Asset de private equity desembarca no Brasil | Na visão da gestor...

Edição 270

 

O momento ruim da economia brasileira, se por um lado afasta os investidores mais focados no curto prazo, por outro tem atraído aqueles de horizonte mais dilatado, que estão vindo ao país em busca de boas oportunidades de negócio. Esse é o caso da gestora americana de private equity Global Enviroment Fund (GEF), que tem cerca de US$ 1 bilhão em ativos sob gestão, e que acaba de inaugurar seu escritório em São Paulo. Com sede em Washington, nos Estados Unidos, a GEF também tem presença local na China, na Índia e na África do Sul.
“Em momentos de turbulência como esse que conseguimos fazer bons negócios com uma visão de longo prazo. É um momento oportuno, em que o crédito está muito caro para as empresas, então às vezes faz mais sentido para uma companhia trazer um sócio que ajude seu negócio a crescer”, afirma Alexandre Alvim, diretor executivo da gestora, que veio da Estre Ambiental, empresa de serviços ambientais que trabalha com resíduos e que faz parte do portfólio do BTG Pactual.
As empresas na qual a GEF busca investir têm em comum o fato de estarem em setores que demandam recursos naturais, como energia, infraestrutura, agricultura e reciclagem. Atualmente em seu portfólio há duas brasileiras, a Sanepar e a Neogás, que somam investimentos de aproximadamente R$ 150 milhões. “No Brasil, as áreas de serviços ambientais, lixo, logística e energia são o foco da nossa atuação”, diz Alvim, que na Estre era o responsável pelo processo de geração de combustível a partir do lixo, segmento no qual a gestora americana também tem interesse em atuar no país.
“Entendemos que o Brasil, apesar da turbulência de curto prazo, tem bons fundamentos para o longo prazo. O país ainda tem muita coisa para fazer na parte de serviços ambientais, lixo, tratamento de resíduos e geração de energia, que são as áreas que atuamos”, pondera o executivo. Inicialmente, a GEF chega ao país com R$ 180 milhões comprometidos a serem investidos em companhias brasileiras. “Devemos ampliar essa base ao longo do tempo, mas ainda não temos uma previsão de quando nem como, mas esses R$ 180 milhões já estão disponíveis, e vamos buscar alocar e fazer o investimento no curtíssimo prazo”, fala Alvim.
Nesse primeiro momento da GEF no Brasil, explica Alvim, o foco está mais voltado para a prospecção de negócios e na criação de um pipeline. A ideia é em um segundo momento partir para as conversas com potenciais investidores interessados em aplicar com a GEF. “Temos focado mais na originação e execução dos negócios um pouco mais até do que nas conversas com investidores, mas não que esse não seja um interesse nosso”.

Equipe – “Para fortalecer a presença, e atuar de maneira mais estruturada, é preciso pessoas baseadas na região, que conheçam bem o local, o ambiente de negócio, e que falem a língua”, pontua o diretor. O primeiro investimento da GEF no país foi em 1997, na ALL.
Na Sanepar, o investimento foi feito em 1999, e na Neogás, em 2008. A expectativa é que o primeiro aporte desta nova fase seja realizado entre o final de 2015 e o primeiro semestre do ano que vem. “Não tem nada fechado ainda, mas estamos desenvolvendo um pipeline, principalmente na parte de serviços ambientais, que tem muita oportunidade no Brasil”.
No escritório de São Paulo, localizado na Avenida Paulista, além de Alvim, fazem parte da equipe o venezuelano Anibal Wadih, que era sócio da Canepa Management, onde era o responsável pelos negócios na América Latina. A equipe local conta ainda com Derek Beaty, que veio da GEF de Washington, onde estava desde 2008, e com os brasileiros Gabriel Siqueira, ex-Santander, e Mario Mafud, ex-Indusval.