Edição 133
Os investidores brasileiros não tinham, até o momento, nenhum levantamento mais preciso sobre o mercado das corretoras de valores, que servisse como indicador da atuação segmentada de cada uma. Não tinham! Consciente dessa lacuna, e no objetivo de tornar os mercados de investimento cada vez mais transparentes, Investidor Institucional fez uma pesquisa entre as corretoras para obter delas as informações necessárias à elaboração de um ranking do setor, ao qual demos o nome de Top Broker.
É o primeiro levantamento sobre a segmentação do mercado das corretoras, e como tal não se pretende completo. Do total de 109 corretoras que atuam no mercado, algumas das quais voltadas especificamente a atender às ordens do próprio grupo, 32 responderam ao nosso questionário com informações sobre suas operações na Bovespa e BM&F. Essas 32 corretoras, embora representem quas e30% do número de corretoras pesquisadas, representam 62,3% do volume de negócios na Bovespa (ver quadro).
Dito de outra forma, embora o número das corretoras que responderam à pesquisa represente menos de um terço do total, o volume que elas movimentam representa quase dois terços do mercado. É com base nesse respaldo, representativo das corretoras mais significativas em termos de volumes operados, que consideramos o ranking Top Broker representativo.
Acreditamos que o trabalho que estamos iniciando com este ranking poderá ser aperfeiçoado nas próximas edições, com a inclusão de maior número de corretoras e o aprimoramento de alguns critérios. É sempre assim, quando se faz um trabalho pioneiro. Foi assim cinco anos atrás, quando publicamos o primeiro ranking Top Asset, hoje em sua 11ª edição e transformado na principal referência do mercado de gestão de recursos de terceiros. Foi assim também há dois anos, quando publicamos o primeiro ranking Top Atuarial, hoje a melhor referência para se conhecer o mercado das fundações fechadas. Não seria diferente com a publicação desse primeiro ranking do mercado das corretoras, destinado ele também a tornar-se a referência do setor.
Acreditamos que a resistência de algumas corretoras em fornecer as informações solicitadas se deva ao fato de o mercado estar atravessando uma fase bastante ruim, que na verdade já dura anos. Apenas para se ter uma idéia, o índice Ibovespa caiu 10,72% no ano de 2000, 11,02% em 2001, 17,01% em 2002 e no acumulado de 2003, até 26 de março, registrava uma queda de 0,55% segundo informações da empresa Economática. São dados nada animadores, principalmente ao se levar em conta que os volumes também declinaram ao longo desses anos, oscilando hoje entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões, dependendo do humor do mercado. No ano passado oscilou nos mesmos intervalos, muito longe dos volumes superiores a R$ 1 bilhão registrados nos anos 1997 e 1998, por exemplo.
O trabalho que a atual diretoria da Bovespa vem fazendo, no sentido de divulgar as bolsas de valores como uma opção de investimentos também para os pequenos investidores, talvez seja a saída para compensar o afastamento dos investidores estrangeiros que se notou nos últimos anos. De quebra, essa política de popularização dos investimentos acionários poderá dar ao mercado uma estabilidade muito maior, uma vez que esses investidores são menos propensos a emitir ordens de compra e venda ao sabor dos humores do momento. Em outras palavras, são investidores menos especulativos.
No consolidado que estamos publicando, que reflete a posição das corretoras no acumulado de 2002, as 109 corretoras movimentaram R$ 273,74 bilhões. Esses dados foram obtidos através de consulta aos relatórios enviados pela Bovespa às corretoras, ao qual tivemos acesso. Também extraímos desses relatórios os movimentos globais e por mercados de cada corretora que não respondeu nosso questionário, dando ao leitor da nossa publicação uma visão completa do mercado. Não consta na linha dessas corretoras, entretanto, as informações sobre tipo de corretora (discount, research ou completa), nome do principal executivo, local e telefone, assim como não consta a segmentação por tipo de clientes. Essas informações estão disponíveis apenas para as corretoras que enviaram as informações.
Do total de R$ 273,74 bilhões movimentados pelo total de 109 corretoras no ano passado, as 32 corretoras que responderam movimentaram R$ 170,63 bilhões.
Desse total, as ordens dos fundos de pensão fechados representaram R$ 6,68 bilhões, das entidades de previdência aberta R$ 2,29 bilhões, das seguradoras R$ 909,36 milhões, das tesourarias R$ 31,33 bilhões das assets R$ 44,90 bilhões, das pessoas físicas R$ 24,49 bilhões, de investidores estrangeiros R$ 35,15 bilhões e outros (entre os quais o grande volume é de pessoas jurídicas não financeiras, que por um lapso acabou não sendo incluído na pesquisa) R$ 24,85 bilhões (ver quadro).