Aliança com gigante global | Votorantim fecha parceria para distr...

Sabine Bettzuche, da Allianz Global Investors e da Robert Van Dijk Votorantim Asset ManagementEdição 255

De olho nos investimentos dos fundos de pensão brasileiros que começam a aplicar recursos no exterior, as assets que atuam no mercado doméstico estão estabelecendo parcerias com gestores globais. O caso mais recente e emblemático é o da Votorantim Asset Management (Vam) que fechou uma parceria para distribuir os fundos da gigante Allianz Global Investors, que tem atualmente 314 bilhões de Euros sob gestão em dezenas de mercados ao redor do mundo.

O caso não é isolado. Em setembro, a SulAmérica Investimentos anunciou um acordo semelhante com a Pantheon, uma asset global especializada em fundos de private equity. Há também o caso de uma consultoria, a PPS Portfólio Performance, do consultor Everaldo Guedes França, que estabeleceu uma parceria com a Meketa Investment, uma consultoria americana especializada em fundos de pensão (ver box), para selecionar fundos de gestores externos para as fundações brasileiras.
A Votorantim e a Allianz Global fecharam um acordo de exclusividade mútua para o segmento de investidores institucionais. Para os clientes de previdência fechada e aberta, a Vam será a única empresa a oferecer os produtos da Allianz Global no Brasil. Por outro lado, a asset brasileira não terá outros acordos similares com outros gestores do mercado externo. Para os demais clientes, como family offices e private, o acordo não prevê a exclusividade.
“O Brasil é um mercado importante no atual contexto global. Faz tempo que planejávamos atuar no mercado brasileiro e agora foi possível concretizar o projeto a partir da parceria com a Votorantim”, diz a gerente da Allianz Global Investors, Sabine Bettzuche, responsável pela área de serviços a clientes da América Latina e Caribe. A executiva esteve no Brasil na segunda quinzena de novembro para finalizar os detalhes do acordo com a VAM e já começou a apresentar os fundos e soluções para as fundações e consultores brasileiros.
Inicialmente, as duas assets estão apresentando três fundos de investimentos da Allianz. Um deles é o Concentra, um dos mais antigos da asset, que aloca prioritariamente em ações de empresas alemãs. O fundo existe desde 1956 e tem patrimônio líquido de 2,25 bilhões de Euros. O outro fundo é o Europe Equity Growth, que existe desde 1997, e tem foco na seleção de ações com valor depreciado em relação ao potencial de crescimento das empresas. O terceiro é o Global Sustainability, que existe desde 1999, e tem foco em ações de empresas com boas práticas de sustentabilidade.
“Estamos começando com as três opções, mas a grade da Allianz tem centenas de fundos de diversas características e mercados”, diz o diretor geral da Votorantim Asset Management, Robert Van Dijk. A asset planeja constituir um fundo local, tipo feeder, para captar recursos dos clientes institucionais a partir de meados de 2014. Por sua vez, o feeder vai alocar as aplicações no fundos da Allianz. “Vamos aproveitar o movimento das fundações que estão começando a alocar recursos no mercado internacional”, diz Van Dijk. Ele acredita que as fundações devem preferir os fundos de renda variável no exterior em uma primeira etapa, e mais adiante devem começar a diversificar para outras opções como private equity e hedge funds.
Soluções para institucionais – Mais além da oferta de alguns fundos específicos, a parceria da Vam com a Allianz tem o objetivo de apresentar soluções customizadas para os fundos de pensão. “Nós preferimos prover soluções aos clientes ao invés de simplesmente vender produtos”, diz Sabine. A gerente para a América Latina da Allianz explica que a ideia é oferecer serviços como de ALM, controle de risco e até consultoria para os fundos de pensão. “Queremos trazer nossa expertise desenvolvida com os fundos de pensão da Europa e dos Estados Unidos, não apenas para a diversificação das aplicações, mas também em termos de liability management”, diz a executiva.
Com experiência em mercados como o chileno e o peruano, a executiva da Allianz recomenda que os fundos de pensão brasileiros devem começar a aplicar de 1% a 2% do patrimônio no exterior. É uma alocação baixa mas que servirá ganhar experiência nos mercados internacionais. “O mercado de fundos de pensão peruanos é um exemplo interessante, pois também não contava com nenhuma exposição no exterior até poucos anos atrás. Agora já podem investir até 20% do patrimônio em mercados internacionais”, diz Sabine.
Para Roberto Van Dijk, o acesso às bolsas internacionais permite a diversificação para setores da economia que não estão representados na BM&FBovespa. “Não há empresas listadas na bolsa brasileira em diversos setores da economia, sem falar no problema de falta de liquidez de várias ações”, diz o executivo da Vam. Para ele, os fundos da Allianz permitem a diversificação para setores com boas oportunidades de ganho, como tecnologia e saúde, além de permitir a adoção de estratégias diversificadas como small caps, growth, valor, entre outras.
O presidente da Vam esclarece, porém, que a parceria com a Allianz se restringe até o momento, a um acordo pontual para a distribuição de fundos de investimentos e soluções para o mercado brasileiro. Questionado se a parceria poderia avançar para uma participação da Allianz no controle da Vam, ele responde: “o que o futuro vai nos reservar não saberia dizer, mas no momento a resposta é não. Não estamos conversando sobre isso”, diz.
O grupo Allianz controla a maior seguradora da Europa e também mantém uma operação antiga no Brasil, desde 1904, mas que estava concentrada no ramo segurador. Já no ano passado, uma outra empresa de asset controlada pelo grupo, a Pimco, instalou uma operação própria, com abertura de um escritório no Rio de Janeiro. Agora é a vez da Allianz Global Investors, que é a outra marca do grupo que atua no setor de gestão de recursos. Juntas a Pimco e a Allianz Global Investors tinham US$ 2,44 trilhões de recursos sob gestão em dezembro de 2012, segundo dados da consultoria Towers Watson (ver matéria nesta edição). Na época, o grupo ocupava a segunda posição no ranking global de assets, atrás apenas da gigante BlackRock.
Outras parcerias – O caso da Vam com a Allianz não é único no mercado brasileiro. Nos últimos meses, algumas outras parcerias similares têm sido anunciadas, como por exemplo, da SulAmérica Investimentos com a Pantheon. A parceria irá resultar em um fundo local que será constituído para aplicar recursos em produtos de private equity internacionais. A Pantheon é uma asset especializada neste tipo de fundo – atualmente possui cerca de R$ 57 bilhões de recursos sob gestão. Neste caso, o público-alvo também é o mercado de fundos de pensão brasileiros.
Outro caso similar, noticiado recentemente pela Investidor Institucional, é o da Mongeral Aegon Investimentos, uma asset constituída em meados deste ano, que já começa com uma parceria com a Transamerica Asset Management (Tam). Ainda em fase inicial, a parceria também visa a constituição de um fundo local para aplicar recursos em fundos de investimentos sob gestão da Tam, que é uma asset que atua prioritariamente no mercado americano.

PPS fecha parceria com consultoria americana Meketa

A tendência de parcerias não se restringe às assets. Também as consultorias de investimentos estão se movimentando nessa direção. É o caso da PPS Portfolio Performance que estabeleceu uma parceria com a americana Meketa Investment Group.
“Estamos orgulhosos em formar uma parceria com a PPS no Brasil. Acreditamos que o trabalho com Everaldo França e sua equipe irá combinar as potencialidades das duas consultorias para desenvolver novas oportunidades de investimentos para nossos clientes”, diz Jim Meketa, fundador da consultoria, que existe desde 1978. A empresa tem hoje cerca de 90 clientes, a maioria fundos de pensão, que possuem no total, um patrimônio de cerca de US$ 600 bilhões.
“A ideia é que a Meketa nos ajude a selecionar gestores externos que podem ser acessados pelos fundos de pensão locais”, explica Everaldo Guedes França, principal sócio da PPS. Ele prevê a seleção inicial de pelo menos três gestores de renda variável. Mais adiante, podem ser selecionados outros gestores de private equity. A primeira asset selecionada pela parceria é a Principal Group, que no Brasil, tem uma participação na asset Claritas.