Edição 226
Após sofrer perdas em 2008 e iniciar um processo de fusão no ano seguinte, a Mauá Sekular está disposta a tirar da gaveta os planos de oferecer fundos voltados para clientes institucionais. A expectativa é que até o meio do ano estejam formatados dois produtos direcionados para os fundos de pensão nacionais.
A Mauá já planejava montar produtos que atendessem a esses clientes desde 2009, ainda antes da união com a Sekular. No entanto, as conversas para realizar a fusão entre as casas, iniciadas em julho e efetivadas em outubro daquele ano, adiaram os planos. “Toda fusão traz elementos de incerteza, tanto para o mercado como internamente”, explica Fábio Vidigal, sócio da gestora. Dessa forma, 2010 foi um ano dedicado para a nova asset afinar objetivos. De acordo com o sócio Luiz Fernando Figueiredo, esses novos fundos serão importantes neste ano para estabelecer um relacionamento mais estreito com as fundações. “O trabalho será no sentido de criar história e track record, para que se perceba que há unidade na gestora”, declara.
A Mauá Sekular também está com planos para atrair investimentos dos fundos de pensão norte-americanos, com um terceiro sócio, José César Tourinho, baseado nos Estados Unidos. Figueiredo e Vidigal dizem que já estão em andamento conversas constantes com esses investidores para formatar um fundo fechado dedicado a eles, com investimentos principalmente na renda fixa e no mercado acionário brasileiro. “Esse é um tipo de investidor que ainda está tateando o mercado brasileiro, e queremos estar dentro desse processo”, afirma Figueiredo.
Histórico – Após um longo período de reestruturação, a Mauá Sekular espera encerrar o ano com um patrimônio administrado acima da casa do US$ 1 bilhão, ante um total aproximado atual de US$ 600 milhões. A gestora não alcança esse volume desde o primeiro semestre de 2008, quando viu seu patrimônio sob administração sofrer uma forte redução, de US$ 1,2 bilhão para US$ 400 milhões. “Sofremos com a crise financeira antes do mercado, que veio sentir seus efeitos apenas no segundo semestre daquele ano. Isso nos possibilitou enfrentar a pior parte da turbulência já com uma estrutura melhor”, lembra Figueiredo.
Em meio a esse processo, Figueiredo, ex-diretor do Banco Central, se uniu à Sekular, fundada no início de 2009 por João César Tourinho, ex-vice- presidente do Safra, Fernando Beda, ex-sócio do Itaú BBA, e o próprio Vidigal, vindo do Itaú, onde era diretor responsável pela área comercial do private bank. A Mauá uniu sua especialização em gestão de fundos com o foco da Sekular em wealth management e estruturação de operações de crédito, e o patrimônio total chegou a cerca de US$ 900 milhões. Em 2010, por conta do processo de fusão, a asset optou por manter uma gestão mais conservadora e chegou ao início deste ano com US$ 600 milhões.