A Ibiuna Investimentos, em meio à pandemia do coronavirus, mantém firmes as apostas em juros e câmbios de seus dois fundos multimercados macro, o Hedge FIC FIM e o Hedge STH FIC FIM, que apesar da crise acumulam ganhos no ano de 5,80% e 9,59% até 15 de maio e no acumulado de 12 meses de 14,15% e 23,91% até a mesma data, respectivamente.Dirigidos por Rodrigo Azevedo e Mário Torós, que se sucederam no comando da diretoria de política monetária do Banco Central entre 2004 e 2009, os dois fundos operam de olho nas políticas monetárias de um conjunto de 32 bancos centrais, com negociações efetivas de juros e moedas em um leque menor que incluem países como Brasil, Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, México, Colômbia e Chile. Embora sem movimentações de ativos, China e Japão também estão frequentemente no radar da gestora. “Damos muita atenção à China e Japão, em razão das dimensões das suas economias, assim como aos países nórdicos, que com grande frequência antecipam as tendências das demais nações europeias”, diz Torós. “Nossa maior exposição, no entanto, é em relação ao Brasil, que responde por algo entre 50% e 70% dos riscos dos multimercados.”
Segundo o executivo, “as estratégias nos nossos multimercados são definidas com base em ciclos de políticas monetárias nos cenários local e externo”. Ele prossegue explicando que “todos sabem que, quando os juros sobem, quem está tomado na curva ganha muito. Mas ganha muito mais quem consegue identificar com antecedência as viradas de ciclos, tarefa que buscamos cumprir no dia a dia.”
Há pouco mais de dois anos, analisando os relatórios de autoridades monetárias e de indicadores macro globais, a Ibiuna concluiu que as principais economias, que vinham se recuperando desde o fim da crise de 2008, começavam a apresentar sinais de desaquecimento. Para evitar um retrocesso no processo de crescimento, os principais bancos centrais teriam de voltar a afrouxar as suas políticas monetárias, por meio de reduções das taxas de juros e medidas de estímulo à liquidez. Torós e Azevedo trataram, então, de providenciar ajustes em seus multimercados. “Acertamos na previsão. Até os Estados Unidos, que chegaram a iniciar um movimento de elevação dos juros no fim de 2018, recuaram em meados do último ano”, assinala Torós. “Grande parte dos retornos de nossos multimercados em 2018 e 2019 vieram em consequência dessa leitura correta.”
Afastado o risco de uma nova recessão, os mercados globais iniciaram 2020 em um clima de euforia. No Brasil, o otimismo se traduziu na firme evolução do Ibovespa, que bateu quase 120 mil pontos no final de janeiro. Mas já em fevereiro, a partir das notícias sobre a expansão do surto do novo coronavírus na China, o clima começou a mudar e a gestora se antecipou passando a reforçar suas posições vendidas em juros e compradas em câmbio em diversos mercados – na mesma linha das estratégias adotadas em 2018, só que com intensidade bem maior.
“Detectamos quedas de 93% nos congestionamentos de trânsito e de 80% no consumo de carvão na China, em razão do lock down imposto pelas autoridades locais para tentar conter o avanço do surto do coronavírus”, conta Torós. “Diante da iminência de uma crise global, providenciamos hedges para as posições dos nossos multimercados na primeira metade de fevereiro. Foi uma decisão providencial, pois na segunda-feira de Carnaval os mercados começaram a desabar.”
Os multimercados da casa estavam protegidos e, no período de março e abril, valorizaram 6,1%. É esse desempenho que o time da casa quer apresentar aos institucionais, que hoje representam 20% do volume sob gestão. Assim que a pandemia começar a arrefecer, Torós quer levar os dois fundos, cujo patrimônio líquido somado é de R$ 6,52 bilhões, ao segmento. “Notamos que os fundos de pensão estão em busca de boas oportunidades com NTNBs mas os melhores multimercados sempre batem o índice IMA-B, a longo prazo”, diz Torós. “Vamos insistir nessa tese, até porque as taxas das NTNs-B já estão ao redor de 5% ao ano, na curva longa, e com perspectivas de alta.”