforça que 2013 foi um ano difícil para o mercado financeiro e que 2014 está impondo o mesmo grau de dificuldades para as instituições, principalmente para as de pequeno e médio portes. Para complicar, o ano de 2014 é atípico, pois será mais curto, devido aos eventos da Copa do Mundo e das eleições. Outro banco de médio porte que está promovendo uma reestruturação em sua asset, é o Banco Espírito Santo – BES (ver box). Apesar das diferenças, por ser uma instituição ligada a um banco estrangeiro, e com uma atuação menor junto ao mercado de institucionais, o processo do BES tem algumas semelhanças com a reestruturação do Fator.
Deloitte – O processo de reestruturação do Fator foi definido após o trabalho realizado pela consultoria Deloitte. O Fator contratou a consultoria no ano passado para avaliar a estrutura organizacional da empresa. Apesar do enxugamento de pessoal, a direção do Fator defende que a nova estrutura tem condições de fornecer um melhor atendimento aos clientes. “É uma nova plataforma de distribuição integrada. Tínhamos estruturas em duplicidade que acabavam prejudicando o relacionamento com os clientes”, defende Fróes. Ele lembra que tinha casos em que um mesmo cliente era visitado por dois profissionais do Fator em um curto intervalo de tempo, para oferecer produtos similares.
Na nova estrutura, um mesmo profissional deve oferecer opções de gestão de renda fixa e ações, como uma solução integral para o cliente. “O foco é entender a necessidade de cada cliente antes de sair oferecendo os produtos”, explica o diretor de distribuição.
Ex-Previ – No comando da FAR desde outubro do ano passado, Fábio Moser atuava antes na área de M&A do banco. Ele ingressou no Fator em novembro de 2011, depois de um longo período de atuação como diretor da Previ, o maior fundo de pensão do país. Como ex-dirigente de fundação, Moser acredita no potencial da asset para continuar crescendo no mercado de institucionais. “Temos uma família bem completa tanto de fundos líquidos quanto de private equities voltados para as fundações”, diz Moser.
Ele acredita no potencial dos fundos de participações, que apesar do novo ciclo de subida das taxas dos títulos públicos, podem recuperar a demanda quando os juros voltarem a cair. Segundo dados do ranking Top Asset, a FAR tinha R$ 5,96 bilhões de ativos sob gestão em dezembro de 2013. “Cerca de 70% dos ativos sob gestão são provenientes de fundos de pensão, que são os principais clientes da asset”, diz Moser.
Uma das novidades é o lançamento de um fundo de participações (Fip) com foco em empresas de coleta e tratamento de resíduos sólidos. A asset pretende captar até R$ 400 milhões com foco principal em investidores institucionais. O próprio banco está fazendo um aporte inicial de R$ 30 milhões.
Banco Espírito Santo unifica asset e DTVM
Outra instituição financeira que está passando por processo de reestruturação em sua asset é o Banco Espírito Santo (BES). Sua gestora, a Besaf está em processo de incorporação pela BES DTVM, que é a distribuidora do mesmo grupo. A incorporação já foi aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e agora aguarda aprovação pela Anbima para ser concretizada.
O caso tem diferenças com o processo do Fator, a começar pela ligação com uma instituição estrangeira, o grupo português Espírito Santo. Outra diferença importante é o posicionamento junto aos clientes institucionais, bem menor no caso da Besaf. Segundo dados do ranking Top Asset, a Besaf tinha R$ 844,50 milhões de ativos sob gestão em dezembro de 2013. Desse montante, apenas R$ 2,45 milhões eram provenientes de fundos de pensão.
Por outro lado, ambos os processos têm uma semelhança da unificação das estruturas de distribuição. A Besaf é uma asset relativamente nova, criada em 2011, que estava tentando entrar no mercado de fundos de pensão. Para isso, havia formado uma equipe de peso, comandada por Paulo Werneck, ex-Icatu, e por Luiz Zaratin Soares, ex-Bram. A asset havia fechado um acordo de distribuição com a Fidus Invest, uma distribuidora que atua com foco no mercado de fundos de pensão.
O projeto começou a mudar em meados do ano passado, com a dificuldade de avançar na captação de recursos junto ao público institucional e demais clientes, principalmente, o público private. “O mercado esteve muito complicado em 2013. A indústria captou bem menos que nos anos anteriores, sobretudo junto aos clientes private”, diz Werneck. Já em outubro, o diretor de investimentos e gestor de renda variável, Luiz Roberto Zaratin saiu da Besaf. Em seu lugar, assumiu Bruno Lima, que já fazia parte da equipe da asset. A Fidus também deixou de distribuir os fundos da Besaf.
A partir de novembro, o banco começou a unificação das estruturas da asset e da DTVM. Paulo Werneck foi transferido para a BES DTVM onde passou a ocupar o posto de diretor de investimentos. Outros dois diretores, José Carlos Mendes e Domingos Espírito Santo, ambos da área comercial, dividem o comando da empresa com Werneck. “Não muda muita coisa em termos de equipe. Agora temos uma força de distribuição unificada, mais robusta, que conta com o suporte da equipe de gestão de recursos”, explica Werneck. A motivação básica para a unificação das estruturas foi a redução dos custos. A operação de duas empresas distintas geram custos maiores, ao mesmo tempo, que a escala na gestão dos recursos é menor.
A DTVM passa a distribuir tanto os fundos próprios quanto os produtos de terceiros, que já eram distribuídos anteriormente. “A DTVM já trabalhava com uma plataforma aberta, de advisory, e agora passa a comercializar também os fundos da casa”, explica Werneck. Além da distribuição dos fundos líquidos, o diretor da BES DTVM aposta no crescimento da área de private equity e venture capital. No mês de março passado, a asset lançou um fundo de venture capital, em conjunto com a Microsoft, voltado para aceleração e investimentos em startups e empresas de tecnologia.
“A ideia é ampliar o leque de produtos, como por exemplo, com fundos de venture capital. Temos expertise internacional e atuação local para crescer neste nicho”, afirma Werneck. O gestor lembra que o grupo português realiza a gestão do Espírito Santo Ventures, um fundo com cerca de 750 milhões de Euros sob gestão.