Edição 276
O Banco Modal iniciou em outubro as operações de seu homebroker, o Modalmais, após cerca de dois anos de projeto no forno. O objetivo da nova iniciativa, conta o sócio Rodrigo Puga, é atender diretamente os investidores de varejo, através da oferta de produtos originados pelo próprio banco, tanto na renda fixa, com CDBs, LCIs/LCAs e debêntures, como na renda variável, via fundos de investimento. “Dentro da estratégia do banco fazia sentido ter um canal de distribuição próprio, mesmo porque o varejo já demandava esses produtos, que até então oferecíamos através de terceiros”, comenta o executivo, que antes de atuar no Modalmais trabalhou na criação dos homebrokers Banifinvest e InvestBolsa, da Spinelli.
Embora o mercado de corretagem venha passando por um processo de redução, com o fim das operações da Souza Barros e a venda de uma série de outras casas, a estratégia do Modalmais para se diferenciar no atual ambiente, diz Puga, é ser uma casa multiprodutos, para que o investidor não tenha de buscar outra plataforma para diversificar seu portfólio. “Temos uma visão de mercado um pouco diferente das outras corretoras, que em alguns casos são praticamente monoproduto, e que além disso ainda dependem da disponibilidade dos veículos para que possa distribuí-los, já que elas não fazem a originação”, pontua o especialista.
“No nosso caso, já iniciamos nossa operação com bolsa, Tesouro Direto, mas também com os produtos de renda fixa do Banco Modal”. Nas próxima semanas a expectativa é que a plataforma passe a oferecer os fundos de investimento da Modal Asset, e no início do ano que vem, fundos de terceiros. “Queremos ter os 20 ou 30 melhores fundos do mercado. A ideia é trazer para o mercado de varejo os serviços que já prestamos na área de private, não só em termos de produtos como de taxas”, pondera o sócio do negócio.
Por estar em seus primeiros meses, o homebroker ainda não afetou a demanda do banco na originação de novos produtos, mas Puga acredita que em cerca de dois anos a plataforma terá uma massa de clientes suficiente para trazer algum impacto nas operações do Modal.
Diante de uma poupança que não tem conseguido superar a inflação, o executivo tem notado um intenso movimento de aplicadores tradicionais de caderneta para os títulos públicos do governo através do Tesouro Direto. “Estamos tendo uma demanda muito grande de clientes nesse sentido, que agora tem um motivador importante que é não perder o seu poder de compra”. Em setembro, o programa registrou vendas líquidas de R$ 1,1 bilhão, maior volume mensal desde sua criação em 2002. Os investidores ativos também bateram recorde em setembro, com 12,3 mil investidores, incremento de 320% em bases anuais.
Pelo programa de compras de títulos soberanos ser em geral o primeiro contato do aplicador de poupança com uma classe de investimento mais sofisticada, o homebroker do Modal optou por não cobrar taxa de custódia para o produto. “Com isso não penalizamos o investidor na entrada, e temos a oportunidade de apresentar os outros produtos do banco”. Após aproximadamente um mês no ar, o Modalmais conta com cerca de mil clientes, com uma média de 50 aberturas de contas por dia. A expectativa inicial era alcançar 2,4 mil clientes em doze meses, mas com os bons resultados, Puga acredita que na metade do prazo a meta será preenchida.
Outra iniciativa da nova casa com a qual ela busca se destacar no mercado é não trabalhar com mesas de atendimento aos clientes, mas com gerentes de conta. “Dentro dessa linha optamos por não ter Agentes Autônomos de Investimento (AAI). Queremos ter o domínio completo do relacionamento com o cliente”.