Aditus desfaz contrato com RiskOffice | Prisão do empresário Arth...

A Aditus Consultoria Financeira, empresa que em meados de 2016 adquiriu a RiskOffice da sua controladora RO Participações, do empresário carioca Arthur Pinheiro Machado, está denunciando o contrato. Com isso, os clientes que já passaram para a base da Aditus Consultoria continuam com ela e aqueles que ainda permaneciam ligados à antiga empresa, que representam cerca de vinte fundos de pensão, terão três meses para abrir licitação e escolher uma nova consultoria. Durante esse período continuam sendo atendidos pela Aditus.
A denúncia é baseada em uma cláusula do contrato de compra de 2016 que prevê, em caso de envolvimento de qualquer das partes com operações ilícitas, a possibilidade de pedido de anulação do contrato por parte da outra parte. A prisão de Arthur Pinheiro Machado e Patrícia Iriarte no âmbito da Operação Rizoma, deflagrada em abril pela Força-Tarefa da Lava-Jato do Rio de Janeiro, foi o motivo do pedido de distrato por parte da Aditus Consultoria, segundo o consultor da empresa, Guilherme Benites.
O escritório Machado Leite e Bueno Advogados, que cuida dos interesses de Arthur Pinheiro Machado e Patrícia Iriarte para assuntos societários, disse que seu cliente não iria se manifestar sobre o pedido. “Nós temos ciência da solicitação do Distrato mas não vamos comentar neste momento pois ainda estamos avaliando a melhor forma de conduzir o assunto”, afirmou por email o advogado Leonardo Pimentel Bueno, do Machado Leite e Bueno Advogados.
Arthur e Patrícia chegaram a ser presos mas ambos conseguiram mandatos de segurança para responder aos processos em liberdade. Patrícia Iridarte era diretora financeira da RiskOffice, que em setembro do ano passado passou a chamar-se Aditus Assessoria e Sistemas, continuando nessa empresa como responsável por administrar o recebimento dos pagamentos feitos pela Aditus Consultoria. Também fazem parte da diretoria dessa empresa Leonardo Bortoloto e Roberto Masaishi, da Aditus Consultoria.
Segundo Benites, a Aditus Sistemas é uma empresa cuja única finalidade era receber os fluxos de pagamentos feitos pela Aditus Consultoria, relativos à compra de 2016. Esses pagamentos estavam programados para acontecer ao longo de três anos e à medida em que fossem sendo feitos a primeira iria transferindo para a segunda os contratos dos clientes. No limite, quando os pagamentos estivessem totalmente concluídos, a Aditus Sistemas teria transferido todos os clientes e deixaria de existir. A participação de Patrícia Iridarte no cargo de diretora financeira era uma forma de garantir que esses fluxos financeiros seriam efetivamente transferidos de uma para a outra, diz Benites.
“O negócio foi feito com o objetivo de migrar, em três anos, todos os clientes da RiskOffice para a Aditus”, explica Benites. “Os pagamentos estavam sendo feitos normalmente, mas o que houve prejudicou bastante a imagem da RiskOffice e achamos por bem encerrar o negócio”. Ainda de acordo com ele, “nunca tivemos nenhum vínculo societário nem com a RiskOffice nem com seus controladores, mas apenas um vínculo comercial com ambos”.
De acordo com ele, dos cerca de 50 fundos de pensão que vieram para a Aditus Consultoria com a compra da RiskOffice em 2016, cerca de 60% já foram efetivamente transferidos até o presente e restam cerca de 40% ainda vinculados à Aditus Sistemas. Esses 40% dos contratos, que correspondem a aproximadamente 20 clientes, não serão transferidos. “Esses clientes não virão mais para nós porque suspendemos os pagamentos para a Aditus Sistemas após a denúncia do contrato, então também não estamos cobrando pagamentos deles. Mas mesmo sem cobrar continuamos a atendê-los, não podemos deixá-los na mão, porém demos um prazo de três meses para eles realizarem licitação e escolherem uma nova consultoria”, explica Benites.
A Aditus Consultoria, segundo Benites, irá participar das concorrências a serem abertas por esses clientes ainda vinculados à Aditus Sistemas, ex RiskOffice. A consultoria acredita que pode ganhar uma boa parte desses clientes, principalmente fundos de pensão. “Temos excelente relacionamento com todos eles”, explica Benites.
Segundo ele, a denúncia do contrato com a RO Participações já foi formalizada e inclusive comunicada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula as atividades das consultorias. Na opinião de Benites, o parecer da CVM deve sair durante o mês de junho.