A hora de ampliar o foco em clientes institucionais | Gestora ini...

Edição 230

Bastante conhecida por conta de sua atuação junto ao investidor pessoa física, a XP Gestão de Recursos, braço de asset management da XP Investimentos, está se dedicando à conquista do segmento institucional. Atualmente, a asset conta com 18 clientes institucionais, que junto com os distribuidores são responsáveis por 21% do volume total sob os cuidados da gestora. O patrimônio total da XP Gestão ultrapassa os R$ 816 milhões, entre fundos abertos e exclusivos.

Para aumentar sua atuação junto a fundos de pensão, regimes próprios de previdência social (RPPS) seguradoras e distribuidores, a asset acaba de contratar Rachel Melki. Com 15 anos de trabalho no mercado financeiro, Rachel passou por instituições como Bank of America e Citibank, ficou por mais de quatro anos na Gap e estava na Opus Investimentos quando recebeu o convite da XP. “Minha missão é levar o nome da XP Gestão para o investidor institucional”, resume ela, reforçando que estão considerados nesse nicho, além das fundações e dos institutos de estados e municípios, as companhias de seguro e os distribuidores. Rachel adianta que a ideia é montar uma equipe de atendimento ao segmento, sendo que uma pessoa já está para ser contratada para ajudá-la. Ela também contará com a ajuda de Lucas Braga, que fica na unidade da XP em Porto Alegre e já tem um relacionamento com institutos de previdência de estados e municípios.
Os clientes institucionais que a XP Gestão tem atualmente chegaram de forma praticamente passiva, sem um grande esforço comercial da asset junto ao segmento. Agora, a ideia é de fato fazer um trabalho dedicado a esses investidores, uma vez que a asset já se sente pronta para atendê-los. “Já estamos com tudo estruturado: controles de risco, compliance e gestão. Temos bons resultados e o que faltava era sair para vender”, considera Rachel.
André Vainer, sócio-diretor da XP Gestão de Recursos, lembra que a asset não tinha urgência para captar junto aos institucionais porque tem um passivo bastante pulverizado. A gestora conta com mais de 15 mil cotistas. “Nossa atuação no varejo nos garante uma descentralização do passivo. Por outro lado, já temos toda a estrutura necessária e um bom histórico. Não vemos porque não entrar no segmento institucional”, completa o executivo. Um dos produtos que a gestora vai trabalhar junto aos institucionais é o Investor FIA. Com patrimônio da ordem de R$ 190 milhões, o fundo de ações teve rentabilidade de 52,92% nos últimos 36 meses, diante de uma variação de 1,46% do Ibovespa no mesmo período. “Este é um fundo de valor, fundamentalista. Temos o Ibovespa como benchmark porque somos remunerados por performance, mas não seguimos o índice e tendemos a não ficar posicionados em large caps. Somos mais focados em midcaps”, descreve Vainer. Ele acrescenta que a carteira do Investor FIA é composta por algo em torno de 10 a 13 ativos, já que a ideia é conhecer a fundo cada empresa do portfólio, inclusive com visitas às instalações. “Mesmo porque, se colocamos um percentual muito baixo do patrimônio em um ativo, o impacto acaba sendo muito pequeno. Dado o alto nível das nossas convicções, não faz sentido ter posições de 1% ou 2% do fundo. Nós investimos tempo naquilo em que conseguimos nos diferenciar”, define o executivo. O Investor FIA é aderente às Resoluções número 3.792 (fundos de pensão) e 3.922 (RPPS) do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Multimercados e crédito – Outro carro-chefe da asset é o XP Long Short, um multimercado com patrimônio da ordem de R$ 80 milhões. Lançado em março do ano passado, o produto acumula rentabilidade de 20,16% desde então, contra um Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) de 16,34% para o período. Vainer explica que trata-se de um long and short neutro que, no caso das fundações, se encaixa no segmento de investimentos estruturados, cujo limite estipulado pela CMN 3.792 é de 10% dos recursos das entidades. “Esse fundo está crescendo bastante. No fechamento de julho, tinha R$ 56 milhões, e um mês depois estava com quase R$ 80 milhões”, aponta ele.
O executivo revela ainda que os multimercados podem ganhar mais espaço na prateleira da gestora, assim como produtos de renda fixa. Um passo nesse sentido foi dado com o lançamento do XO Investor Crédito Privado, em novembro de 2009. Hoje o fundo supera R$ 140 milhões em patrimônio. “Não temos pressa, mas temos conversado sobre a possibilidade de dar um foco maior do que o que temos hoje às áreas de multimercados e crédito privado. O importante é que isso será feito seguindo a filosofia da empresa, de só investir naquilo em que temos convicção”, defende Vainer.