Itaú globaliza custódia | Com parceiros internacionais, área do b...

Edição 214

Muitos dizem que as crises são momentos de grande aprendizado. No caso da diretoria de Soluções para o Mercado de Capitais do Itaú Unibanco, a crise financeira internacional foi um período também de preparar a casa para quando a bonança chegasse. Em 2007, quando a turbulência nos mercados ainda começava a dar sinais de que estava para acontecer, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a instrução número 450, que passou a permitir que fundos multimercados aplicassem até 20% de seu patrimônio em ativos no exterior.Logo que a norma saiu, os gestores brasileiros se animaram com a possibilidade que se abria, mas ainda não tinham muita ideia de como essas operações se dariam – onde e em que tipo de ativo em investir eram algumas dúvidas que pairavam no ar. Pouco depois, a crise começou a mostrar suas garras, e qualquer plano de investimento lá fora foi suspenso.“Houve um período em que o investimento no exterior saiu da pauta do mercado. Mas nós já tínhamos em mente que essas aplicações eram algo que viria para ficar assim que acabasse todo esse processo de crise. O interessante é que nós aproveitamos bastante esse tempo em que o assunto saiu de foco para conversar bastante quais eram as necessidades dos clientes, em que eles queriam investir e em quais mercados.Chegamos também a ir lá para fora para entender o funcionamento de outros mercados e conversar com as pessoas, porque muita coisa é diferente. Aqui, por exemplo, existe a precificação diária, e lá não”, comenta Luciano Magalhães, superintendente de Custódia e Clearing Services do Itaú Unibanco.As viagens para outros países serviram para que essa área do banco conversasse também com custodiantes que vieram a se tornar seus parceiros. Isso porque o Itaú Unibanco, que já atuava como sub- custodiante para fundos de fora que investem no Brasil, passou a trabalhar também na direção contrária. “Paramos para pensar: com quem queremos nos relacionar lá fora? Idealmente, tem que ser alguém com capilaridade, ou seja, os global providers. É preciso que haja um entendimento, por parte deste provedor, dos mercados em que se pretende atuar, sob o ponto de vista de clearing house, liquidação e precificação, e até de temas mais complexos, como o lado fiscal”, descreve Ricardo Soares, diretor de Soluções para o Mercado de Capitais do Itaú Unibanco.Ele conta que uma primeira ação do banco foi estabelecer contato, conversar e até mesmo dar uma olhada em quem são esses global providers – além de como o relacionamento se daria. Hoje, há cerca de quatro ou cinco parceiros internacionais, entre custodiantes “puros” e prime brokers, com quem a área de custódia e clearing do Itaú Unibanco trabalha. “Nossa ideia é não deixar o número de parceiros crescer muito, porque custa caro abrir relacionamento com vários. Toda vez que isso acontece, é necessário um investimento em tecnologia e em capacitação de pessoas aqui e do outro lado para entendimento do modelo operacional. Não é tão simples”, argumenta Soares.
Preferencial – Há cerca de um ano e meio, a área de custódia e clearing do Itaú Unibanco selou uma parceria “especial” com um desses players, cujo nome não foi revelado pelos executivos. “Nossa ideia foi estabelecer um provedor preferencial. Então fizemos uma seleção, conversamos, discutimos preço e decidimos que a nossa preferência seria para esse tal provedor porque, no nosso entendimento, ele é o melhor habilitado. Por outro lado, podemos trabalhar com outros que estejam no mesmo patamar, mas que eventualmente não vão ter o mesmo nível de preço ou de outras condições”, ressalva Soares. O executivo completa que, a partir do momento em que o cliente fala sobre uma operação no exterior, é informado de que existe esse “custodiante preferencial”. “Mas a vontade do cliente também é respeitada, inclusive porque muitos deles também são, eles próprios, provedores desse serviço lá fora. Existem alguns conflitos dessa natureza”, aponta.Para o executivo, o estabelecimento de parcerias como esta traz vantagens como o bom funcionamento da parte tecnológica, “que é tão importante nesse tipo de serviço”, a rapidez e os fluxos mais definitivos que acabam sendo montados e a implementação de um processo operacional capaz de suportar um grande volume de operações. “Os dois lados entendem que esse é um mercado que vai crescer e estão apostando nessa oportunidade”, resume o executivo.Para Luciano Magalhães, além disso, ter parceiros lá fora também ajuda a conhecer um pouco mais sobre o funcionamento de outros mercados.“Com um parceiro dessa magnitude, que tenha penetração nos mercados de interesse dos nossos clientes, nós conseguimos fazer com que eles nos dêem consultoria sobre como cada mercado funciona. E nós temos a necessidade de dar esse suporte para os nossos clientes.”